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   Suas carícias nunca de foram, mesmo quando já estava dentro de mim, conforme seus movimentos vão aumentando sinto que meu corpo é tomado pelo prazer, seus gemidos baixos já estão presentes enquanto sinto a sua respiração bater no meu pescoço, cada toque mais suave a cada aperto mais forte, só quero que continue por mais tempo preenchida por ele, não quero que saía daqui tão rápido. Me olha por um tempo antes de seus olhos fechar, sinto como meu corpo está a amolecer e como seus movimentos aumentam e cessam devagar, nossas respirações estão longe de se regular, mas nunca deixamos nossos olhos, ainda ouvimos Elina nos avisar que estava saindo com papai.


***

     Saindo do banho, vejo que Carl caminhar em minha direção com seus cabelos molhados com um balde de pipoca, ponho meu pijama com a cara dos personagens de 'hora de aventura', Carl gargalha de mim um bom bocado enquanto procura um filme no Netflix e arrumo meu cabelo. Enquanto hidrato a pele para deitar meu celular vibra e o pego para ver que é uma mensagem de Miguel, depois de o responder me deito junto ao Carl. Amanhã eu e ele iríamos para mais uma roda de apoio, nem acredito que falta apenas dois meses para o casamento de Elina e que meu vestido já está comprado. Tenho medo que por ser uma semana especial caía em uma recaída igual o natal, igual a algumas semanas e meses, sei que é inevitável, mas eu não quero ter esse tipo de negatividade comigo. Abraço seu tronco olhando a televisão para ver que colocou alguma série.

"Angel querida, a mamãe já está indo"
   

     Pela manhã acordei e Carl não estava ao meu lado, lembro do dia anterior e como o sol estava lindo, hoje parece que o seu brilho o cansou, pois o céu estava nublado e opaco, não reclamo, o dia continuou lindo, no chão tinha indício de chuva e jogando a preguiça para fora do meu corpo, fui ao banheiro fazer a minha higiene completa.

   Já no andar de baixo, ouço o falatório de Elina e Daniel. Quando entro na cozinha recebo três olhares super, mega preocupados, Carl está a mesa calado e parece pensativo a me olhar.
   — Oi querida, você está bem? — Elina vem em minha direção e sem entender eu a abraço.
   — Claro, por que não estaria? E por que estão me olhando com essas caras? — solto uma risada e ainda confusa me sento a mesa.
   — Você não lembra? — Daniel me encarou.
   — De que? — digo de boca cheia por torradas.
   — Teve um ataque de pânico enquanto dormia, ontem — Carl começa e meu sorriso bobo se foi, pois eu não lembro de ter tido um ataque de pânico, aliás, nem acordei.
   — Chegamos em casa e estava aos gritos, gritava por sua mãe, dizia para não ir embora enquanto agarrava aos braços de Carl, chorava e pedia perdão. — Não me vem a cabeça nada, além de uma voz me dizendo palavras que para mim estão misturadas, apenas me lembro de um preto e que sim, agarrei os braços de alguém.
   — M-Me desculpem, eu, não me lembro. — Sinto a mão de meu pai no meu ombro.
   — Coma em paz, não se preocupe. Daqui alguns minutos sairão, precisa ficar com a cabeça fria. Para se sentir leve. — Sorri pequeno para meu pai que se levantou. — Tenham uma boa manhã — cumprimentou Elina com um beijo a testa igualmente comigo, apertou a mão de Carl e se retirou, perdendo totalmente meu apetite não quis continuar com o pequeno almoço, apenas respiro fundo com meus olhos fechados, quero apenas manter a calma dos meus pensamentos e não os forçar para lembrar de algo na noite anterior.
   — Vamos? — Carl inicia e mordo meus lábios, estava confiante ontem sobre ir hoje e não só ouvir, também falar, mas, agora desanimei.
   — Sim — me levanto. — Bom dia Elina — vou para o andar de cima, no quarto depois de lavar meus dentes pego numa blusa de frio encarando meu semblante no espelho, visto uma calça jeans azul normal, com uma t-shirt amarelinha por baixo da blusa  de frio cinza e preto, ponho meus sapatos e desço as escadas passando pela sala direto para fora, Carl já está no carro a me esperar e olhar para ele era algo difícil. Me sento no carro e não evito suspirar alto e passar a mão no meu rosto, sinto que põe sua mão sobre minha perna e não o olho, apenas encaro as marcas de unhas em seu braço.
   — Te fiz isso?— Seguro no seu braço e o mesmo o puxa para si.
   — Fez, mas está tudo...
   — Não, Carl não está, te machuquei e não me lembro de nada que aconteceu! — percebo que por algum motivo minha voz estava alterada demais.
   — Angel, calma! — Me encara — não precisa se estressar, você está passando por processo de mudança e seu corpo está sentindo isso, as recaídas, os pesadelos, os seus  ataques são consequências. Mas não precisa se alterar, todos sabemos como está sendo difícil para você, assim como é para mim, lidar com meu próprio emocional. Há coisas que eu ainda não engoli e uma ferida que nunca cicatriza.

   Há coisas que eu ainda não engoli e a ferida que nunca cicatriza.

Destinados - Um Começo Para O Fim - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora