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Angel

  Depois do nosso pequeno café da noite e das histórias de Elina, coisa que gostei bastante, subi as escadas em direção ao quarto para dormir, uma leve pontada de decepção aprofundou meu peito e o fez acelerar, o quarto de Elina era longe, do outro lado do corredor e Carl não estava aqui, tenho mesmo que perder o costume de dormir com uma companhia, logo voltamos e ficarei sozinha num quarto.

  Me pego a pensar como seria um Carl não frio, um Carl sem ser rude e ignorante. Apenas um Carl gentil, doce e brincalhão, como seria? Elina disse hoje no jantar que é um dos melhores garotos, não sou acostumada a o ver assim, para mim seu jeito sério combina com ele, como ele perde o jeito sério? É raro o ver sorrindo, mas quando sorri é algo inexplicável, não sei como explicar o que sinto quando o vejo sorrir.

  A rolar de um lado para o outro na cama não quero dormir, ou não consigo, sei que terei pesadelos e desses pesadelos pode vir minhas crises, também sei que se eu não dormir, posso sentir medo. Levanto da minha cama e desço as escadas, já são por volta das meia-noite. Na cozinha procuro pelos armários, chá, tem todos menos de camomila. Então esquentar um leite é minha opção. Coloco um pouco de melado dentro e o tomo morno. Volto a sala para ver que o celular de Carl está ali, aceso, caminho até ele e sorrio com o papel de parede, uma obra de algum artista que ele se inspira. Há cinco ligações de Elina, uma agora recente.

  Subo novamente as escadas e vejo que há uma pequena luz embaixo da porta do quarto de Elina, é bom saber por um lado que está acordada. Caminho até o quarto e deixo meu corpo cair sobre a cama, agarro os travesseiros e só espero dormir.

   Atordoada abro meus olhos e percebo que ainda é madrugada, um pequeno falatório me desperta e olho para o feche de luz embaixo da porta. Me sento e passo a mão pelo meu rosto, olhando para o travesseiro me pergunto em que momento eu dormi. Levanto por fim para ver se aconteceu alguma coisa séria, mas antes que eu chegue à escada já ouço daqui do que se trata o assunto.
   — Carl que droga você foi fazer essa hora da noite fora de casa? — Elina sussurra, mas dá para perceber que queria alterar sua voz. Nada saiu da boca do rapaz. — Sou sua mãe e quero saber, o que anda aprontando? Pensei que tinha parado com isso — dá uma pausa — Carl tem marcas em você, esteve em briga? — meu coração acelera — Carl estava em casa de prostituição? Está drogado? — a palavra ecoou três vezes na minha mente. Casa de prostituição? Meu coração acelera num frio gelado no peito, me questiono se isso seria ciúme, eu não tenho nada com ele, beijos não tem mais valor eu acho. Mas o que me surpreende é que ele não respondeu até esse momento.
   — Estou — sua voz soou baixa, mas audível e sua confirmação não responde se estava com outras mulheres, só que está drogado, só ouço silêncio.
   — Você me entristece agora. Pensava que não era mais esse Carl — devagar chego a ponta da escada escondida a ver Elina passar sua mão pelo rosto de Carl — cadê meu menino? — a voz dela está dificultosa, chorosa é o certo, mas a mágoa no seu olhar parece que amolece Carl ou o deixa irritado.
   — Seu menino morreu há muito tempo. — O mesmo se vira e saio de onde estou, entro no quarto e deito na minha cama. Minutos depois entra e caminha para o banheiro. A cena que acabei de ver foi de magoar a qualquer um, será que depois disso Elina ainda acha que ele mudou? Será mesmo que Carl mudou?

  Acordo e abro meus olhos devagar, a cortina amarela não deixa o sol brilhar tanto, mas por um pequeno feche o sol esquenta meus pés, sinto dor no corpo resultado de dormir de um lado só pelo resto da noite, quando me sento a beirada passo a mão nos cabelos afastando os fios soltos. Como um filme tudo pela madrugada passa pela minha mente e olho para trás e lá está Carl, ainda dorme então me levanto e arrumo minha cama, o relógio no móvel marca dez horas. Em rapidez resolvo me aprontar logo para não perder o pequeno-almoço.

   O café ocorre todo em silêncio, nenhum falatório da parte de ambos observo por um curto período Elina e Daniel, comiam calmos, um no celular e outro lendo um jornal, Carl não apareceu até agora e me pergunto se sairá do quarto hoje ou de casa, me preocupo com ele e isso não nego de mim, como venho querendo negar os sentimentos, mas ontem ficou claro que não consegui, ontem não só Elina ficou magoada.
   — O que quer que eu compre? — sua voz fez todos os olharem se direcionar para ele.
   — Bom dia? — Elina diz — compre algo para o almoço, o que quiser filho — não consegue ter o tanto da frieza que Carl tem na voz, diz tudo com emoção. Estou de costas para ele, é melhor assim, talvez eu não disfarce tão bem as minhas emoções e descubra que eu ouvi tudo.

   Depois de terminar de ajudar Elina volto ao quarto e coloco um vestido solto irei dar uma volta aos derredores da casa, um bom passeio para distrair à mente é muito bom.
Saio da casa caminhando pela estrada de paralelepípedos que leva à floresta, não esquecendo do meu caderno de desenhos, espero muito terminar esse ano e ir para faculdade de design, quero aprender novas coisas. Suspiro olhando para o pequeno lago que dá para o outro lado onde há casas de outros moradores, alguns patos estão no lago e o cheiro da natureza entra nas minhas narinas, olho o grande mato e continuo a andar. Quando acho um lugar bom para uma boa paisagem de desenho me sento, sinto a brisa bater no meu rosto e levar meus cabelos, fecho meus olhos a sentir a natureza em mim, era o melhor jeito de relaxar e deixar todo corpo leve. 

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Destinados - Um Começo Para O Fim - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora