34º Capítulo

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[29/06/18 — Sexta-feira — 10h29]

— Tem certeza que não quer que eu te acompanhe? — Perguntou Alex, antes de Carlos abrir a porta do carro.

— Não precisa, pai, acho que vai ser bem rápido. — Respondeu ele, já abrindo a porta. — Qualquer coisa eu te mando uma mensagem. — Dera um beijo na bochecha de Alex, antes de se retirar.

Ao fechar a porta, Carlos caminhara em direção as grandes portas de vidro da YuTech, e as adentrara. Seu objetivo lá dentro era dar andamento em algumas pendências de seu afastamento na empresa. Apesar de seu atestado já ter acabado, ainda estava liberado de trabalhar, segundo Misha. Afinal, seus 30 dias de recuperação concedidos por ela ainda não haviam acabado.

Carlos sentira um calafrio e em um flash rápido de lembrança, uma imagem preenchera sua visão da noite em que foi baleado. Só de contemplar o hall luxuoso do prédio, fora capaz de recapitular os momentos em que ele passava por aqueles corredores sobre uma maca, sendo levado para a ambulância. Ouviu sirenes, carros buzinando e pessoas gritando de desespero. Tudo por 1 segundo.

Ao voltar por si, Carlos continuou andando em direção a catraca e posicionou sua mão no painel. Sua passagem foi liberada e caminhou em direção aos elevadores.

Adentrou um em específico, onde somente aquele levaria até o 61° andar. Durante aqueles dias, ele não tivera notícias de Luke. Sabia do risco que era estar na empresa e encontrá-lo por ali, mas ele já estava preparado assim que tivera a vontade de vir. Não queria ter que lidar com Luke agora. Talvez nunca.

Enquanto subia, ao pressionar o botão do 37° andar, Carlos olhou para o anel em seu dedo. Anel ao qual Wesley havia lhe dado quando lhe pediu em namoro. Carlos não quis tirá-lo, pois lhe agradava a ideia de ter algo de Wesley enquanto ele estava ocupado durante esses dias todos.

Tinha a esperança de que ele voltaria para si, algum dia. Mesmo que Wesley tenha deixado claro em suas atitudes e palavras, que aquilo poderia não acontecer.

As portas se abriram, e ele se retirou do elevador já indo a caminho do escritório. A porta fora aberta automaticamente assim que sua passagem é liberada através do painel digital ao lado. Carlos caminhou pelo curto corredor até sua visão ser preenchida com o ambiente moderno do escritório e os funcionários exercendo suas funções.

Sentiu algo. Como se aquela fosse a primeira vez que ele via o ambiente, ao renascer. Apesar de tudo estar igual, Carlos se sentiu indiferente estando ali.

Ele foi caminhando até a sala de Misha, e viu alguns dos poucos funcionários sorrirem em sua direção e perguntar como ele estava. Foi educado e retribuiu a atenção, sorrindo e agradecendo timidamente. Não esperava que os funcionários fossem gentis com ele, mas depois do que aconteceu, era absolutamente normal que eles se preocupassem.

Durante o percurso, Carlos parou quando viu sua mesa. Estava exatamente do jeito que deixou da última vez. Se lembrou dos documentos que estavam na mesa, e na mesma ordenação que os havia posicionado da última vez em que trabalhou com eles. Achou intrigante que ninguém mexeu na sua mesa, ao que parecia.

Continuou seu percurso até a sala de Misha, e a viu sentada na ponta de sua mesa enquanto parecia conversar com alguém que estava na poltrona. Carlos não conseguiu identificar muito bem a pessoa, mas pelo seus cabelos loiros, ele tinha uma ideia. E sentiu o corpo arrepiar ao pensar nele.

Antes de entrar, ele educadamente bateu de leve na porta de vidro, e vira que Misha sorriu em sua direção através da janela. Gesticulou com a mão para ele entrar.

Carlos adentrou timidamente.

— Com licença. — Ele disse, e fechou a porta.

— E falando nele. — Disse ela, enquanto ia em direção à ele.

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