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   Desço as escadas quando ouço um falatório, mas paro no meio do caminho quando percebo que não é Daniel e Elina, e sim mãe e filho.
   — Não eu não vou — Carl parece alterado.
   — Mas filho você gostava tan...
   — Sim gostava agora não gosto mais — sento no degrau e de onde estou consigo ver que Carl anda de um lado para o outro pelo espelho no canto da sala.
   — Isso é por causa de Loren? — o silêncio reina por longos minutos antes que responda com uma voz grave.
   — Não.
   — Sim filho, você não superou isso, amor já faz tempo, sei que amava sua irmã mais que sua vida, eu também, porém não pode ficar preso para sempre no passado.
   — V-você superou tão rápido — ouço a falha na sua voz — eu não quero ir. — soou tão doloroso que senti a sua dor, o tempo que passamos juntos naquela casa nos conectou de certa forma, eu conheço a sua voz, a sua vulnerabilidade.
   — Nossas passagens estão compradas e eu não quero ouvir...
   — EU NÃO IREI! — bem na hora que chego tentando abafar o que seria uma discussão vejo Elina sobre saltar com o grito do filho rasgando a garganta, Carl me olha, está vermelho assim como seus olhos marejados, então passa por mim feito um foguete e sobe para sei quarto. Olho Elina que passa a mão pelos olhos e logo me vê, tenta um sorriso, mas vejo sua tristeza.
   — Com todo respeito Elina — disse chegando perto — acho melhor não levar Carl — coloco minha mão no seu ombro direito a consolidando.
   — Ele vai querida — os olhos verdes diferentes do de Carl me olham — Carl já é um rapaz crescido, tem que superar seus medos, seus traumas, suas magoas e angústias, tem que saber que Loren se foi e se culpar pela morte da irmã, não o fará vê-la novamente. Dói, dói muito saber que ela se foi, mas infelizmente não há nada que possamos fazer. Apenas seguir em frente sei que ela gostaria disso. Também sei que Carl nunca mais voltará a ser o mesmo rapaz de antes. — Como a mulher madura que é não irei retrucar, porque ela estava certa em toda hipótese. Apenas a abraço sentindo o seu corpo quente retribuir e nisso ouço a porta da frente bater e um Daniel aparecer na cozinha com expressão exausta.
   — Pai!
   — Angel! Que saudades querida — me desfaço do abraço de Elina e me encontro nos braços do homem de cabelos grisalhos. Nunca canso de dizer que abraçar meu pai é a coisa mais maravilhosa do mundo. Saber que eu não o perdi ainda é a melhor sensação que eu poderia sentir em toda minha vida, pois ele é alguém que eu não estaria pronta para perder.
   — Eu vou arrumar nossas malas — Elina passa por nós e antes disso pousa sua mão no ombro de Daniel — boa sorte querido.
   — O que houve pai? — agora a preocupação tomou conta de mim, apenas em lembrar que ele tem algo a me falar, nem lembrava sobre esse assunto enquanto estava aqui, talvez por está preocupada em escrever e arrumar minhas malas.
   — Filha eu preciso que sente ao meu lado — Daniel caminha até a cadeira a nossa frente deixa sua mochila ali e respira fundo cansado — preciso que seja forte.
   — Pai o que houve? Diz-me o que acontece. — Daniel puxa minha mão em direção a cozinha novamente e já sinto inquietação, por que tento suspense?
   — Ange — suspira — há exatamente quatro dias — meu coração acelera e Daniel para de falar, o que me deixa ainda mais ansiosa e nervosa, eu tenho algo em mente, olho o chão com milhões de filmes passando na minha mente, tudo o que poderia ter acontecido, o que poderia ser, mas nada se encaixa perfeitamente, tudo gira em torno de nós, e não há ninguém além de nós e Elina e Carl que pode causar mal a meu pai ou mal a nós dois  — Lucas cometeu suicídio. — Receber essa informação foi como receber facadas no peito, meu mundo caiu junto a mim que recuei passos até cair na cadeira, olho meu pai, os olhos já enchendo de água — se jogou do sexto andar do seu apartamento — foi tudo tão rápido na minha mente, enquanto Daniel falava eu sentia tudo girar, o mundo ficou preto e nada se ouviu. Lucas me prometeu. Quando meus sentidos voltaram e vi meu pai a me segurar para não cair ao chão automaticamente o empurrei.
   — Angel! — levantei e meu pai também, caminhei cambaleando até a sala e cai sobre a poltrona, ouço passos e logo Carl e Elina estão a nossa volta então sinto uma forte dor no peito.

   "Me desculpa por hoje... eu não queria... foi culpa minha Angel... eu a amava... Eu te prometo".

  Então a dor veio como um soco no estômago e tentei puxar o ar que não entrava nos meus pulmões.

Destinados - Um Começo Para O Fim - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora