A Decepção

41 1 0
                                    

Capítulo24

Júlia

Eu simplesmente não acreditava naquela cena que presenciava. Renato aos beijos no Hall do hospital com outra mulher. Foi para isso que ele pediu que eu viesse?

Nunca imaginei que fosse capaz de fazer isso comigo. Me abri para ele, contei minha história, deixei claro com ações o quanto eu estava envolvida. E, sinceramente, eu achei que ele também estivesse.

O que faz um homem agir de uma forma excepcional com uma mulher durante toda uma noite e, no dia seguinte, ser capaz de um ato tão cruel como esse?

Até horas atrás estava tudo bem. De uma hora para outra o cara me manda uma mensagem pedindo para que eu venha ao seu encontro. Para quê? Para que eu o veja beijando outra? Isso foi cruel demais para mim.

Vou seguir o meu caminho e mais uma vez tentar encontrar alguém que seja realmente capaz de me fazer feliz. Pensei que pudesse ser Renato, mas, pelo que vejo, mais uma vez me enganei.
Saindo do hospital, tomei um táxi. Mas eu estava muito chateada para ir para casa. Resolvi caminhar na orla. O contato com o mar sempre me fez bem. Cheguei na praia, tirei os sapatos e fui caminhar na areia. Esse contato me faria bem. Meu telefone tocou e eu o peguei na bolsa imaginando ser minha mãe. Mas para minha surpresa, era Renato.

Resolvi não atender. Afinal, para mim não havia nada a ser dito. E eu não tinha a menor vontade de ouvi-lo. Foram várias ligações perdidas. Rejeitei todas elas. Desliguei o celular por algum tempo. Queria me isolar do mundo. Sentei na areia e, de cabeça baixa eu chorei, não sei ao certo por quanto tempo eu fiquei ali.

Mas precisava daquele momento sozinha. Durante esse tempo eu pensei muito. Relembrei os momentos que eu e Renato tivemos juntos. Tudo o que dissemos um ao outro e eu não conseguia entender o que ele fez.

Fiquei me perguntando se a história dele com Samantha era realmente verdade. Conheço bem a figura, mas será que foi dessa forma que ele me contou? Será que ele não abriu brecha para que ela fizesse o que fez?

Minha cabeça dava mil voltas. Por mais que eu tentasse, não conseguia ver outra explicação: eu havia caído numa conversinha fiada de um homem sem o mínimo de caráter. E estava com muita raiva. Minha vontade era de gritar, mas nem isso eu conseguia.

Eu já estava sem forças e a única coisa que eu conseguia fazer era chorar. Estava de cabeça baixa, quando senti alguém tocando no meu ombro. Era Paulo. É incrível como meu amigo sempre aparece quando mais preciso.

Paulo me acolheu no seu abraço e eu simplesmente desmontei. Desabei a chorar e ele não disse uma única palavra até que eu parasse.

- Ei gatona, quer conversar?

- Paulo, eu não consigo acreditar que ele foi capaz de fazer isso comigo.

- Vem comigo.

Saímos dali e Paulo me levou a sua casa. Chegando lá, cumprimentei a Bruna e fomos para o escritório.

- O que foi que o filho da puta do Renato fez? Porque para você estar desse jeito, só pode ter sido ele.

- Recebi uma mensagem dele me pedindo para ir ao hospital. Mais cedo me ligou, parecia aflito.

- Conhecendo você como eu conheço, aposto que você foi ao hospital certo?

- Sim. Quando cheguei lá, fui na recepção pedir que ligassem para o quarto. Até porque eu não queria impor a minha presença ao filho dele, né?

- Melhor mesmo. Já que ele acha que você é uma interesseira.

- Pois é. Mas nem cheguei a anunciar minha presença.

Quebrando o Gelo Onde histórias criam vida. Descubra agora