Entrando no quarto segurei na mala, mil pensamentos na minha cabeça rondam em torno de: o que meu pai tem para me falar? Isso é horrível, por que simplesmente ele me ligou para me dizer disso sem nem mesmo dizer nada? Só me deixa mais ansiosa e aflita e não preparada para o que vem? O que é? Um irmão? Minha mãe está viva depois de anos? Elina está grávida? Não, não é isso, ele não estaria tão triste como estava na ligação, então o que é? Me pego a chorar enquanto coloco as roupas na mala, me sento na cama e cubro meus olhos ardentes pelas lágrimas, se Carl não estivesse aqui eu já havia gritado, então choro silenciosamente enquanto começo a remoer a carne da minha boca.
Depois de tudo pronto saio do quarto descendo as escadas e esperando Carl, me sento na poltrona, e minhas pernas estão nervosas a batucar o chão, depois me levanto e vou a cozinha procurar alguma coisa para comer, encontro torradas e isso ajuda, começo a mastigar enquanto penso no que pode ser que Daniel está me esperando para dizer pessoalmente. Será que é tão grave que quer me confortar? Não confia em Carl para isso?
— Vamos? — sobre salto com a voz do rapaz e quebro todas as torradas que estavam na minha mão sentindo uma dor fraca na região das cicatrizes que eu fiz a minutos antes.
— Sim.Sentada naquela poltrona, faltava alguns minutos para o avião decolar, Carl lê um livro, não sei de quem é e nem do que se trata, e eu nem mesmo me importei em saber ou perguntar, estou entretida pela palpitação no peito que sinto, respirar fundo não adianta e a dor intercala entre meu peito e minhas costas, isso me faz me mexer muito na cadeira tentando achar uma posição em vão, para melhorar a dor. Tentando desviar meus pensamentos da dor e de Daniel começo a pensar em como Carl mudou desde que saiu de Londres. Mas ele precisamente não deve ter mudado, eu só não o conhecia o bastante para julgar ele disso e daquilo. Não sei o que posso falar dos beijos que demos, porém sei que é errado, mas errado ainda é nos desculpar, só devemos pedir desculpas a alguém, quando sabemos que não iremos fazer de novo. Mas eis a questão, eu e Carl iremos fazer de novo? Ele pode ter mudado seu conceito sobre mim, me ajudou e criou uma "amizade", mas também, pode continuar a ser o Carl frio sem sentimentos e que ignora a todos. Chora à noite e tem recaída que o faz beber até desmaiar ou dormir até o dia seguinte. Por mais que eu pense que o conheço, não o conheço, Carl pode ter outra personalidade. É um homem misterioso, guarda tudo para si, ele pode ter me mostrado apenas um lado dele, dois dos lados, o frio, misterioso e que não está nem ai para ninguém e o gentil e doce, por mais que o primeiro lado reine nele. Apenas quero que ele, continue tendo algum contato comigo.
— Senhores passageiros, coloquem o cinto de segurança a aeronave ira decolar — aperto o cinto sobre minha cintura e me aconchego na poltrona não querendo olhar para fora, é a segunda vez que ando de avião e confesso que não tenho os melhores pensamentos sobre isso.Ao pousar nas terras inglesas pegamos nossas bagagens, Carl foi em busca de seu carro enquanto eu fiquei a espera do mesmo na porta do aeroporto.
— Com Licença, você sabe qual ônibus devo pegar para Doncaster? — um rapaz de olhos verdes e cabelos pretinhos me abordou.
— Não, sinto muito — digo baixo e o mesmo suspira.
— Angel — a voz de Carl e ouvida e o olho, seus olhos estão no rapaz ao meu lado, parece o encarar como se visse sua alma, não diferente do rapaz que também o encara.
— Carl pode ajudar o rapaz? — digo caminhando até ele parando ao seu lado.
— Você sabe qual ônibus devo pegar para Doncaster? — poderíamos muito bem dar uma carona para ele, afinal estamos indo ao mesmo destino, porém, ele é um estranho e não sabemos o que pode ser capaz. Enquanto Carl ficou lá dando informações, caminhei para o carro deixando minhas malas no banco de trás, suspiro, falta agora só mais um hora para estar em casa, pegar meu notebook, relatar no meu diário minha viagem, e me preparar psicologicamente para a próxima etapa da minha vida, a escola daqui um mês e uma semana. Depois de Carl dar as informações para o rapaz entrou no seu carro o ligando e saindo do aeroporto. O caminho estava sendo tedioso, Carl não trocou palavras comigo, estava com uma leve desesperança de continuarmos conversando iguais os últimos dias, mas parece que nossa conversa foi algo que talvez, não dure muito, foi apenas no momento. O rádio é ligado e nele passa uma música qualquer que eu não conheço, já Carl canta ao som do Rock e os vidros são abaixados fazendo meus cabelos voar.
— Fala sério — tento controlar a tempestade de fios enquanto Carl ri de mim. Seus cabelos voam para trás, já os meus longos, para todos os lados.
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Destinados - Um Começo Para O Fim - Livro 1
RomantikUma menina apaixonada pela arte, ama ler e adora se perder em universos de personagens fictícios. Espalha gentileza por onde passa, mas o que as pessoas não sabem é que por trás de cada sorriso existe um lágrima pesada, de culpa e de medo. Angel per...