~126~

160 15 0
                                    

Angel Cooper

    Carl e eu estávamos deitados na grama de um morro, a olhar o por do sol, enquanto a música da festa está de fundo.
   — Que lindo! — ouço de sua boca, olho para o mesmo que me olha de lado e sorri. — Nossos pais se casaram — diz, tomou um semblante sem expressões, boca numa linha reta, sobrancelhas relaxadas e pensativo — nossa formatura é daqui alguns dias, não acredito que enfim vou me formar, iremos — sorriu pequeno — faculdade — o vejo pensar alto no seu futuro, faculdade, é tão bom saber que está se esforçando. Isso não irei fazer nem tão cedo e pensar nisso já me deixa triste, não quero pensar assim. Não quero estragar esse momento.
   — Irá me visitar, né? — ele abre um largo sorriso.
   — Toda semana — parece feliz em saber que estou realmente me esforçando — quero que saiba que todas essas recaídas, pesadelos, medos, choros, cada vômito — fez cara de nojo e damos risadas — vai valer a pena quando sair de lá.
   — Se não conseguir?
   — É forte, vai conseguir, sempre consegue — nos olhamos por um bom minuto até ouvir aplausos. — Estão indo! — levantamos nos limpando da grama e corremos segurando a mão um do outro, rimos com os tropeços e enfim chegamos, sendo avistados por todos na nossa situação a correr, Elina sorri largo, e sorrimos para ela.
   — Enfim, passaremos apenas uma semana, qualquer coisa nos ligue — nos diz.
   — Somos pré adultos mãe, sabemos nos cuidar, até parece que iremos interromper a lua de mel — da uma piscadela a Daniel que gargalha.
   — Juízo crianças — nos abraçamos e logo ouvimos os gritos e aplausos de todos.

   De volta pra casa deixo o vento forte levar meus cabelos para trás, Carl dirige calmo pelas ruas, até que não havia bebido na festa! Não tanto, Conan e eu nos divertimos a rir de Carl e seus primos, conheci as irmãs de Conan e são lindas, divertidas, era um rapaz bom. Tiro os saltos ao entrar em casa e subo na companhia do rapaz, ambos calados, cada um para seu quarto, sozinhos novamente. Me livro do vestido e vou ao box do banheiro, preciso de um banho frio.

  Me deito à cama e sinto meu corpo relaxar, o dia foi cansativo e isso me faz pegar no sono logo.

   "Oi Angel, é na verdade eu espiava sua vida, pois tinha muito ciúmes de quem estava perto, principalmente aquele seu namoradinho traficante, eu ainda te vigio Angel, não ache que deixei os velhos hábitos. Não pense que está sozinha, estou aqui.

Estou aqui, estou aqui!

   — Me deixa Lucas! — grito dando passos para trás, vendo que naquela sala escura não há parede, não há porta, só há uma luz refletindo no rosto do homem a minha frente que tem um sorriso diabólico
   — Nunca vou te deixar, deixar, deixar".

    — Ah! — levanto rápido da cama sentindo meus pés doer pelo contato frio do chão.
   — Oi Angel! — vendo isso, a minha visão fica turva, sinto meu corpo ir caindo e apenas ouço de fundo meu nome ser chamado.

Carl

    Estou a compor quando percebo a voz de Angel, não sei do que se trata, mas com certeza está a ter pesadelos.
   — Me deixa Lucas! — ouvindo isso confuso levanto, quando estou no corredor a ver a menina, se levanta tão rápido que seu corpo cai de imediato ao chão.
   — Angel!!! — está a ter convulsão, droga! Tento a ajudar para que não bata a cabeça enquanto puxo meu celular e tento ligar para emergência.


    Estou sentado no hospital, minhas pernas mexem tanto que as pessoas que estavam comigo no banco se afastaram, espero o médico me dizer o que aconteceu com Angel, são meia noite, quase 01 da manhã e nunca me senti tão nervoso e ansioso. Meus pensamentos repletos de "porquês", do nome que citou. Lembro da investigação e do quanto isso mexeu com ela.

    Quando me deu concepção de que poderia ir a ver, vou às pressas a seu quarto, vendo que está consciente.
   — Angel o que houve? — digo a vendo olhar o teto.
    — Estava lá Carl! — Começa e vejo suas lágrimas nos seus olhos — Lucas estava na minha frente — me olhou nos olhos.
   — Teve uma convulsão droga! O médico disse que foi motivo de estresse e medo — parece nas nuvens, a olhar tudo ao redor.
    — Foi real! Muito real.
    — Angel — a mesma me olhou — foi um pesadelo, precisa esquecer, vamos para casa, durma e descanse.
   — E se ele voltar? — passo a mão nos meus cabelos impaciente a olha-la.
   — Não vai, sinto muito, mas Lucas está morto, vamos voltar, foi apenas um pesadelo.

   Depois de muito tempo na observação, estávamos dentro do carro, noto o quanto está pensativa, não diz uma só palavra desde o hospital, está apenas no seu mundo a só, nem prestou atenção no que disse antes de entramos no carro, também não a iria perturbar, sei o quão difícil é para ela tudo isso vindo a tona de uma vez só, a fez mal, ficaria também se estivesse em seu lugar.

Angel

    Enquanto estou entretida nos meus pensamentos, longe da terra, minha atenção vai ao celular que toca ao meu lado, se trata do de Carl.
    — Sim? — Carl mantém seu olhar sobre o lugar que estacionou o carro, olho para a casa e por mais que queira ir, vou o esperar, porque tenho medo — hurum... Okay... Sim estarei... Claro. — Assim que o smartphone é desligado Carl me olha, suspira e joga a cabeça para trás.
   — Você e-está bem? — percebo o tremor que minha voz sai e o mesmo olha para mim. Carl sai do carro e faço o mesmo, vejo-o deitado sobre seus braços encima do automóvel, fico sem reação alguma, não sei como agir, tampouco sei por que está agindo assim, está um pouco frio e uma leve garoa cai sobre nós, me abraço e apenas olho o garoto a minha frente.
  Caminhei em passos lentos ouvindo as folhas se esmagar debaixo dos meus sapatos, passo uma das minhas mãos em volta do seu tronco, Carl levanta seu olhar e me olha, segura com suas mãos gélidas minhas bochechas e minha pele se arrepia, o mesmo me olha nos olhos e torce os lábios, cansaço é visível, o olhar torturante do mesmo me deixa intrigada, há algo que ele não me contou ou quer me contar. Carl suspira pesado antes de colocar a mão atrás da minha nuca e me puxar para um abraço. Quando afasta seu peitoral do meu rosto e caminha para a casa a nossa frente, suspiro e vou atrás. Um choque invade minhas bochechas e meu corpo quando a temperatura quente se bate com meu corpo frio, o mesmo pega seu celular subindo as escadas e antes de dormir decido fazer um chá.

    Subindo para o andar do meu quarto, escuto uma voz abafada e creio eu que seja ele a falar no telefone, me preocupa quem quer que seja que fale do outro lado, aliás ficou tão estranho. Suspiro, entro no meu quarto vendo ele jogar o smartphone encima da minha cama e caminhar apressado até mim, suas mãos foram com urgência ao meu quadril puxando para si, um pequeno gemido sai da minha boca em surpresa e o mesmo me beija ferozmente, sua língua adentra minha boca num ato imediato, sua mão percorre meu corpo por completo, as minhas puxam seus cabelos que estão maiores desde que o conheci, esse foi o maior comprimento que ele conseguiu deixar, Carl me coloca sobre a cama e desce seus beijos para meu pescoço parando ali, quando percebo o que se passa meu coração quebra, minha alma dói, meus olhos enchem de lagrimas, minhas entranhas se apertam e meu corpo fraco descansa sobre o macio do colchão, um soluço é ouvido junto ao suspiro alto, minhas mãos pousam no seu cabelo e chora, molha meu pescoço e minha blusa, ele faz isso como se estivesse pronto a muito tempo, mas não havia oportunidade, coloca suas emoções para fora sobre meu ombro e o aperto mais a mim. Seus soluços são altos, no entanto não ligo, apenas quero que se sinta confortavelmente bem. Carl aperta minha cintura e nos afasta me olhando com olhos vermelhos e boca entre abertas.
   — Me desculpe — sua voz soa rouca, baixa, grave e tortuosa, Carl abaixa seu olhar e suspira alto. Levo minhas mãos a seu cabelo o afastando da sua testa, minhas mãos deslizam para baixo passando pela sua bochecha limpando o resíduos de lágrimas, passo meus dedos sobre seus lábios inchados e afundo meus dedos onde sei que há covinhas, seus olhos verdes me fita e não evito sorrir para confortar-lo, não sei o que se passa.
    — Não há nada para pedir desculpas amor. — Carl esta colado a mim, mas seu peso está sendo sustentado por seus braços, uma de suas mãos me agarram pelas costas, me deita com cuidado e logo vem ao meu lado, se deitando junto a mim.

Por que desculpas?

Destinados - Um Começo Para O Fim - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora