Uma Mudança Duvidosa

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Capítulo 39

Daniel

Há sete meses atrás, meu pai me expulsou de casa. Tudo por causa daquela sonsa que ele insiste em continuar namorando.

Deixei a poeira baixar e resolvi procurá-lo novamente. Não foi fácil fazê-lo baixar a guarda, mas aos poucos estou conseguindo. Para isso, tive que mostrar que mudei em alguns aspectos e isso me custou um pouco; principalmente ter que voltar a estudar e demonstrar interesse em arrumar um emprego. Me ver trabalhando sempre foi o sonho do meu pai e portanto, se eu quisesse reconquistar sua confiança, teria que começar por aí. Comecei a demonstrar interesse na construtora também, outro sonho do senhor Renato.

Aos poucos, vou me familiarizando novamente. Durante esse tempo em que ficamos afastados, convivi com minha avó e ouvi muitos de seus conselhos. Foi seguindo eles, que consegui me reaproximar do meu pai.

Por falar em pai, acho que vou ligar para ele.

- Alô!

- Pai?

- Oi meu filho! Bom dia!

- Bom dia! Como está o seu dia hoje?

- Agora pela manhã estou indo visitar as obras de um de nossos empreendimentos e à tarde estarei em reunião. Por quê?

- Ah então deixa! Pensei em passar aí na construtora para te ver, conversar um pouco. Mas você estará ocupado o dia todo. Melhor deixar para outro dia.

- Onde você está?

- Em casa.

- Então se arruma e venha à construtora. Tem exatamente 30 minutos para chegar aqui. Tempo que ainda vou precisar para sair. Depois desse tempo, ficará difícil me encontrar hoje.

- Tá bom. Já estou indo!

Desliguei o telefone e fui tomar uma ducha. Não ia perder a oportunidade de acompanhá-lo nessa fiscalização de jeito nenhum.

Cheguei na construtora no tempo estipulado por ele. Foi difícil, mas consegui. Pedi à secretaria dele para me anunciar. Não queria invadir sua sala me prevalecendo por ser seu filho. Se queria mostrar mudanças, precisava fazer tudo direito.

Assim que ele liberou minha entrada, fui até a sua sala.

- Oi pai.

- Oi. Sente-se - ele disse, ainda de cabeça baixa. Estava analisando uns contratos.

- Então, vejo que está ocupado né?

- Um pouco. Estou analisando uns contratos, mas já estou terminando.

Esperei ele terminar para que pudéssemos conversar.

- Então, como estão as coisas, meu filho?

- Indo.

- Hummmm, não gostei dessa resposta. Como está na escola?

- Tenho me esforçado para entender as matérias. É bem puxado.

- Mas você consegue, continue se esforçando. E por que não está na escola agora?

- Hoje não teve aula. Conselho de classe.

-Entendi. E já conseguiu arrumar emprego? Esses dias você me disse que estava procurando.

- Ainda estou procurando, mas como te falei, sem experiência é difícil, ninguém contrata.

-É verdade. Experiência conta muito em qualquer mercado na hora da contratação. Mas acho que posso te ajudar.

- Como?

- O que você acha de fazer um período de experiência aqui na construtora?

- É sério que você vai me dar essa oportunidade? Eu fiz tanta besteira, quase destruí seu relacionamento, e você ainda vai me dar essa chance?

- Vou. Daniel, você é meu filho e por mais besteiras que faça, eu não posso deixar de te estender a mão quando precisa. A construtora também é sua, afinal você é meu herdeiro.

- Poxa pai, obrigado.

- Me agradeça fazendo jus a essa oportunidade que estou lhe dando. Porque será a última.

- Prometo não decepcionar. Quando eu começo?

- Que bom! Vou conversar com os acionistas na reunião de hoje e retorno com uma resposta para você.

- E o que eu vou fazer? Qual será a minha função aqui?

- Pensei em te colocar como office boy, mas, você ficaria muito tempo livre pelas ruas da cidade e teria que se locomover de moto, para ser mais rápido. Desisti né? Até porque, se depender de mim você não sobe numa moto nunca mais na sua vida. Bom, vou ter uma reunião mais tarde e até lá decido o que fazer. Por enquanto vamos visitar a obra.

- Vamos.

Saímos da construtora direto para o canteiro de obras. A construção do novo empreendimento estava bem adiantada. Durante o tour, meu pai foi me explicando sobre as etapas de construção e até que eu achei bem interessante. Só quero ver que cargo vou ocupar na construtora.

Durante o almoço, tivemos a oportunidade de conversar. Queria colher algumas informações sobre a tal namorada dele. Mas não podia dar bandeira. Não podia ser direto.

- Pai, você tem visto o tio Paulo?

- Sim. Ele e a Bruna também.

- É a tia Bruna é gente boa também.

- É sim.

- Mas é você? Não está com ninguém?

- Claro que estou. Apesar de você e sua mãe terem armado pra mim e Júlia, nós continuamos juntos se é isso que quer saber!

- Ei calma! Já disse que tudo o que fiz foi tentando proteger você. Será possível que nunca vai me perdoar por isso?

- Olha aqui Daniel, vamos deixar as coisas bem claras por aqui: Júlia é a mulher que eu amo, e nada nem ninguém irá me separar dela. Portanto, se a sua intenção é de se aproximar de mim para sondar a minha  vida pessoal, e arquitetar outro plano friamente calculado para nos afastar, fique sabendo que eu não lhe darei espaço para isso. Aliás, se quer saber, você deve a ela a oportunidade que eu estou lhe dando.

- Como assim, devo a ela?

- Porque foi dela a ideia de eu lhe oferecer uma oportunidade na empresa. Se não fosse os conselhos dela, voce continuaria por aí batendo cabeça para arrumar um emprego. Então, não tente nenhuma gracinha.

- Nossa, sua namorada me defendendo, mesmo depois de tudo o que eu fiz?

- Pra você ver como ela não é nenhuma pistoleira como você costuma dizer por aí.

- Agradeça a ela por mim?

- Negativo. É você quem deve agradecer a ela, não eu.

- Tá bom pai. Depois eu agradeço.

- Vamos para a construtora, tenho uma reunião agora à tarde.

Saímos do restaurante e partimos para a construtora. No caminho eu não troquei nenhuma palavra com ele. Até porque não tinha nem clima para isso.

Quando chegamos, ele entrou na sala de reunião, com os acionistas da empresa e sua secretária. Eu fiquei do lado de fora aguardando o sr Renato Lima me liberar.

Continua...

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