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   Angel 

  Carl levanta soltando um grande suspiro e pega suas malas a arrastando enquanto anda ao portão três, sigo o mesmo no trajeto até o avião. Quando entramos guardamos nossas malas e sentamos em nossas poltronas, Carl pegou um espécie de. Crochê?
   — Uou! Você sabe fazer crochê! — não foi uma pergunta, na verdade falei mais para mim do que para ele, e isso era uma curiosidade boa e que eu sempre quis aprender.
   — Sim — o olho e ele me olha nos olhos me fazendo desviar para o que estava fazendo — minha mãe me ensinou — sorri, mas logo meu sorriso vai embora lembrando o que eu poderia ter aprendido com minha mãe. Encosto minha cabeça e apenas espero.
   — Senhores o avião já irá decolar, por favor coloquem o cinto de segurança — uma aeromoça sorridente nos avisou enquanto passava e aperto bem o cinto em volta de mim. Se minha mãe estivesse aqui, viva, estaria em casa com meu pai, estaríamos agora rindo de algum filme ou minha mãe estaria no seu trabalho com pinturas, ela amava o que fazia era tudo bem feito, às vezes ela fazia desenhos para mim colorir, sempre que chegava da escolinha ela estava lá com meu pai, parecendo dois adolescentes, tomando uma taça de vinho enquanto ouvia uma boa música de rock clássico ou mesmo jazz enquanto a casa estava calma e a risada de ambos preenchia o lugar, eu era feliz ali, eu não ligava para as dores que sentia sobre as humilhações que passava no jardim de infância, quando ela sorria era meu remédio, quando dava meu beijo de boa noite e um de bom dia depois do café quando saía, as tardes divertidas com papai no fim de semana quando ela chegava no final de tarde e ele saia, nossos filmes e brincadeiras de bonecas. Ela não parecia nunca que estava ficando mais velha a cada dia que eu crescia, ela era uma nova criança sempre que abria aquele sorriso e me pegava no colo fazendo cócegas em mim. Depois que ela se foi tudo ficou preto no meu mundo, quando eu chegava da escola meu pai estava no sofá com bebidas ao redor ou até mesmo ele não estava lá, estava trabalhando para que tenhamos uma boa vida e um bom futuro para mim, eu ficava sozinha e com minhas dores das humilhações, agora do ensino fundamental, não havia mais as músicas do Elvis Presley tocando de fundo enquanto sua risada era alta no apartamento, era simplesmente um grande nada e um vazio imenso. Meu pai deixou de sorrir, deixou de brincar deixou de ver a vida colorida, consequentemente ele esqueceu de uma boa parte da minha vida também, eu cresci numa mudança drástica do que era felicidade para o que era a perda de alguém, descobri cedo como era perder uma parte do quebra cabeças, tudo ficava sem graça.

    — Angel — sinto meu corpo balançar e abro meus olhos aos poucos, tenho a visão de iris verdes — chegamos — o tempo passou rápido eu simplesmente tinha apagado tudo aquilo ao meu redor e pensado apenas no meu passado até dormir. Pego minha bagagem e acompanho Carl portão a fora daquele aeroporto, o mesmo chamou um táxi mostrando o endereço da casa que íamos ficar, não me disse nada porque essa viagem e nem onde ficaríamos, só falou para fazer as malas. No entanto não irei perguntar nada é nesse momento que eu queria falar sobre um assunto até chegamos, mas ele é fechado no canto e parecia muito bem com isso. Na verdade, eu nunca tive amigos apenas Lucas então sou acostumada com a solidão e o vazio dela, mas achei que quando meu pai disse que eu teria um "irmão" alguma coisa iria mudar, sinceramente nada mudou parece que piorou mais.

   O táxi parou na frente de um grande muro de pedras, uma grande floresta por trás dele e não se via mais nada. Carl pagou o motorista e saímos, andamos um pouco e no meio das árvores foi surgindo uma estradinha que descia, enquanto Carl ia na frente eu olhava de um lado para o outro, um barulho de água foi ouvido o que me fez fechar os olhos um pouco e parar no caminho admirando o barulho da natureza, acho que vou gostar daqui. Quando descemos mais um pouco a vista é maravilhosa, havia uma casa no meio das árvores e na frente dela havia um grande lago, talvez tivesse mais coisas por ali, pois o lugar é enorme. Nem parecia o Havaí. Não que eu já tenha vindo, porém, é diferente da televisão.

  Quando entramos na casa é bem organizada parece uma casa de praia havia coisas de madeiras, madeira moderna, na verdade era tudo de madeira, tinha poltronas na sala de madeira com acentos fofos e uma televisão seguido de um sofá enorme marrom escuro combinando com o marrom claro da madeira do chão e da parede, a cozinha era a única que não contia madeira, mas era bem moderna, na minha frente havia uma escada enorme que levava ao andar de cima e por trás da escada tinha um corredor com três portas. Uma lareira estava na sala embaixo da tevê pendurada na parede, no chão tinha um tapete preto que dava um contraste, tudo bem aconchegante.

  Carl pediu para que eu o acompanhasse para o andar de cima que me mostraria meu quarto, no andar de cima havia quatro portas, Carl abriu uma porta para mim e disse que o quarto dele era o último do corredor, entro no lindo lugar me jogando na cama olhando para o teto. O quarto também era de madeira! Com móveis de madeira escura e uma cama no meio do mesmo, ao meu lado esquerdo tem uma cômoda seguido de uma porta enorme com cortinas que na minha intuição aquilo é uma varanda, na minha frente uma pequena televisão e ao meu lado uma penteadeira, ao lado direito da mesma uma porta e ao lado esquerdo a porta de saída. A casa é grande para uma família, aconchegante e acolhedora, me sinto numa casa da árvore moderna. Depois de arrumar as minhas roupas na cômoda tomei um banho colocando um dos poucos vestidos que tenho, era um florido curto. Desço vendo o rapaz na cozinha preparando algo, chego perto e ele está cortando tomates.
   — Quer ajuda? — vejo que me olha de soslaio.
   — Não obrigado — acaba por cortar o dedo e chamar por maldições, balanço minha cabeça negativamente e o olho ir deixar o dedo por baixo da água.
    — Não precisa mesmo? — corto o restante dos tomates o vendo me olhar.
    — Se não tivesse me atrapalhado não havia cortado o dedo — cruzo meus braços ao olhar.
   — Não atrapalhei, você que não sabe cortar direito — ia dizer algo, pois abriu sua boca, mas logo a fechou e respirou fundo. Depois de o ajudar com o almoço barra jantar, já que a viagem foi longa e cansativa, era começo da noite, subi novamente para o quarto e segurei no caderno de desenhos que eu havia trago e logo em seguida numa boneca. Mamãe me ensinou a desenhar e com o tempo fui aperfeiçoando, os desenhos não eram lindos, mas eram alguma coisa.

Destinados - Um Começo Para O Fim - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora