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Angel

    Carl tem sido um grande amigo, está sempre me dando conselhos e me advertindo de algo, nunca pensei que hoje, depois de tantas coisas estaríamos aqui abraçados. Estamos juntos a quase dois meses desde o hospital e só de pensar que posso ficar longe dele em uma maca para me recuperar da anorexia me deixa pensativa. Tenho medo de Carl tentar algo novamente e isso só alimenta sabendo das suas recaídas.

    No final das aulas eu caminho novamente para o estacionamento a procura de Conan e la no fundo vejo ele encostado em um carro fumando, sorri para mim e joga a substância fora enquanto caminho até la.
   — Boa noite senhorita! — diz alegre e eu não posso evitar sorrir. No carro na companhia do moço o caminho está sendo bem calmo, uma musica alegre passa bem diferente do estilo musical de Carl.
   — Conan — ouço um pequeno "hm" da parte do mesmo e observo as ruas — onde Carl luta? — o olho e sorri.
   — A ordem foi te levar para casa não para um lugar de selvagens — por que ele está falando isso e desse jeito? — quero dizer, que lá não é lugar para meninas — suspiro.
   — Eu quero ir — Conan balança a cabeça negativamente.
   — Ele irá brigar comigo — me olha.
    — Pode deixar comigo. Por favor — junto minhas mãos e vejo ele respirar fundo.
   — Você vai ter que trocar de roupa — fico confusa olhando para a roupa que eu estou. — Coloque algo menos quente.

    Conan me espera na frente de casa, abro a porta com cuidado e quando vou gritar um "cheguei" ouço Elina.
   — Daniel, eu não sei, mas parece que ele está metido nisso novamente — parece abalada e ao chegar perto da cozinha a vejo com algo na mão enquanto anda de um lado para o outro — eu não sei o que eu faço mais — ouço sua voz de choro.
   — Você tem certeza? — quem está metido em que? A voz é muito abafada e a buzina me faz subir as escadas, mas ainda sim ouço:
   — Encontrei um saco de maconha na bolsa dele Daniel, ele tinha parado de fumar. Carl não pode está metido nisso, deixaria cada dia mais pior sua bipolaridade.

  Tomo um banho rápido de cinco minutos e coloco uma meia calça rasgada, uns shorts, uma blusa xadrez e um coturno baixo. Desço rápido com minha bolsa e vejo meu pai na parte de baixo.
   — Já está indo? Nem te vi chegar.
   — Estou atrasada. — Beijo sua bochecha — de um beijo em Elina por mim. Amo-te — o abraço e abro a porta vendo Conan mexer no celular. Quando entro no carro meu pai está na porta e acenar para mim.
   — Oi senhor Daniel! — A voz de Conan parece mais fina quando grita.
   — Cuide dela! — meu pai retruca e em uma buzina como resposta Conan coloca o pé no acelerador.

   Em ruas desertas e frias passamos e observo pontos que não conhecia em Doncaster, a noite já está presente e ao som de Black Sabbath Conan cantarola, parou em um lugar saindo do carro 
   — Chegamos? — olho todos os comércios estranhamente fechados.
   — Sim — estende sua mão e a seguro. — Não saia de perto de mim— o lugar é praticamente no centro, mas é afastado ao mesmo tempo, por que ainda são sete e poucos minutos e tudo está fechado e escuro.

Apenas iluminados pelos postes Conan e eu descemos um beco e em frente à uma porta já se ouve gritos. Assim que aberta meus ouvidos foram invadidos por música e gritos apavorados. Quando eu e Conan chegamos vi que Carl é jogado contra a corda, meus olhos se abrem com tanta violência que sinto doer,  descemos as arquibancadas da quadra que havia um ringue ao meio e chegamos na primeira fileira.

  Carl saiu da corda do ringue e surpreendeu o outro lutador com uma joelhada no rosto e todos levantaram e gritaram em coro.
   — Uh!Uh!Uh!Uh — todos ruivavam e na hora que Carl estava preparado para dar um último golpe o outro lutador deu lhe um chute na perna fazendo ele ajoelhar e nocauteado caiu. Todos se sentaram e o juiz começou a contar.
   — 1...2...— Carl empurrou a mão do lutador que segurava sua perna e o juiz se distanciou. Assim que levantou cambaleante o rapaz dos cabelos vermelhos lhe empurrou para a corda e Carl foi e voltou recebendo um soco e caindo. O mesmo olhou para o outro rapaz enquanto a plateia estava em gritos e eufória, o ruivo começou a zombar da sua cara.
  — VOCÊ NÃO É TÃO CONHECIDO O PECADO DA IRA? — mesmo com tanto barulho pude ouvir perfeitamente o que saiu da boca do ruivo que virou de costas. Nesse momento Carl tirou forças não sei de onde e levantou pouco cambaleante, mas não deixou de andar até o ruivo, todos atrás de mim gritam e uivam e o ruivo se vira recebendo um único soco o fazendo cair, vários murros são distribuídos no rapaz e Carl está descontrolado, seguranças sobem no ringue e é surpreendente a força dele contra os seguranças, Carl só para quando o juiz o afasta e apita levantando suas mãos. Todos da plateia levantam e gritam e mesmo eu estando extasiada com tamanha violência me levanto aplaudindo, na minha mente eu penso que foi isso que ele encontrou para diminuir sua raiva, eu confesso que tenho medo disso, ele pode com certeza matar alguém pela raiva a força que ele tem nisso pode torná-lo um assassino, isso me preocupa e isso preocupava a irmã dele também.

Destinados - Um Começo Para O Fim - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora