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  Pela manhã quando acordei, na verdade eu nem dormi, fiquei olhando o meu caderno  de composições, mal escrevi poucas palavras significativa, muito dolorosas e feitas pelo meu pesadelo.

"À noite foi traiçoeira
Não diga que não me ouviu
Você estava próxima demais
Para dizer que eu era apenas uma sombra,
Não chore, isso não dói
Não quanto doeu em mim".

   Deixando o caderno ao meu lado olhando a janela, nessa hora Loren estaria aqui do meu lado fazendo músicas comigo, nada fazia sentido sem ela, Loren sempre me tirou do tédio eu agora não sei o que faço. Ouço toques na minha porta e suspiro. Levanto e abro a mesma vendo uma menina pequena a olhar para as mãos.
   — Isso é para você — a mesma me olha e ao olhar em meus olhos sorri. Pego o pequeno envelope da mão da garota e fecho a porta, sento na cama e abro o mesmo.

"Querido Carl.
Sei que agora estou longe porque estou em viagem com as meninas. Agradeço-lhe por ter ido a minha formatura maninho, tenha juízo e cuide da mãe, nada de álcool nem brigas, por favor. Bom, daqui dois meses eu estarei aí, mas não estarei nas suas férias, certo? Aí tem duas passagens, pode ir para casa de verão que íamos quando pequenos. Sei que não quis voltar lá depois do acontecimento com papai, mas sei que já está grandinho e bem maduro, te fará bem nessas suas férias como não vou estar aí para irmos ao café às meia noite tomamos chocolates quentes e a zoar com as pessoa dali. Podes levar quem quiseres, lá não haverá ninguém, sei que consegue se virar com comida, aliás vou sentir saudade da sua durante esses meses, fique à vontade... quando voltar quero aquela macarronada que só você sabe fazer.
                                         Com amor Loren".

     Uma lágrima cai de meus olhos, Loren havia preparado tudo isso para mim, enquanto estaria em viagem na Tailândia com as meninas. Agora daqui a dois meses eu não iria a ver entrando pela porta sorridente com suas malas enquanto seus cabelos curtos estariam bagunçados pela viagem, não teria seu abraço e nem sentirei suas mãos a puxar meus cabelos, ela adorava mexer neles e brincar o que eu não gostava, pois me sentia um verdadeiro boneco. Mas agora eu daria tudo pelo seu sorriso, pelo seu abraços pela sua risada e por ela brincando com meus cabelos. Tiro de dentro do envelope duas passagens para a casa de verão que se encontra no Havaí, lá é totalmente tudo calmo fica a volta de várias árvores e tem um lago maravilhoso.
Eu amava tudo aquilo, mas eu amava com ela. Respiro fundo já discando o número da minha mãe.
   — Carl querido, está tudo bem? — ouço a voz da mulher mais velha do outro lado. Suspiro e me preparo.
   — Sim mãe, e aí?
   — Está um caos amor, eu queria está aí com você — ouço seu tom triste — mas então, por que a ligação? — é raro isso acontecer entre ambos, e pelo jeito ela está ocupada.
   — Tenho duas passagens que Loren me deu para ir para a casa de verão, está tudo bem para você?
   — A sim, eu já sabia — sua voz surgiu sem ânimo em meio a uma respiração ofegante — está tudo bem querido. Não há nenhum problema. Levará Conan?
   — Não — suspiro — Conan não poderá ir comigo, pois está em viagem.
   — Entendo, mas irá sozinho? — o barulho de fundo incomoda.
   — Não. — Olho as passagens na minha ouvindo sua voz em confusão na linha.
   — Então?
   — Levarei Angel — tudo fica mudo por segundos.
   — Oh! — até eu estou surpreso — então está bem. Espero que divirtam-se.
   — Também espero — olho para a porta que está trancada — irei desligar.
   — Tudo bem meu amor, te amo.
   — Te amo — desligo e levanto. Guardo a carta de Loren no álbum da mesma que está sobre a minha cama e saio do quarto, bato na porta de Angel, mas a mesma não abre então resolvo entrar, o cheiro de sabonete está presente no quarto revelando que ela está no banho, mas não há barulho de água, me aproximo do banheiro ouvindo barulhos estranhos, o que está a fazer? Tosse vem logo em seguida e bato na porta, a mesma se abre espontaneamente e antes que a menina pergunte alguma coisa vira-se de costas se debruçando sobre o sanitário. Fico sem reação ao vê-la, talvez porque minha mente começa a me aterrorizar com sombras do passado.

Por que ela está assim? Disse meu pai assustado. Eu não sei, mas vamos levar ela ao hospital. Assustado não sabia o que fazer, então corri ao quarto da minha irmã e a encontrei no banheiro vomitando sobre o vaso sanitário, ela me olhou com olhos cheios de lágrimas, rosto vermelho e boca manchada de sangue, eu fiquei apavorado e ao invés de ajudar meus pais a colocar coisas nos carro, coisas que nos ajudariam não sei como, eu gritei apavorado.

  — Carl! — Afasto meus pensamentos quando vejo a figura pequena sair do banheiro. Agora não está mais de peças íntimas. Veste uma calça azul moletom e uma regata branca, percebo também que andei passos e estou longe da porta com olhos arregalados. — Você está bem? Quer alguma coisa?
   — É... sim e-eu. — Olho em seus olhos querendo saber o que vim fazer aqui, seu estado agora está como o de Loren, olhos avermelhados e bochechas vermelhas. — Angel arrume suas malas, leve o suficiente que dê para passar um mês.
   — Aonde vamos? — me levanto da sua presença a fim de me trancar um pouco no quarto.
   — Havaí — arregala seus olhos e parece atordoada.
   — Um mês? — olho e ela está com uma roupa a mão enquanto olha a mala no chão — lá estará frio ou calor? — estava nas férias de fim do ano escolar, é junho geralmente no Havaí não fazia tão frio, mas a noite sempre dava uma ventania no lugar.
   — Leve roupas leves lá sempre está calor, mas não esquecer de colocar algumas roupas para frio a noite sempre esfria — a mesma assente e saio do seu quarto, ainda com as cenas na minha mente.

Destinados - Um Começo Para O Fim - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora