58° Capítulo

1.2K 161 60
                                    

[31/08/18 — Sexta-feira — 22h48]

— Obrigada, Luiz. — Amanda agradeceu ao seu motorista pessoal enquanto saía do veículo. — Não precisa nos esperar.

Em seguida ela acenou para Luiz, assim que o carro foi virando para entrar na faixa, logo em frente à casa noturna. E Carlos sentiu sua amiga entrelaçar um braço no seu, e seguirem até a curta fila na entrada do estabelecimento.

— Então. — Amanda puxou assunto, ao se posicionarem. — Consegue sentir a sensação?

Carlos levantou suas sobrancelhas rapidamente. Estava ansioso.

— Sinto alguma coisa. — Ele disse. Os punhos estavam cerrados dentro do bolso da calça de sarja. — Só não sei se é bom ou ruim.

Amanda riu e se acomodou um pouco mais nele.

— Relaxa, Carlinhos, é só música e dança.

— Sim, é. — Olhou para os lados. Observando todas aquelas pessoas rindo e conversando na entrada da casa noturna. — Música, dança, pessoas... bastante até. Não imaginei que estaria tão cheio assim, e isso é só aqui fora. Quer dizer, é sempre assim? Não acho que tudo isso de gente cabe dentro desse lugar. Quer dizer, não é tão pequeno assim, mas... sabe? É tipo, muita gente.

Amanda riu alto. O que acabou trazendo a atenção de todos ali presentes, em ambos, por um segundo.

— Não precisa surtar, Carlos. — Amando afagou o braço dele, enquanto sorria. — Nada de ruim irá acontecer, pode ficar de boa. Foi como eu disse: só temos a ganhar hoje.

Embora Carlos acreditava nas palavras de sua amiga, e no pouco conforto que elas traziam, era inevitável se sentir nervoso. Ele sequer se lembrava da última vez em que foi à uma festa — com exceção a da empresa. Seu próprio aniversário não foi exatamente uma festa, apenas seus pais e seus poucos amigos compareceram.

Carlos preferia não ter que comparecer em celebrações. Eram barulhentas demais, e muito interativas. Coisa que ele se sentia incomodado em ter que participar. A ideia de passar várias horas, seja em pé ou sentado, conversando e ouvindo músicas que geralmente não são do seu gosto pessoal, era torturante. Por isso sempre recusava o convite de seus pais a irem com eles numa festa de aniversário de algum filho do colega de trabalho deles. Eram previsíveis e entediantes demais. E pra ele, era muito mais produtivo ficar em casa jogando videogame.

Mas agora ele estava ali. Adentrando as portas de uma casa noturna LGBT bem conhecida em sua cidade. O volume da música de uma diva pop aunentava à medida em que ambos se aproximavam da pista de dança. Estava cheio. Pessoas dançavam até mesmo fora da pista, ou perto das grandes mesas redondas. Mas ainda era possível de se locomover sem dificuldades.

Carlos pôde ver que Amanda, conforme caminhava, emitia um gingado que entrava em harmonia com o ritmo da música. Estava pronta pra dançar ali mesmo, e aparentemente não haveria nada que pudesse impedí-la.

— É muito alto! — Disse Carlos, gritando com sua voz abafada devido à música, próximo ao ouvido de Amanda.

— Eu sei, não é legal? — Ela gritou de volta. — Quer tomar um drinque?

Carlos olhou para onde Amanda havia gesticulado, indicando um bar circular bem decorado e iluminado. Algumas pessoas estavam ali, mas ainda havia espaço no balcão.

— Amanda, você sabe que eu não bebo! — Disse, com a voz ainda elevada.

— É só um drinque, Carlinhos! — Amanda o segurou no pulso, levando-o até lá. — Pra começar a noite!

IMPÉRIO [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora