Quebrando o Gelo

Como Reagir?

Capítulo 74

Júlia

Se o delegado e Renato acharam que conseguiriam me convencer a não ir ao local para onde aqueles loucos levaram a minha filha, estavam muito enganados.

Saí da sala do delegado, virando-lhe as costas como quem quisesse dizer: "vamos porque eu preciso salvar minha filha das garras de dois loucos."

No carro de Renato, fomos eu, ele e um policial à paisana. Ao chegar ao local, Renato se identificou na portaria, mas pediu ao porteiro que não avisasse à Samantha que ele havia chegado. Pois ele queira fazer-lhe uma surpresa.

O policial e eu estávamos no banco traseiro do carro, abaixados. Próximo ao prédio, haviam outras viaturas estrategicamente estacionadas.

Renato estacionou o carro na garagem e subiu as escadas. O policial e eu fomos pelo elevador com todo o cuidado para que não fôssemos vistos. Ele tocou a campainha do vizinho ao lado do apartamento de Samantha. Já haviam combinado todo o plano.

Eu e ele ficaríamos no apartamento do vizinho, enquanto Renato entraria no apartamento de Samantha e tentaria fazer com que a louca se entregasse sem fazer nenhum mal à Bruna.

[...]

Renato

Cheguei de frente para o apartamento de Samantha e toquei a campainha. A essa altura, Júlia e o policial já deveriam estar no apartamento ao lado, aguardando o momento certo de invadir o apartamento de Samantha.

Fui recebido com um largo sorriso assim que ela abriu a porta.

- Amor, por que tocou a campainha?

- Esqueci as chaves no carro. Então, já está pronta?

- Claro! Para você eu sempre estou, meu amor! - Deu-me um selinho.

Vi quando alguém passou vindo da cozinha e saiu em seguida. Pareceu-me ser o vulto de um homem.

- Samantha, estamos com visitas?

- Acho que a única visita aqui é você, seu canalha. - Era Marcelo. Sacou a arma e a apontou em minha direção.

- Eu, ei, calma aí! Vamos conversar!

- Conversar? E por acaso você me procurou para conversar quando resolveu se envolver com minha mulher?

- Sua mulher? Que história é essa Samantha? Quem é esse homem?

- É apenas um louco que cismou que você está se envolvendo com a mulher dele.

- Estou falando de Júlia. É com ela que você está se envolvendo, não é? Você é o magnata que aquela vagabunda arrumou para se dar bem. Aquele que adotou minha filha como sua e hoje tem dela o amor que eu não tenho.

Eu não sabia o que fazer. Estava diante de dois loucos. E precisava salvar a vida de uma criança que estava em poder deles.

- Cala a boca, Marcelo! Renato é meu marido. Por acaso você está insinuando que ele está me traindo com a sua mulher?

Eu sinceramente não conseguia entender se eles estavam unidos para me confundir ou se Samantha estava realmente louca ao ponto de pensar que ainda fôssemos casados. Os dois iniciaram uma discussão.

Vi quando Bruna apareceu, assustada, olhando pela fresta da porta do quarto. Fiz um sinal para ela, sem que os dois percebessem, para que retornasse ao quarto. Ela atendeu prontamente.

Os dois continuavam discutindo e, numa fração de segundos, eu já estava com uma arma apontada para mim novamente. Tentei fazer com que Marcelo se acalmasse, mas ele estava altamente descontrolado. De repente, dois disparos ecoam no apartamento.

Continua...