Invasão de Privacidade

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Capítulo 68

Renato

- Puta que pariu! Mas que inferno!

Acordei já irritado com a notícia que vi. Minha foto e de Júlia estampada no jornal com a manchete: "O empresário Renato Lima e sua noiva, em uma noite tipicamente serrana" . Logo após, havia uma reportagem, que fazia questão de invadir a nossa privacidade. Detesto exposições. Não sei como souberam que eu e minha mulher estávamos naquele restaurante e se alguém entregou esse furo de reportagem, com certeza é alguém que sabe o quanto isso me deixaria irritado. Só preciso descobrir quem foi.

Meus gritos acabaram acordando Júlia, que dormia feito um anjo.

- Bom dia, meu amor! O que houve?

- Desculpe meu anjo! Te acordei não é?

- Sim. Mas o que o deixou tão irritado assim?

Mostrei a ela a notícia que havia me tirado do sério. E, assim como eu, ela não conseguia entender aquilo.

- Renato, além de minha mãe e de seu filho, quem mais sabe que estamos aqui?

-Até onde eu sei, mais ninguém. Só sei que eu fiquei muito puto com isso. Você me conhece e sabe que detesto exposições. Afinal, o que teria de tão interessante essa notícia?

- Também não sei.

- Mas eu vou descobrir quem fez isso. Ahhh eu vou.

-Amor, vem cá vem!? - Júlia me chamou batendo levemente com a palma da mão na cama. Sentei na ponta da cama, ficando próximo a ela. Quando dei por mim, estava deitado ao seu lado.

Ela deitou sua cabeça em meu peito, se aconchegando e eu, retribuí o carinho, mexendo em seus cabelos. Ficamos ali por alguns minutos, sem dizer uma única palavra ; apenas trocando carinhos. Até que ela resolveu quebrar o silêncio.

- Meu bem, acho que precisamos ir. Afinal, retornamos hoje para a realidade.

- Verdade. - Sorri. Achava lindo sua doçura. Suas atitudes que eram tomadas no momento certo e na dose exata. Às vezes eu olhava para ela e pensava em como sou um homem de sorte por tê-la ao meu lado.

Liguei para a recepção e pedi que trouxessem nosso café da manhã. Enquanto aguardávamos, tomamos uma ducha.

- Minha linda, existe algum lugar que você gostaria de conhecer?

- Muitos.

- Algum em específico? Algum lugar que tenha curiosidade em conhecer?

- Bom, eu não conheço muitos lugares aqui mesmo no nosso país. Mas existe um país em especial, que eu gostaria de conhecer.

- Qual?

- Chile.

- Por quê?

- É um país lindíssimo. Sei disso pelo que vejo em fotografias. Além disso, é uma boa pedida para eu treinar meu Espanhol. Faz tempo que não faço isso.

- Não sabia que falava Espanhol.

- Pois é, também tenho meus segredos, senhor Renato Lima.

- Estou vendo! Você é realmente uma caixinha de surpresas.

- Sim! E você nem imagina quantas surpresas cabem dentro dessa caixinha aqui. - Disse ela mordendo a ponta da minha orelha. Porra de mulher provocadora!

O clima estava muito gostoso e provocante, mas... tínhamos que retornar.

Encerrei a conta no hotel e partimos para a pousada. Precisava descobrir como o paparazzi descobriu que eu e Júlia estaríamos naquele restaurante.

Ao chegarmos à pousada, deixei Júlia em nosso quarto arrumando as malas e convoquei uma reunião com os funcionários da recepção. Mas antes, conversei com Raiane, a recepcionista que fez nossa reserva.

- Bom dia!

- Bom dia senhor!

- Sente-se por favor. - Aguardei que se sentasse e iniciei. - Raiane, foi você quem fez minha  reserva no restaurante ontem, não foi?

- Sim senhor! Fiz como o senhor pediu.

- Sei. E você comentou com alguém onde eu e minha noiva estaríamos?

- Não senhor.

- Nenhum colega de trabalho, por exemplo?

- Não. Mas por que está me fazendo estas perguntas? Eu não estou entendendo senhor.

- Raiane, eu não contei a ninguém para onde iria, nem mesmo minha noiva sabia. Ou seja, somente eu e você sabíamos em que restaurante  Júlia e eu estaríamos.

- Sim.

- Pois é, mas hoje quando acordei fui surpreendido por uma foto minha e de Júlia no restaurante ontem. Estávamos sendo notícia no jornal.

- Senhor Renato, eu juro que não contei a ninguém onde o senhor e sua noiva iriam jantar ontem.

- Então como você explicaria esse furo de reportagem?

- Não contei a ninguém, mas talvez alguém tenha ouvido minha conversa ao telefone com o restaurante.

- Pode ser. Você reparou se havia alguém próximo a você enquanto falava ao telefone com o restaurante?

- Não senhor. Desculpe.

- Tudo bem Raiane. Vou apurar isso. Vamos à reunião.

Raiane e eu chegamos à sala de reunião. Todos os funcionários convocados já nos aguardavam.

Os funcionários se posicionaram em seus lugares e me olhavam curiosos.

- Então, convoquei essa reunião de emergência porque preciso esclarecer algo muito importante.
Ontem à noite, minha noiva e eu fomos a um restaurante conhecido na cidade. Até aí não tem nada demais não é? Pois bem. Não deveria ter mesmo. Porém, hoje pela manhã ela e eu estávamos na primeira página do jornal. O repórter fez de nós, pessoas comuns, duas celebridades com o texto que escreveu. Ou seja, ficamos bem expostos. Raiane foi a responsável pelas reservas. Por acaso alguém aqui estava próximo quando ela as fez?

Alguns funcionários balançavam a cabeça negativamente.

Fiquei ali por mais alguns minutos, mas estava claro que só estava perdendo tempo. Ninguém iria se acusar e se eu quisesse descobrir o autor da obra, teria que investigar sozinho.

Continua...

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