Uma Nova Chance

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Capítulo40

Renato

Estava na construtora analisando uns contratos quando meu telefone tocou. Era Daniel. Aproveitei a conversa para seguir o conselho de Júlia. Fomos ao canteiro de obras e senti que ele se mostrava interessado no que via.  Fiquei analisando ele e percebi que estava se esforçando pra me mostrar que mudou. Mas acho pouco tempo para uma mudança tão radical. Enfim... Vou continuar acompanhando ele de perto e, trabalhando na construtora fica mais fácil de eu acompanhar esse processo.

Durante o almoço, senti que ele estava inquieto, queria me dizer alguma coisa, mas não sabia por onde começar. Disfarçou perguntando sobre Paulo. Respondi sua pergunta e complementei dizendo que também encontrava com a esposa dele. Disse isso só pra provocar ; sabia que a intenção dele era perguntar sobre Júlia.

Quando ele perguntou se eu estava sozinho, foi a brecha que eu precisava. Revelei que eu e Julia estamos juntos e que nada nem ninguém irá nos afastar. Avisei que era bom que ele nem tentasse. Se fez de vítima, odeio quando faz isso.

Mas fiz questão de deixar bem claro que não vou permitir que se meta na minha vida pessoal. Aproveitei para revelar que estava seguindo os conselhos de Júlia quando decidi dar uma oportunidade para ele na empresa. Ele, obviamente ficou surpreso. Afinal, julga minha pequena como uma pistoleira. Fez de tudo para nos afastar e ainda assim, ela não guardou mágoas dele. Ao contrário, ela sempre procurou amenizar a nossa situação e várias vezes me incentivou a perdoá-lo.

Voltando à construtora, fui a sala de reuniões. Iniciamos a tarde discutindo alguns tópicos do novo empreendimento e sugerindo novas propostas ao nosso cliente. Ao final da reunião, pedi a Cássio que ficasse na sala comigo. Queria definir o destino de Daniel aqui na empresa. Cássio e eu somos sócios há anos e eu só confiava nele para monitorar Daniel.

- Mas, por que você não põe ele como office boy? Estamos mesmo precisando de um.

- Porque como office boy ele fica com tempo de sobra pra aprontar pelas ruas da cidade, Cássio. Eu preciso mantê-lo debaixo dos meus olhos, mas não posso deixá-lo muito próximo a mim. Pois caso eu faça isso, ele ficará me monitorando e eu não quero dar a ele essa oportunidade.

- Entendi. Bom, posso trazê-lo para a minha equipe. Ele pode trabalhar como um assistente. Como ainda estuda trabalhará por meio período. Com a sobrecarga de trabalho que temos aqui, ele não terá nem tempo de pensar em alguma besteira, quiçá realizá-las.

- Ótimo. Vou chamá-lo aqui para darmos a notícia a ele.

Peguei o telefone e liguei para a dona Diva, pedindo que dissesse a Daniel para entrar na sala de reuniões. Ao entrar, apresentei a ele seu chefe.

- Boa tarde!

- Boa tarde. Sente-se Daniel. - Ordenei. - Esse é Cássio, meu sócio aqui na construtora e seu novo chefe.

- Muito prazer.

- Muito prazer, meu jovem.

- Cássio é um excelente engenheiro e irá te ensinar tudo o que sabe na nossa área.

- Tudo bem, pai. Quando eu começo?

- Pode começar depois de amanhã. Irá trabalhar meio período, de segunda à sexta-feira. De manhã, irá à escola normalmente. Depois do almoço, deverá vir à construtora. Seu trabalho será interno. Quero que absorva todos os ensinamentos do Cássio. Não faça corpo mole.

- Eu não vou fazer pai. Vou mostrar pra você que sou capaz de ser uma pessoa melhor.

- Não mostre a mim, mas sim a você.

- Tudo bem.

- Quero que você entenda que isso é um trabalho e, portanto, deve ser levado muito a sério. Aqui, você terá os mesmos direitos que todos os outros funcionários. Nada a mais ou a menos. Amanhã, você irá fazer seu exame admissional e ao sair da clínica, deverá vir aqui para trazer seus documentos. Eu mesmo irei enviá-los ao RH da empresa.

- Sim senhor!

- E outra coisa : tenha um bom rendimento escolar. Isso é primordial para um assistente júnior permanecer trabalhando na nossa empresa.

- Pode deixar pai. Sei que não vai ser fácil, mas vou me esforçar. Darei o máximo de mim.

- Assim é que se fala.

- Posso ir?

- Sim. Me aguarde na minha sala. Estou terminando umas questões com Cássio e já estou indo lá.

- Ok.

Daniel saiu da sala e eu e Cássio continuamos nossa conversa. Mas ele achou que fui muito duro com ele.

- Renato, vai com calma amigo.

- Cássio, ele precisa de limites. E se eu não der, corro o risco de perder as rédeas de vez.

- Eu sei. Mas ainda assim, vai com calma. Ele está tentando mudar e só em voltar a estudar, procurar trabalho, já demonstra que quer ser uma pessoa diferente. Ele precisa de estímulos. Vou fazer o que puder para ajudá-lo e acho que você também poderia fazer o mesmo. 

- Estou fazendo Cássio.

- Amigo, tire essa mágoa do seu coração. Baixe as armas. Pense nisso.

- Ok, vou pensar.

Voltei para a minha sala e Daniel estava lá a minha espera.

- Pai, quais são os documentos que preciso trazer amanhã?

Vou pedir à dona Diva para imprimir a relação de documentos.

Liguei para a minha secretária e pedi a ela que imprimisse a relação dos documentos necessários para a sua contratação. 

Dois minutos depois, dona Diva adentrou minha sala com a relação de documentos que Daniel teria que trazer. Entreguei o papel a ele. Daniel o guardou, se despediu de mim e foi embora. Fiquei na construtora mais um pouco e depois fui para  casa. Estava muito cansado.

No caminho, liguei para a Júlia e contei  sobre o dia de hoje. Ela ficou muito feliz.

Estamos torcendo para que Daniel tenha realmente mudado, mas acho difícil; Júlia acredita que seja verdade e diz que preciso dar a ele um voto de confiança. Confesso que estou tentando. Vamos ver onde isso vai dar. Estou com os olhos bem abertos.

Continua...

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