Um amigo em defesa de Júlia e Renato

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Capítulo13

Daniel

Meu pai chegou no hospital hoje acompanhado do tio Paulo. Fazia um tempo que eu não o via. Desde que aquela desgraçada saiu da vida do meu pai. O relacionamento deles acabou, mas meu pai continuou mantendo contato com a família dela. O povo lá gosta do meu velho, o que não é uma tarefa difícil. Afinal, ele é um cara bacana.

Mas ele já está me sacando e se eu quiser tirar essa pistoleira da sua vida, vou ter que agir com cautela.

Bolei um plano e minha mãe vai me ajudar. Mas pra isso ela precisa estar livre de qualquer suspeita. Deixei ela comentar com meu pai sobre o que eu achava da tal de Júlia, mas só pra mexer com a mente do Sr Renato. Enquanto isso, vou bolando o plano pra acabar com essa paixonite dele.

Minha mãe disfarçou e saiu com ele do quarto. Tudo correndo do jeito que eu planejei. Eu só não contava do tio Paulo ficar aqui comigo sozinho e me passar um sermão. Cara chato!

- Então Daniel, como está se sentindo?

- Mal neh tio? Não posso fazer nada.

- Pois é. Devia ter pensado nisso antes de fazer essa merda. O que é que você tem na cabeça, cara? Você podia ter morrido sabia?

- É, mas não morri.

- Por sorte!

- Negativo! Na verdade eu não morri porque ainda tenho que salvar meu pai.

- Do que está falando?

- Tio, meu pai conheceu outra pistoleira.

- Como assim? Como sabe que ela é uma pistoleira? Por acaso você e a conheceu para estar tirando estas conclusões?

- Não, mas levando-se em consideração de que meu pai tem dedo podre pra escolher mulher, já sei que se trata de mais uma.

- Primeiro ponto: seu pai não é mais nenhuma criança, portanto eu acho que deve deixá-lo escolher o que ele quer pra vida dele e, ao que me parece ele já fez essa escolha. Você não tem que decidir por ele. Cuide da sua vida. Pare de fazer merda, por exemplo. Você tem noção do quanto você entristece seu pai com suas atitudes?

- Eu não conheço essa mulher, mas deve ser mais uma a se aproximar por interesse. E você, por acaso a conhece pra estar falando com tanta convicção? – perguntei já irritado.

- Sim. Eu a conheço e por isso estou afirmando que não ser trata de uma pistoleiro, como você pensa.

- Ahhh então foi você quem apresentou os dois?

- Não. Na verdade eu nem sabia que os dois se conheciam.

- Não entendo.

- Bom, Júlia e eu nos conhecemos há anos. Estudamos juntos por muito tempo. Ela é minha amiga.

- Meu pai sabe dessa amizade de vocês?

- Sim. É eu já lhe disse que  ela é diferente.

- Assim como sua prima também era? - não podia perder essa oportunidade.

- Sobre Samantha, seu pai já entrou no relacionamento sabendo como ela era. Tentou fazer com que ela mudasse mas a gente não pode mudar as pessoas, infelizmente.

- Concordo.

- Pois é. Veja você : vive fazendo merda, interferindo na vida do seu pai. Não perde sua arrogância, se acha o centro do mundo. E por mais que se converse com você, não consegue mudar. Sabe por quê? Porque se acha o dono da verdade. Mimado, infantil. Quando é que você vai crescer moleque? - Ouvir aquilo me deu uma raiva tão grande, mas que eu tive que engolir; até porque se eu dissesse tudo o que queria meu pai iria ouvir e eu não posso deixar ele perceber do meu plano.

- Olha aqui tio. Eu tenho meus motivos pra desconfiar dela e enquanto não a conhecer, ninguém vai mudar minha opinião.

- Ótimo então peça seu pai para apresentá-la.

- Vou pensar nisso.

- Mas me diz uma coisa Daniel.

- O quê?

- Tirando o fato de você achar que as mulheres com quem seu pai se envolve são pistoleiras, como você mesmo diz, por que o fato de ele estar com alguém mexe tanto com você?

- Tio, meu pai é um cara montado na grana, engenheiro conceituado no mercado, que mulher não gostaria de estar colada num homem desses?

- Júlia. Olha aqui menino, deixa eu te contar uma coisa que talvez nem sei pai tenha te ensinado : nem todas as pessoas se encostam nos outros. Nem todo mundo gosta de se aproveitar do outro. - disse isso já bem irritado.

- Bom, como eu disse só posso mudar minha opinião depois que conhecer essa tal de Júlia que está virando a cabeça do meu pai.

- Então faça o que eu disse.

- Já disse que vou pensar nisso.

- Vou te dar só um aviso :  PARE DE AGIR COMO UM GAROTO MIMADO E DEIXE SEU PAI SER FELIZ! - falou isso apontando o dedo na minha cara.

- Por acaso você está me ameaçando tio?

- Entenda como quiser, mas esteja certo que eu não vou permitir que você atrapalhe o relacionamento dos dois. Eles se gostam, queira você, ou não.

- Ok. Já acabou a sessão sermão?

- Sim. Meu recado está dado. Estou com os olhos bem abertos em você!

Meus pais retornaram pro quarto e ele se despediu deles. Mas não deixou de me fazer o lembrete antes de sair. Nem me dei ao trabalho de responder. Minha mãe também foi embora e ficamos apenas meu pai e eu no quarto.

Continua...

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