Arquitetando um plano

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Capítulo 10

Daniel

Passo o dia todo aqui nesse hospital no maior tédio. Dessa vez eu me superei mesmo. Olho pra minha perna e vejo dua cicatrizes imensas. Uma delas marca a localização da platina que tive que pôr. Meu pai tem dormido comigo no hospital, mas sei que quando eu receber alta, vou levar um sermão daqueles. E o pior é que não vou poder falar nada porque ele está certo. DROGA!

Por falar no meu pai, eu tenho reparado um comportamento estranho nele. Tenho certeza que tem mulher no meio disso. Às vezes vejo ele sorrindo sozinho pra tela do celular. Parece um bobo apaixonado. Há tempos que não o vejo assim. Desde que aquela desgraçada da Samantha fez o que fez com ele. Pra ser sincero, meu pai não tem muita sorte com mulher. Acho que nunca teve uma que o merecesse; nem minha mãe escapa: prepotente, arrogante. Definitivamente ela e eu não nos damos bem. A gente vive se bicando. Ela tem ficado comigo durante o dia e e meu pai vem à noite pra dormir aqui comigo. Os dois estão se revezando.

Bom, vou ter que sondar o velho pra entender o que está acontecendo. Talvez minha mãe possa me ajudar a descobrir. Afinal, mulher sempre percebe quando tem cheiro de outra na jogada. Elas têm um faro ótimo pra isso. Minha mãe volta da cantina e eu conto pra ela sobre a minha suspeita.

- Ah Daniel, você tá surtado neh? Esse acidente mexeu mesmo com sua cabeça, meu filho!

- Mãe, eu não tô louco! Tenho reparado meu pai esses dias e percebo que ele está diferente. Tenho certeza que tem alguma coisa aí, ou melhor, alguém.

- Daniel seu pai está cheio de problemas, você acaba de aprontar mais uma das suas asneiras; e dessa vez eu acho que já foi longe demais. Não vai arrumar mais confusão tá?

- Bom, se tirar uma pistoleira da vida do meu pai é arrumar confusão, então eu vou arrumar uma daquelas bem grandes.

- E por acaso você conhece a mulher? Sabe quem é ela, se realmente é uma pistoleira?

- Tenho certeza que é. Meu pai nunca deu sorte com mulher, só arrumou pistoleira na vida!

- Ah muito obrigado pela parte que me toca, meu filho.

- Mãe, sem drama, porque você também não é santa. Ou se esqueceu que tentou dar o famoso golpe da barriga no sr Renato Lima?

-Daniel eu era apixonada pelo seu pai.

- E pela conta bancária também, neh dona Roberta?

- Vou fingir que não ouvi essa ofensa.

- Ok. Mas e aí, vai me ajudar ou não?

- O que quer que eu faça?

- A princípio vamos analisar as atitudes dele. Como mulher, eu acredito que você consiga perceber os sintomas de paixonite num homem neh?

- Sim.

- Ótimo. Vou tentar puxar alguma coisa dele quando chegar

- Tá bom.

Meu pai chega no quarto e minha mãe faz um breve resumo sobre o meu dia. Ele ouve atentamente e se despede dela, que vai embora.

Passamos um tempo calado até que eu resolvo conversar sobre o trabalho dele, só pra puxar                                      assunto. A princípio ele estranha, porque sabe que eu não sei nada sobre o trabalho dele e também nunca me interesso sobre o que ele faz.

- Então pai, como andam as coisas lá na construtora?

- Sim. Ele responde com cara de bobo mexendo no celular. Não posso perder essa oportunidade.

- Ih Sr Renato, que cara de apaixonado é essa hein?

- TÁ MALUCO DANIEL? Quem tá apaixonado aqui?

- Você. Ah qual é, pai? Pensa mesmo que eu não reparei essa sua cara de bobo apaixonado? Tô te sacando faz tempo.

- Impressão sua!

- Não é não. Tenho notado você de riso frouxo olhando pro celular. Vai me esconder as coisas agora eh?

Ele só ri. E eu conheço esse sorriso, foi assim com Samantha também.

- Então pai, vai me contar a verdade ou não?

- Tá bom! O que quer saber?

- Quem é a pistoleira da vez?

- Júlia não é nenhuma pistoleira! – Ele fica bravo comigo.

- Pronto, já vi que é mais uma, mas dessa vez o caso é mais grave, você já está até defendendo ela.

- Daniel, não fale de quem você não conhece. Júlia é uma mulher formidável!

- Samantha também era neh? – eu deixo escapar e ele fica ainda mais bravo.

- Não a compare à Samantha, porque isso chega a ser desumano.

- Tá bom pai. Você é quem sabe.

Meu pai resolve sair do quarto, diz que vai à cantina comer algo. Aproveito a saída dele e ligo pra minha mãe para contar a ela o que eu já descobri. Ela fica perplexa com o que conto e confirma minha suspeita: ele está realmente apaixonado. Preciso arquitetar um plano para acabar com essa palhaçada, mas pra isso, vou ter que arrumar um jeito pra conhecer essa mulher. Amanhã eu aproveito a companhia da minha mãe pra me ajudar a bolar um plano.

Sonho de Daniel

Escuto a marcha nupcial. Estou em um casamento e a igreja está lotada de convidados. Reconheço alguns.  Olho pro altar e vejo meu pai. Ele está todo feliz. Cara, quanto tempo que não o vejo assim. A porta da igreja se abre e a noiva entra. Ela está bem bonita. Meu pai parece estar nervoso; e isso é muito engraçado. Ao chegar ao altar, meu pai descobre o seu rosto e eu me espanto. Grito apavorado ao ver o rosto de Samantha por baixo do véu.

- NÃÃÃÃÃOOOOOO!

Acordo com meu pai me segurando. Olho em volta e vejo que tudo não passou de umpesadelo. E agora,tenho certeza : essa tal de Júlia é outra pistoleira.

- Que houve,filho?

- Acho que tive um pesadelo.

- Já passou. Se acalme.

- Estou com dor de cabeça.

- Vou pedir à enfermeira para trazer um remédio.

Meu pai sai do quarto, mas esquece o telefone. É a chance que eu precisava de ver a cara dessa mulher! Pego o celular dele, abro o whatsaap e procuro o contato dela. Abro a foto e tiro uma foto com o meu celular. Pronto . Já sei quem é a pistoleira. Amanhã dou um jeito nisso.

A enfermeira volta me trazendo um comprimido. Eu tomo e durmo novamente.

Continua...

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