O Início da Investigação

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Capítulo26

Renato

Acordei ansioso hoje. Roberta chegou e apenas a cumprimentei.
- Bom, vou aproveitar que você chegou e vou embora. Tenho muita coisa para resolver hoje na construtora.
- Tudo bem. Renato, estou de folga hoje, se quiser, posso ficar aqui. Hoje e você vem só amanhã.
- Vemos isso mais tarde, ok?
- Ok.
Saí de lá e fui pra casa. Precisava de um banho e um bom café da manhã para me recompor. No caminho, tentei ligar pra Júlia. Mas ela continuava não me atendendo. Mas que merda! Por que ela não me atende? Saindo do banho meu telefone toca. Corri pra atender, achando que fosse ela. Mas pra minha surpresa era Paulo. Será que aconteceu alguma coisa com Júlia e ele está querendo me avisar?
- Alô!
- Seu filho da puta de merda!
- Eita! Bom dia pra você também, Paulo!
- Bom dia só se for pra você!
- O que houve cara? Que mal humor matinal é esse?
- Quando você começou a se envolver com a Júlia eu te avisei que era pra pular fora se a intenção fosse magoá-la não foi?
- Sim, mas eu não a magoei.
- Ah não? E como você acha que ela está se sentindo depois do que você aprontou ontem?
- O que eu aprontei? O que foi que eu fiz?
- Não se faça de desentendido, Renato.
- Cara, eu não estou entendendo o que está dizendo. Estou indo para a construtora agora. Chego em 30 minutos. Te encontro lá.
- Estou indo.
Aquela conversa me deixou atordoado. Estava tudo bem entre mim e Júlia. Não vejo nada que eu tenha feito para magoá-la.
Cheguei na construtora e minha secretária me avisou que Paulo me aguardava na minha sala.
Entrei na sala e ele estava sentado no sofá, de frente pra porta.
- Bom dia Paulo, está mais calmo?
- Bom dia. Calmo eu só vou ficar quando você me explicar por que você magoou a minha amiga.
- Paulo, Júlia e eu tivemos uma noite fantástica anteontem. Dormimos juntos, coisa que eu não faço há anos, você mesmo sabe disso.
- E no dia seguinte?
- No dia seguinte, preparei um belo café da manhã para nós dois. Queria surpreendê-la. Tomamos café na cama e eu pedi ela em namoro. Tudo bem que isso parece atitude de um adolescente, mas eu nem me importei com isso.
- E depois?
- Deixei Júlia em casa e fui para o hospital. Liguei pra ela algumas horas depois; estava com saudades dela e ouvir sua voz me conforta. Mais tarde, à noite tentei ligar novamente, mas ela não me atendeu. Aliás, não está na atendendo mais.
- No lugar dela eu também não te atenderia. Aliás, eu nem iria querer olhar na sua cara.
- Mas por quê? O que foi que eu fiz pra merecer isso?
- Ah você não sabe?
- Não.
- Júlia recebeu uma mensagem sua no fim da tarde, pedindo que ela fosse ao seu encontro no hospital. Ficou preocupada, pois mais cedo, quando você ligou para ela, pareceu estar chateado.
- Sim. E eu estava. Havia discutido com minha mãe.
-Por quê?
- Porque ela usou o mesmo discurso de Daniel em relação à Júlia. Ele fez com que ela acreditasse que ela é uma interesseira.
- Você contou isso à Júlia?
- Claro que não! Até porque eu sei que ela não é. A gente se gosta de verdade.
- Sim, eu vejo isso entre vocês: um sentimento verdadeiro. Mas ela está muito magoada.
- Você disse que ela recebeu uma mensagem minha no final da tarde. E nessa mensagem eu pedia a ela para vir ao hospital.
- Exatamente.
- Bom, até o momento em que nos falamos no telefone, estava tudo bem entre nós. Não havia nenhum motivo para que ela estivesse magoada comigo. O que houve daí pra frente que fez mudar o rumo da nossa história?
- Então, Júlia recebeu sua mensagem e foi correndo ao hospital. Achou que precisasse de ajuda, de um afago... Quando ela chegou lá, se apresentou na recepção e ia pedir que ligassem pro quarto de Daniel pra anunciar a chegada dela. Mas nem chegou a fazer isso.
- Por quê?
- Porque ela viu você beijando outra mulher no hall do hospital.
- Puta que pariu!
- Por acaso essa mulher era a Roberta?
- Sim.
- Porra Renato, você está de sacanagem, né?
- Paulo eu não beijei Roberta. Nunca tentaria algo com ela, você sabe disso.
- E como você explica isso, então?
- Roberta apareceu no hospital sem avisar. Disse que teve uma sensação estranha, sei lá. E aí pensou no Daniel e resolveu ir mesmo sem avisar. Depois me disse que precisava falar comigo, mas me deu a entender que Daniel não podia ouvir.
- E aí vocês saíram do quarto e foram andando pelos corredores, até chegar no hall, acertei?
- Exato. Chegando lá, ela se virou de frente pra mim e me beijou.
- E foi nessa hora que Júlia chegou e assistiu tudo. Entende por que ela está magoada com você?
- Entendo. Mas eu não tive culpa. Não beijei Roberta.
- Mas foi o que pareceu para ela. Pelo que vejo, armaram pra você. E posso apostar que tem dedo do Daniel aí.
- Será? E Roberta se prestou a esse papel? A troco de quê?
- Nunca reparou como ela te olha? Ainda é apaixonada por você. E com certeza já percebeu o quanto você gosta da Júlia. Renato, mulher é foda, cara!
- Ontem ela me disse isso. Que ainda tem um sentimento por mim, que não me esqueceu. Mas deixei claro para ela que nosso filho é o único elo que nós temos. Não existe a menor possibilidade de voltarmos a ter um relacionamento. Se antes já não tinha, agora mesmo é que não tem.
- Bom, já temos uma suspeita sobre a armação né? Agora precisamos pensar como fazer pra provar.
- Cara, a Júlia precisa acreditar em mim. Eu vou falar com ela!
- Não, você não vai.
- E vou deixar ela pensar que sou um mau caráter? Desculpe Paulo, mas esse não sou eu.
- Esse cara afobado também não é você, não é, Renato? Pra convencer a Júlia você terá que ter provas de que foi vítima de uma armação. Ela não faz ideia do que Daniel e Roberta sejam capazes e você terá que mostrar isso a ela. Só assim ela vai acreditar em você.
- Entendi. Bom, ontem à noite quando eu liguei pra ela, ela não me atendia. Fui dar uma volta pelo hospital. Parei na cantina pra fazer um lanche e conversei com o atendente no final do expediente.
- E aí?
- André é um rapaz novo. Daí pensei que ele pudesse me ajudar. Eu até tinha pedido ajuda a Daniel, mas ele estava cansado e disse que veria o problema do telefone depois. Mas eu tinha pressa de resolver, né? Não dava pra esperar.
- Sem falar que se ele estiver envolvido nessa história não vai te ajudar, né? Isso é até óbvio.
- Pois é. Então, eu conversei com André. Expliquei a ele o problema. Ele verificou e disse que meu celular foi clonado. E que alguém estaria usando meu WhatsApp de outro aparelho. Como a conta é única, não há como usar o WhatsApp em dois aparelhos ao mesmo tempo e, por isso, o meu ficou bloqueado.
- E aí? Como se resolve isso?
- Ele disse que tem um amigo que é hacker e podia me ajudar. Marquei com eles aqui na construtora às 11 horas.
- Bom, vou ficar por aqui. Quero entender essa história de clonagem de WhatsApp. Posso?
- Claro!
- Beleza! Vou dar uma volta pra resolver umas coisas e volto às 11 horas. Assim você consegue trabalhar.
- Tenho milhões de coisas pra resolver, mas não consigo me concentrar. Nem sei por onde começar.
- Amigo, vou deixar você ser encontrar aí. Até mais tarde.
- Até.
Já eram 9:30 e a impressão que eu tinha era que as horas se arrastavam. Consegui analisar alguns projetos e pedi a minha secretária para desmarcar as minhas reuniões.
Uma hora depois, Paulo chegou e, em seguida, André e seu amigo hacker. Minha secretária os anunciou e eu autorizei a entrada deles na sala.
- Bom dia Sr. Renato, esse é o Wallace, o amigo que lhe falei.
- Bom dia! Muito prazer Wallace. - Eu o cumprimentei. - Sentem-se por favor!
- André me falou que seu WhatsApp foi clonado. O que acontece quando o senhor tenta enviar uma mensagem?
- Sim. Ele está travado. Não funciona.
- Posso ver?
- Claro! - Entreguei o celular a ele, que começou a analisar a aparelho.
- Como André disse ao senhor, seu WhatsApp foi clonado. E não há como acessar o aplicativo do seu aparelho porque ele está sendo usado em  outro.
- Que certamente é de quem fez a clonagem.
- Exatamente.
- Falei com meu filho quando identifiquei o problema e ele disse que eu teria que restaurar o celular. É verdade?
- É o que o senhor quer?
- Na verdade eu não sei o que fazer.
- Bom, o senhor poderia mudar de número, fazer uma outra conta.
- Mas aí eu teria que atualizar meus contatos informando esse novo número.
- E isso tomaria muito tempo, não é?
- Sim.
- Nesse caso, o senhor pode identificar a pessoa que fez a clonagem. Provavelmente é alguém do seu convívio.
- Você consegue identificar essa pessoa?
- É possível saber em que número ele está funcionando sim. Se o senhor me autorizar, eu posso fazer isso.
- Por favor! Eu preciso descobrir quem fez isso.
- O senhor não desconfia de ninguém?
- Desconfio. Mas preciso ter provas antes de tirar alguma satisfação.
- Entendo.
- Quanto tempo você precisa para descobrir o autor dessa façanha?
- Em alguns minutos eu descubro em que número ele foi pareado. Ou seja, em que aparelho ele está funcionando. Quanto ao autor da façanha, como o senhor mesmo diz, eu vou precisar de alguns dias.
- Alguns dias?
- Sim. Porque terei que entrar em contato com um amigo que trabalha numa operadora de telefonia. Ele tem acesso aos sistemas e consegue descobrir em nome de quem o telefone está registrado.
- Entendi. Bom, não tenho outra saída, a não ser esperar, não é?
- Infelizmente não. Mas, senhor, essas informações são sigilosas.
- Sim, claro! Eu não vou dizer nada a ninguém. Só preciso das provas. Mas ninguém saberá quem as conseguiu pra mim. Podem contar com a nossa discrição!
- Obrigado.
Ele permaneceu na sala verificando o aparelho. Eu e Paulo, conversávamos enquanto ele trabalhava. Em 10 minutos, ele desvendou parte do mistério.
- Senhor!
- Sim... - Eu olhava pra eles ansioso.
- Já tenho o número do contato da pessoa que clonou o seu aparelho. Já passei o contato para o meu amigo. Em 3 dias ele me dará o nome da pessoa e eu entro em contato com o senhor.
- Tudo bem.
Acertamos os valores dos serviços e eles se foram. 
Minha ansiedade só cresce. Mas vou ter que esperar mais 3 dias.
Paulo e eu marcamos de almoçar juntos. Depois que os meninos saíram, tentei me concentrar no trabalho, mas estava bem difícil.

Continua...

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