Angel
Hoje era aniversário de Carl, Elina como disse queria preparar algo diferente para ele, desde a morta sua irmã, nada tinha sido feito, então ela pensou em muitas coisas e claro, pediu opinião para mim em tudo. Sabíamos que Carl não era muito fã de doces nem coisa do tipo, mas Elina queria nos levar para um lugar aonde ela sempre ia a sós com Carl. Não me revelou qual era, e agora estou no mercado esperando minha vez para pagar os preparos do bolo que íamos fazer. Carl estava junto a Conan, falou que iria com ele na galeria que iria comigo há dois dias e não fomos por estamos brigados, para falar verdade ainda não nos falamos realmente bem, olhares foram trocados e palavras mínimas, sei que ainda está chateado pelo que disse para ele, foi realmente muito pesado e insensível da minha parte. Hoje na escola foi muito ruim, Miguel e Fernanda não foram muito menos Carl, fiquei sozinha e agradeço muito, muito Jonathan e Augustos não ter implicado comigo, o tempo estava voando, daqui vinte e três dias irei participar da minha primeira consulta, não é bem uma, mas irei para roda de apoio, não sei bem se conseguirei compartilhar coisas tão íntimas minhas com outras pessoas que não conheço. No entanto, será uma etapa boa, e como eu disse não os conheço, isso por um lado é bom.
— Obrigada — seguro as sacolas nos meus braços e caminho para a rua, a neve de Londres nem chega a cobrir o chão, mas mesmo assim a chuvinha incessante e demasiada linda caí à cima de mim. Estou alegre, confesso, estou ansiosa em participar da roda de apoio, é um passo para minha cura, por mim, acho estranho o doutor não ter achado nenhum risco da bulimia, sei que se eu tiver essa doença, posso demorar mais ainda no hospital, e seriamente, não quero.
— Elina, cheguei — a mulher de cabelos negros me encara e sorri.
— Espero que Carl goste do bolo — sorriu pegando a bolsa da minha mão.
— Irei para a biblioteca da escola daqui a pouco, quer uma ajuda? — encaro toda a bagunça que a cozinha se encontra e ouço um suspiro dela.
— Não obrigado — uma pausa — eu me viro, pode ir à biblioteca, bons estudos. — Parece nervosa, sorrio e subo as escadas para pegar uma blusa mais quente e no caminho para o guarda roupa, ouço a voz de Carl no andar de baixo, ele sabia que hoje sairíamos e que ele teria um bolo, Elina não quis fazer surpresa nenhuma, acha que ele já está bem velhinho para tal coisa. Descendo as escadas pude presenciar as raras e uma das inúmeras conversas que tinham que eram raras justamente por não haver gritos, era apenas uma conversa.
— Eu irei dormir no Conan dia sete, tudo bem para você? — não há uma resposta de imediato, um silêncio se estala no lugar e só é cortado pelo homem de jaqueta enorme entrando pela porta.
— Tudo bem — apareço à cozinha e Elina tem seus olhos em contato com Carl.
— Irá sair? — a voz de Daniel atrás de mim faz ambos nos olhar. Suspiro colocando minhas mãos nos bolsos.
— Irei sim, vou à biblioteca da escola antes que feche, preciso de alguns livros emprestados — digo.
— Tome cuidado, há um assassino a solta. — Por que de alguma forma essa notícia me fez congelar e fez meu coração palpitar tão rápido que pude sentir um desconforto no peito? Como não passou no noticiário? Talvez porque é raro eu sentar para assistir tevê a não ser para ver minhas séries. Minha respiração desregulou de um momento para o outro e tento manter a calma enquanto recebo seus olhares.
— Não acha melhor pegar seus livros depois? — Elina franze seu semblante, queria, mas não poderia.
— Entraremos em concelho, teremos cinco dias em casa, preciso mesmo dos livros e a única biblioteca perto está do outro lado da cidade — torço os lábios. Carl me olha e Elina começa:
— Carl, por que não a acompanha? — me olha nos fundos dos olhos ainda, como se procurasse algo a mais, me olha de um jeito diferente até, acho que decide se vai ou não levar em seu carro uma acusadora de assassinato perante a sua parte. Observo os adultos a minha volta, por que a necessidade dele ir comigo, posso andar só.
— Vamos — sua voz saiu extremamente fria, rude e séria, já era de se esperar e isso me causa medo, por que pelas minhas palavras de dois dias atrás, podemos voltar ao mesmo patamar, de meses atrás. Suspiro, sei que sem ele não poderei ir, preciso da companhia de um homem, segundo meu pai pelo que vejo.
Enquanto o carro tenta andar pela pequena estrada de neve eu e Carl escutamos um estilo de música diferente do que costumávamos escutar, pelo menos eu, o seu perfume está entrando no profundo dos meus sentidos, o que me faz deseja-lo agora mesmo, queria encostar-se a seus lábios e sentir o quente de sua boca, o sabor, seu gosto. Então quando o carro parou no estacionamento da escola, saltei para seu colo sentindo sua mão invadir minhas madeixas castanhas, enquanto as minhas mãos se apoiavam nos seus ombros, só queria acabar com aquele branco entre nós, não queria estar mal com ele, é como estar mal comigo mesma. Enquanto os acordes do violão paravam me separo da sua boca, seus olhos encontram os meus e nossas respirações estão desregular.
— Vamos pegar seus livros — não sei se o sorriso que liberou depois foi por também querer acabar com o clima ruim, mas espero que sim, só não espero que acabar com o clima ruim, seja não estar chateado, sei que ainda está.
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Destinados - Um Começo Para O Fim - Livro 1
RomanceUma menina apaixonada pela arte, ama ler e adora se perder em universos de personagens fictícios. Espalha gentileza por onde passa, mas o que as pessoas não sabem é que por trás de cada sorriso existe um lágrima pesada, de culpa e de medo. Angel per...