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  Angel Cooper


  Quando acordo, não lembro como havia dormido e preguiçosa não fiz menção de abrir meus olhos para nada, quero mais minutos de sono, pois essa noite dormi bem. Mas quando percebo que não dormiria mais suspiro abrindo meus olhos vendo que são oito da manhã de sábado, o sol ilumina meu quarto e fico alegre, pela primeira vez na vida, por ver o sol estou sorrindo. Me sento e me assusto com a figura de Carl sentado na poltrona pequena do quarto. Me olha e de algum fato, isso é realmente assustador.
  — B-Bom dia — por que seu olhar está tão sinistro?
  — Bom dia! — Prolonga o "bom" — Você tem meia hora para descer. Seu café vai está pronto e sairemos.
  — Para onde iremos? — vejo seu corpo a quase sair porta afora.
  — Há uma palestra sobre depressão — sorri largo.

  Uma palestra? Confusa, me levanto ainda com meu corpo molenga e calço meus chinelos. Abro as janelas para sentir que o dia hoje está quente, um quente muito bom.
  — Bom dia sol! — abro meus braços afim de tirar a preguiça das minhas costas e caminho ao banheiro. Tomo um banho morno e relaxante, lavo meus cabelos, faço a minha depilação e a higiene da minha boca. Quando saio aproveito para fazer as minhas sobrancelhas. Não sei, hoje o dia está bonito e eu queria estar bonita, me sentir bem comigo mesma. Procuro um vestidinho florido, pego numas sapatilhas branquinhas e me sento em frente a penteadeira, faço uma leve maquiagem, nada tão exagerado, pois ainda é cedo da manhã. Solto meus cabelos da toalha e os seco deixando-os solto. Por fim ponho meu vestido e minha sapatilha. Me olho no espelho e abro minha maleta, nunca uso maquiagem, mas hoje é um dia diferente. Não coloco batom, apenas seguro meu perfume pondo uma quantidade boa para não exagerar. Desço as escadas e ouço o falatório pela manhã, o sol ilumina a casa toda numa luz amarelada e quando viro a cozinha os três olhares vem a mim.
  — Alguém acordou de bom humor hoje — Daniel diz.
  — Está até usando maquiagem — Elina acrescenta enquanto me sento.
  — Bom dia para vocês — sorri — obrigada, eu só quis apostar em algo diferente. — Passo geleia na minha torrada.
  — Está bonita! — ouço a voz do rapaz e o encaro para ver que me olha, cada detalhe. Sorri para ele e comi minha torrada.
  — Obrigada — digo por fim, querendo quebrar nosso clima, não por querer. Apenas para meu pai não desconfiar.

    Depois de tomar um café com todos a mesa, Elina é a primeira a sair, esperava Carl a sala enquanto Daniel está no seu quarto. Quando o rapaz aparece nos direcionamos ao carro. Dentro do mesmo fui surpreendida com um beijo, foi calmo e bom, quente e cheio de sentimentos.
   — Espero que goste da palestra — sorriu para mim e sorri de volta olhando o lindo sol que estava fazendo em Doncaster hoje. Enquanto o carro anda de rua em rua, a música calma do CD no rádio do carro me faz acalmar, meus cabelos aos ares, de vez em quando batendo no meu próprio rosto. Respiro o ar puro e me sento mais aconchegante.
   — Você já participou de alguma palestra Carl? — vi que um sorriso de lado apareceu em seu rosto e ele me olhou, parados no semáforo o mesmo segurou em alguns chicletes.
   — Quando frequentei o psicólogo por um longo ano, Loren sempre me levou a esses tipo de palestra, gosto confesso. É bom — sorriu — quer?
   — Se você gosta Carl, acho que vou amar. — Seguro em uma goma de mascar, não deixando de brincar e notar a risada rouca que soltou. Hoje o dia está diferente, e espero que nada o estrague assim como ontem.

   Quando chegamos perto do teatro onde aconteceria a palestra, Carl foi comprar algumas besteiras para nós comemos. Já na fila a conversarmos sobre as próximas provas que aconteceriam na semana que vem, esperávamos nossa vez para entramos. Carl recebeu uma ligação de Conan que o convidara para uma festa hoje, não sei se aceitou, mas digitou por um bom tempo no celular antes de voltar sua atenção para mim. Quando entregamos os nossos ingressos e entramos nos acomodamos nas cadeiras macias e confortáveis, deito minha cabeça sobre seu ombro e sinto o conforto...

   — Uma pessoa com Depressão muitas vezes, muitas mesmo, tem pensamentos suicidas. Sabemos disso e muitas vezes incentivamos essas pessoas a cometer suicídio, invés de ajudamos. Como assim Chris? Muitas vezes, no incentivo de dizer algo bom, acabamos dizendo algo que machuca, magoa aquela pessoa. Depois dizemos: "Poxa, eu poderia ter dito melhor", mas aí já era. Muitos tendem a pedir ajuda, não falando. Demonstrando! Já parou para prestar atenção no seu coleguinha ao lado? Na escola, no trabalho, na rua! Perceba algo na pessoa ao lado que ninguém ainda percebeu e chegue nela, faça algo simples, mas que muito não fizeram e que pode mudar o dia daquele ser. "E o que devo fazer Chris?" Faça uma simples pergunta, mas que não seja um "por que você está triste?" Vamos melhorar isso? Pergunte isso "Tudo bem? Você quer conversar comigo? Como está sendo o seu dia?" Já soou melhor, não? — Chris sorriu. — Pessoas com depressão não só vivem tristes, vestem preto e estão quietos. Olhem para mim, uma calça jeans normal, um vans, uma blusa comum, sorrisão né? Não estou aqui para só fazer essa palestra para você. Eu já tive depressão, passei por momentos difíceis, mas pessoas com depressão também sorri, gargalha, saí, se diverte. A depressão é uma doença grave, mas não te desabilita de sorrir, há estágio alto a estágio baixo. Vamos ver de outro lado, muitas vezes associamos depressão com, preguiça. Mas o que é fácil para você, é difícil para outros, coisas simples como, comer é difícil, então invés de dizer "Vá lá, faça!" Porque não dizer "Ei, me acompanha na refeição? Vamos ao parque comigo?" Pessoas com depressão, muitas vezes não quer ficar sozinha, quer companhia. Então mesmo não conhecendo, puxe um assunto, faça algo para animar o dia daquela pessoa, sim? Obrigado por vir hoje e semana que vem estaremos aqui de novo.

  Todos batemos palmas para o homem encima do palco e como Carl disse, iria gostar. Segurando sua mão nos encaminhamos para fora do teatro e não economizo no meu sorriso. O olho e seguro seu braço enquanto andávamos.
   — Você gostou? — ele me olha enquanto caminha em direção ao seu carro junto a mim.
   — Eu amei! Não sei, o jeito que ele fala, parece tão sério e tão divertido ao mesmo tempo, é como se ele tirasse toda aquela tensão do ambiente, sabe? — O mesmo balança sua cabeça positivamente e sorri para mim. Entro no carro junto a ele e olho o ecrã do meu telemóvel. São três da tarde, o dia havia passado rápido, mas ainda havia sol. Um leve vento me faz ter frio nas pernas, mas nada que atrapalhe o dia que estou tendo com Carl.
   — Vamos ao parque hoje à noite? Algumas atrações estarão por lá — Carl começou e o olho.
   — Não sairá com Conan? — Carl não responde de imediato, mas me olha.
   — Tenho uma luta amanhã, Angel — mudou de assunto ou tem haver com o que perguntei? — se ganhar, irei para uma festa com Conan. Mas hoje, quero um dia a só com você. — Sorriu para mim e isso não impediu de sorrir para ele.
   — Tenho um presente. Não sei se você vai gostar, mas tudo indica que sim — disse enquanto vi suas sobrancelhas franzir. Olhava tudo ao seu redor enquanto seu carro estacionou em uma loja de gelados.
   — Que presente? — me olhou quando o motor parou.
   — Verá.

   Eu e Carl pedimos gelados para tomamos enquanto jogávamos conversa fora, Carl fala de um protagonista do seu livro preferido, enquanto apenas ouço atenciosamente, é bom esses momentos, na verdade ótimos, porque por mais que estávamos juntos dia e noite naquela casa, nunca paramos para falar um com outro sobre personagens fictícios ou até mesmo de filmes.
   — O que foi? — me olhou atento e apenas sorri.
   — O jeito como conta, é interessante  — o jeito que seus lábios se batiam, me dava uma louca vontade de o beijar e quando fez uma curva pequena em seu rosto, apenas aumentou ainda mais minha vontade.
Eu estou realmente e loucamente apaixonada por esse homem.

Destinados - Um Começo Para O Fim - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora