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Angel

  Estava no sofá de casa, hoje o dia esta frio e bem antojo, Carl estava a dormir, Elina havia ido trabalhar e desde a horrível sensação que eu tive mais cedo não havia pregado meus olhos, estava sentada com o lençol jogado em mim, assistia um desenho animado e meu estômago reclamava de dores, se iria comer? Queria, mas estava sem o apetite. Olhando o relógio faltavam poucos minutos para a aula.

  Não iria hoje, estou sem nenhuma vontade de sair, estou sem vontade para nada, apenas de ficar quieta com a mente vazia a ver besteiras. Suspiro e levanto do meu canto caminhando para a cozinha, com a mão no estômago abro a geladeira para ver apenas o que preciso. Água, seguro um pequeno saquinho de chá e coloco a água ao fogo. Um chá de camomila irá melhorar tudo. Quando me viro para voltar à sala, na porta há um Carl, de cabelos extremamente bagunçados, olhos vermelhos, inchados e descalços.
  — Tem o bastante para dois? — sorri pequeno para mim e caminho para perto dele, me envolve com seus braços e deixo que o quente do conforto leve meus olhos a fechar.
  — Pensei que odiasse camomila — ouço um pequeno riso.
  — Odeio, mas abro uma exceção para acompanhar você — o olho.
  — O que quer de aniversário? — lembro que faltam apenas três dias.
  — Tendo vocês ao meu lado. Está ótimo — sorriu pequeno.
  — Gosta de bolos? — girou os olhos.
  — Não curto muito os doces — suspiro.
  — Deixa de ser chato — deito minha cabeça no seu ombro.
  — Gosto — sussurra. Sorri para ele ouvindo o chá estar pronto, despejo o líquido em duas xícaras e ouço seu bocejo — está assistindo desenho animado?
  — Esperando às séries começarem. Esses meses estão sendo tão corrido, que nem coloquei às séries em dia — me sento a sua frente.
  — Mais tarde — dá uma pausa e parece pensativo, me olhou e passou a mão no rosto antes de levar a xícara à sua boca e fazer uma careta, dou uma risada e me olha com sobrancelhas franzidas — vamos a uma galeria comigo? — olho em seus olhos e vejo o quão honesto está sendo seu pedido, parece ansioso e receoso.
  — Irá ver alguma vaga para suas pinturas? — deu uma pequena risada.
  — Você insiste que eu mostre minhas artes — respira fundo. — Não irei vender ou gravar algum álbum, faço porque gosto e não vejo vontade de ganhar fama com esse trabalho.
  — Eu aceito ir, mas só acho que, um talento tão lindo não poderia passar despercebido.
  — Gar... — a campainha toca. Levanto-me caminhando até a porta a abrindo para ver o homem que eu havia esquecido completamente.
  — Fui à escola, mas você não estava — sua voz grave ecoou nos meus ouvidos.
  — Para falar a verdade, havia se esquecido de você — torço os lábios.
  — Posso? — que falta de educação a minha.
  — Claro — dou espaço para ele passar — pensava que só iria à tarde.
  — É eu iria, mas achei melhor te dar as notícias rápido. Podemos ter uma conversa aqui mesmo? — Carl aparece na beira da porta e olha para nós com suas mãos nos bolsos da sua calça — gostaria que fosse a sós, por favor — suspiro e Carl me olhava desaprovando a proposta do Sr. William
  — Carl pode nos dar licença, por favor? — por um longo período se olharam e ele resolveu subir o primeiro degrau
  — Qualquer coisa estarei lá encima — me olha antes de subir as escadas.
  — Okay, obrigada — assim que o rapaz sumiu, engoli em seco olhando o homem a minha frente — bom, vamos para a cozinha? — abro um sorriso pequeno e sem dentes.
  — Obrigado.
  — Aceita um café, um chá ou água? — vamos entrando e me viro para ele.
  — Não obrigado.
  — Então se sente, por favor — me sento a sua frente e sua maleta é colocada na mesa, com um suspiro longo, segura uma grande papelada e fotos.
  — Investigamos mais afundo a vida de Lucas e achamos muitas coisas, mais fotos, um diário de anotações, e sua verdadeira identidade — observo as coisas na mesa, muitos papéis estão sendo colocados em pilhas organizadas.
  — Como assim, identidade? — segura em um último papel de cima de uma pilha de papéis e me entrega, conforme começa a falar, leio.
  — Seu nome verdadeiro era Robert Kensky, ele traficava para fora do país, fazia trabalhos para uma gangue que não sabemos ainda quem são porque ele não escreveu nada no seu diário sobre isso, ele tinha várias identidades para várias pessoas que conversava, mas pelo visto, você foi uma pessoa especial para ele — sinto um nó na garganta e uma necessidade de respirar quase rápida demais — no diário ele escreveu sobre você — separou mais papéis e me entregou alguns — disse que te amava, mas que a vida dele estava por um fio, que era hora de deixar você, porque poderiam pensar que ele estava a ter algo contigo e te matariam, ele tentou fugir das pessoas com quem havia se metido, o que resultou em irem atrás dele.
Também descobrimos tal "obsessão" por você, havia várias fotos suas dentro de caixotes, em passagens no diário dizia o quão te queria e o quão odiava outros garotos se aproximando, em um mural no seu quarto — tirou outros papéis que creio eu, seja fotos do local — havia foto de seu amigo, Miguel e seu irmão? Enfim, muitas, muitas fotos de Carl.

Destinados - Um Começo Para O Fim - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora