Capítulo 30
Dois dias depois...
Júlia
Hoje é sábado. Fim de semana chegou e minha filha estará aos cuidados do pai. Então, vou trabalhar. Afinal, sem a minha princesa não tem graça ficar em casa. Fui escalada para fazer consultoria hoje. Vou lá. Assim me distraio um pouco além de trabalhar. Afinal, sempre me divirto nestes eventos.
As clientes chegam e iniciamos. Minha parceira de hoje é uma pessoa bem divertida também. Todas se acomodam e mais uma vez o evento é um sucesso. Quando se ama o que se faz, tudo é perfeito, não é? Nunca me vi prestando consultoria em evento de empoderamento feminino, mas confesso que estou amando esse trabalho.
Ao final do evento, recebo um feedback maravilhoso das nossas clientes, o que nos impulsiona muito. Organizamos todo o espaço e saímos do estúdio. Na saída, reparo um carro parado na porta da galeria. Eduarda e eu ficamos apreensivas. Olho calmamente e não acredito no que vejo. Parece o carro de Renato. Mas não deve ser! Ele não tem como saber que estou aqui.
- Júlia, conhece aquele carro?
- Duda, eu acho que sim. Mas estou me recusando a acreditar.
- Por quê?
- Porque se for quem eu imagino que seja, não deveria nem aparecer na minha frente.
- Seu ex- marido?
- Não. Acredito que seja Renato.
- E o que você vai fazer?
- Eu vou lá! E você, vai pra casa.
- E te deixar aqui sozinha? Nem pensar!
- Pode ir. Ele não vai tentar nada contra mim. Sei o que ele quer e vou dar a ele exatamente o que espera. Chega de bancar a boba!
- Uiiiiiiiiiii! É assim que se fala! Boa sorte gata! - Ela pisca pra mim.
- Vai garota!
Saímos. Me despeço dela no portão e ela vai embora. Passo do lado do carro. Renato abaixa os vidros e me olha fixamente nos olhos.
- Júlia, posso falar com você? - Minha vontade é pular aquela janela e agarrar ele. Estou louca de saudades! Mas mantenho a pose.
- O que você quer, Renato?
- Por favor, eu só preciso conversar. Não vou tomar muito do seu tempo. - Pode tomar a noite inteira - Eu penso.
- Tudo bem.
Entro no carro e peço para sairmos dali. A rua está deserta e é perigoso ficar aqui.
- Pra onde quer ir?
- Na verdade, qualquer lugar onde estejamos mais seguros do que aqui. Essa rua é muito deserta.
- Se importa de formos pra minha casa? - Olho pra ele com cara de quem entendeu o recado. - Relaxa, eu só quero conversar.
- Eu sei. Vamos sair daqui?
Renato liga o carro e nos conduz até o seu apartamento.
- Entra. Fique à vontade.
Da última vez que eu ouvi isso o clima ficou quente. E pra ser sincera, eu estou doida para que ele esquente de novo!
Sento no sofá e Renato senta do meu lado, me olha nos olhos e a sua expressão é de um lobo faminto. Desse jeito, eu não aguento.
- Então, você disse que queria conversar comigo!?
- Sim.
- Diga.
- Bom, estava tudo ótimo entre nós. Da última vez que nos vimos, tivemos uma noite maravilhosa e eu não queria que nosso relacionamento que estava apenas no início terminasse. Você deu um novo sentido para a minha vida e me fez enxergar as coisas de outra forma, que por sinal é bem melhor do que eu enxergava antes. - Parou e respirou fundo. Ele estava nervoso. Deixei ele continuar.- Tudo o que eu sempre quis encontrar em alguém eu encontrei em você. Custei a aceitar, a assumir esse sentimento que grita dentro de mim. Mas hoje, eu não consigo me ver longe de você! - Olhando dentro dos meus olhos ele completa:
- Minha pequena, eu amo você!
- Renato, meu mundo desabou quando vi você beijando aquela mulher no hospital. Recebi uma mensagem sua me pedindo para te encontrar lá. Quando cheguei, vi vocês dois se beijando. Saí de lá decepcionada. Queria sumir.
- De certa forma, eu não tiro a sua razão. Mas não fui eu quem mandou mensagem pra você. Assim como também não beijei Roberta.
- Como não, Renato? A mensagem saiu do seu celular. E eu vi vocês dois se beijando no hall do hospital. Ninguém me contou Renato, eu vi. - A essa altura eu já estava chorando relembrando tudo aquilo que eu vi naquela noite.
Renato me abraçou e eu pude sentir o calor do seu corpo. Sua respiração ofegante e o seu coração acelerado. Enxugou minhas lágrimas e começou a se explicar :
- Júlia, eu tentei falar com você várias vezes, mas você não me deu oportunidade de te explicar o que houve naquela noite. Então, resolvi deixar você esfriar a cabeça e fui em busca de provas para que você entendesse e acreditasse em mim.
- Provas? Do que você está falando? - Ele pegou um envelope e me deu.
- Abra!
Dentro do envelope havia um papel e um CD. O papel era um laudo alegando a clonagem do WhatsApp do Renato e atestando o nome do proprietário da linha que fez a clonagem. Não acreditei no que li.
- Renato, por acaso... - Ele me interrompeu.
- Sim Júlia. Esse Daniel que consta nesse laudo é o meu filho. Ele pareou meu celular ao dele e clonou meu WhatsApp. Depois, mandou as mensagens para você pedindo que fosse ao hospital. Combinou com Roberta para que ela chegasse meia hora antes de você. Assim, teria tempo de montar um hálibe e quando você chegasse, ela daria o desfecho final.
- E como você descobriu isso tudo?
- Bom, eu não cheguei a ver você, mas depois disso eu comecei a te ligar e percebi que você rejeitava as minhas ligações. Tentei passar WhatsApp e o aplicativo estava bloqueado. Pedi ajuda para Daniel e ele desconversou dizendo que estava cansado.
- Bom, se foi ele quem armou tudo isso, era óbvio que não iria te ajudar, não é?
- Exatamente! E como eu tinha urgência em resolver o problema, fui em busca de alguém que pudesse me ajudar. Descobri que o telefone tinha sido clonado e que não é possível usar o WhatsApp em dois aparelhos diferentes.
- E como conseguiu essas provas?
- Prometi que não diria isso a ninguém, porque é algo muito sigiloso.
- Tudo bem.
- Mas por outro lado, eu não posso ter segredos pra você. Só te peço que não comente isso com ninguém.
- Não vou contar.
Renato me contou em detalhes como conseguiu as provas e eu fiquei chocada com o que eu ouvi. Pra completar, colocou o CD no aparelho de som, para que eu pudesse ouvir a gravação. Era uma conversa de Daniel e Roberta, onde eles comemoravam o sucesso do plano mirabolante para me afastar de Renato.
Ao final, eu estava enojada de ouvir aquilo e pedi pra Renato tirar.
- Chega! Eu não quero mais ouvir. Desculpe Renato, sei que é seu filho, mas ouvir esse sarcasmo me enoja.
- Não se desculpe! Eu também senti isso quando ouvi esse áudio. E ele foi o estopim pra que eu tomasse uma decisão.
- Que decisão?
- Sobre o que fazer com Daniel. Não tem condições de vivermos mais no mesmo espaço.
- Quanto tempo faz que descobriu isso?
- Faz uns dias. E desde que descobri, Daniel não mora mais comigo. Expulsei ele de casa. Aliás, ele e Roberta, porque eu a proibi de vir aqui. E já que a questão dele é o meu dinheiro, ele receberá uma pensão mensalmente. Mas não terá mais o meu convívio.
- Talvez um dia você possa perdoá-lo. Afinal, rancor não faz parte da sua essência.
- Pode ser, mas por enquanto eu não consigo.
Ele pega na minha mão, me olha de um jeito que eu não consigo controlar meu impulso. Puxo sua camisa colando seu corpo ao meu. O recado é entendido no mesmo instante e iniciamos um beijo carregado de saudade e desejo.
Renato me beija com voracidade, do jeito que eu gosto.
Minha vontade por ele é enorme e eu não consigo controlar os meus impulsos. Tiro a sua camisa, e em seguida ele tira a minha. O melhor sexo é realmente o da saudade e nós não vamos deixar essa oportunidade escapar...Continua..
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Quebrando o Gelo
RomanceQuebrando o Gelo #Sinopse Júlia é uma mulher doce, mas ao tempo forte. Ao longo dos seus 35 anos já passou por diversas situações que fizeram com que amadurecesse. Divide seu tempo entre o trabalho, sua vida pessoal e os cuidados com a filha (frut...