71° Capítulo

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8° Período: Demônios

[26/09/18 — Quarta-feira — 15h37]

Carlos se levantou da cadeira giratória e foi a caminho da impressora próxima a estante de livros, ainda em sua sala. A impressão dos 3 documentos que solicitou havia sido veloz e, assim que retirou do suporte, ele marcou alguns dos itens daquela lista enorme e logo partiu em direção a sala de Luke afim de entregá-los.

— Aqui. — Disse, colocando-os sobre a superfície de vidro. Luke estava de pé atrás da mesa, digitando algo no celular. — Também marquei as horas em que um carro entrou e saiu do condomínio a partir do momento em que te encontrei desacordado.

Uhum. — Luke murmurou, ainda atento em seu smartphone.

Carlos apoiou as duas mãos na mesa, encarando e estudando sua postura e gestos. Não era sempre que o via usar camisa social sem gravata mas, naquela manhã, havia sido a exceção. Luke provavelmente não estava acostumado a dormir no sofá, pois havia acordado atrasado para ir à empresa — e seu celular estar longe da sala, contribuiu para que não o escutasse despertar. O que definitivamente resultou em se arrumar o mais rápido que pôde e abandonar o uso da gravata pra que não chegasse tão tarde. Mas, apesar de tudo, Carlos o achou mais atraente assim.

— Luke. — Chamou pela atenção dele, pois ainda estava focado no quer que fosse no celular. E Luke lhe olhou, com dúvida nas feições.

— Que foi? — Inquiriu, inocente.

Carlos sorriu, desacreditado.

— Você ouviu o que eu disse?

Luke só precisou de 2 segundos para recapitular o que o garoto havia dito, até enfim levar seu olhar para a mesa. Notando nos documentos que ele trouxe.

— Ah. Valeu. — Pusera o celular sobre a mesa, apanhando os papéis.

— Conseguiu alguma coisa das câmeras? — Carlos perguntou, inserindo as mãos no bolso.

— Ainda tô checando. Pode levar um tempo. — Respondeu, se sentando na ponta da mesa e averiguando os itens que Carlos marcou em verde claro.

Carlos suspirou demoradamente, olhando para as janelas.

— Isso é muito estranho, não acha? — Disse, após alguns segundos. — Quer dizer, quem poderia ter entrado na sua casa e ter saído sem mais e nem menos? Acho que lá é o lugar mais seguro do que aqui na empresa, e a sua IA com certeza lhe avisaria se algo estivesse errado. — Dizia, andando lentamente pela sala. — E você ainda estava machucado e nem sequer se lembra do que aconteceu. Eu não consigo entender.

— Talvez eu possa ter caído e batido com a cabeça no chão. Só isso.  — Luke disse, dando de ombros e colocando os documentos de volta a mesa. Encarava Carlos, agora. — Quanto a porta... eu provavelmente posso ter esquecido de fechar. Às vezes acontece.

Carlos o encarou de volta. Não estava convicto, mesmo que Luke passasse essa impressão através do meio sorriso. Então suspirou novamente.

— Não sei. — Disse, cruzando os braços e olhando para os tênis. — Não tenho um bom pressentimento disso tudo, Luke.

— Que isso, pode ficar despreocupado. — Disse, indo lentamente até ele. — É normal que eu acabe esquecendo a porta aberta, e tem dias que vivo me machucando o tempo todo. Principalmente quando estou treinando na academia.

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