Quebrando o Gelo

Nem tudo é o que parece

Capítulo 42

Daniel

Faz duas semanas que estou trabalhando na empresa. Meu pai não quis que eu trabalhasse na equipe dele e me pôs pra trabalhar na equipe do Cássio.
Tenho aprendido muita coisa com ele, mas acho ele um cara bem estranho. Ainda não comentei sobre isso com meu pai, até porque ele não me daria crédito algum. Prefiro descobrir qual é a desse cara. E dessa vez, vou agir sozinho. Porque a merda que der eu assumo, sem pôr ninguém em risco.
Estamos com uma obra com o prazo estourando e por isso, temos trabalhado bastante para cumprir o cronograma. Para anunciar a entrega do empreendimento, haverá uma grande festa e até nisso eu estou trabalhando também. Fechando orçamentos, ajustando contratos... Nunca.... Nunca pensei que fosse trabalhar tanto.
Estava no corredor da empresa, quando Cássio me chamou.
- Daniel, venha a minha sala por favor?
- Sim, claro!
- Feche a porta. - Ele pediu. Me sentei e olhei bem dentro dos olhos dele. Ele dificilmente me encara. Comportamento típico de quem esconde alguma coisa.
- O que houve chefe? Parece preocupado.
- Não estou não. É só o cansaço. Vou precisar me afastar por uns dias e preciso da sua ajuda.
- Logo agora que estamos com o prazo estourando?
- Desculpe, mas é necessário. Minha mãe está muito doente e eu preciso visitá-la. Mas não se preocupe, nossa equipe é grande e muito eficiente. Daremos conta do recado. Além disso será uma oportunidade de mostrar ao seu pai a sua capacidade.
- E o que quer que eu faça?
- Quero que ajude a equipe no cumprimento dos prazos. Junior vai te ajudar, já passei as instruções para ele.
- Tudo bem. E quando o senhor volta?
- Ainda não posso definir, mas pretendo voltar antes da festa em comemoração ao novo empreendimento. Falando nisso, você chegou a entrar em contato com alguma gráfica para resolver sobre os convites?
- Agendei três visitas para analisar os valores. Ia te passar o orçamento para aprovação esta semana, mas agora vejo que não terá cabeça para pensar em festa, não é?
- Certamente.
- E a quem eu encaminho então?
- Faça o seguinte, decida com Junior e passe os valores para seu pai.
- Tudo bem. Quando você viaja?
- Hoje no final da tarde.
- Tudo bem. Deixe comigo.
- Estou contando com você, garoto!
- Não irei lhe decepcionar.
- Sei que não.
- Melhoras para a sua mãe.
- Obrigado.
Saí da sala com a ligeira desconfiança de que essa história de mãe doente está muito mal contada. Não acreditei em uma única palavra.
Depois que Cássio saiu da empresa, dei um jeito de entrar na sala dele para ter acesso ao computador. Do jeito que tem trabalhado, certamente fez a compra da passagem enquanto estava aqui trabalhando. Ele é tão ‘esperto’ que deixou o e-mail aberto.
Vasculhei todo o e-mail dele em busca de uma pista. Encontrei uma mensagem na caixa de entrada e  quase duvidei quando vi o nome do remetente da mensagem. Sabia que esse cara estava escondendo alguma coisa, mas se for o que eu estou pensando, dessa vez ele passou de todos os limites.

Continua...