2° Capítulo Extra: Nós

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[ LUKE ]

Carlos me disse uma vez que comprei esse Iate apenas por esporte. Que estava alimentando uma cultura de exibicionismo, exagero, coleção ou até mesmo uma aquisição pra manter a economia nos eixos. Bom... Prefiro dizer que isso quase estava sendo intitulado como desperdício.

A gente não tinha um lugar adequado e interessante pra comemorar o ano novo. Carlos e eu já passamos o natal com sua família, então precisávamos de um lugar novo e longe dos parentes. No começo, meu namorado ficou meio inseguro, porque, por mais que fosse decisão dele, a ideia de comemorar uma data como essa longe dos pais o deixava assustado. E eu entendo, me senti exatamente assim quando decidi sair da casa da minha mãe e morar sozinho. Nem sempre é fácil tomar essas decisões, principalmente quando envolve quem a gente ama.

Foi aí que tive a ideia de vir pra cá e ainda impedir que a embarcação enferrujasse no porto. Ainda me lembro perfeitamente da reação de Carlos quando sugeri aquilo. Uma mistura de alegria e cansaço com o fato de estar recuperando o fôlego depois de uma boa trepada. Comentou que haveria uma queima de fogos de artifício na praia e já estava convicto que acompanharia tudo pela TV. Mas saber que o Iate estaria posicionado bem perto do lugar, foi o suficiente pra ele se levantar da cama e já começar a separar as roupas de banho.

De uma maneira ou outra, eu precisava dar um uso pro barco. Está fazendo um calor do cacete ultimamente e faz um bom tempo que não coloco uma sunga e dou um mergulho na piscina. Talvez durante o recesso, Carlos e eu podíamos passar a semana aqui. Quem sabe até deixar pra alugar, já que meu gerente do porto tem recebido várias perguntas sobre a embarcação. A ideia de ter gasto milhões e basicamente ter usado o Iate só umas três vezes me mata.

— Luke, você viu que estão pescando aqui perto? Não é proibido nessa área? — ouço Carlos perguntar depois de ter pego nossas bebidas na cabine — Achei que faziam isso mais pro meio do mar.

Continuo atento no fluxo diário da empresa pelo celular, mas respondo:

— Existem mais peixes nessa área. Geralmente não fazem isso, mesmo tendo permissão, mas talvez seja pra vender pra hoje à noite. Sei lá.

Hum.

Não estou olhando, mas sei que Carlos entrou na banheira e colocou as taças sobre a borda.

— Só tinha uma garrafa de vinho. Pensei que tivesse comprado mais.

— E comprei. Ainda estão na despensa lá embaixo — digo sem tirar os olhos do celular — Esqueci de repor.

— Ah.

Suas perguntas acabaram, já que não diz mais nada nos próximos segundos que passam. Também não ligo muito, porque estou mais ocupado checando o relatório que meu gerente de suporte me enviou agora há pouco. Faz um tempo desde a última vez que vi pouquíssimos erros no nosso sistema. Aparentemente, nossa última atualização removeu boa parte das falhas.

Mas é só isso que deu pra ver. No instante seguinte, Carlos tira o celular da minha mão.

— Que porra é essa? — protesto.

— Você mesmo disse que vir pra cá te pouparia do estresse da empresa — ele estica o corpo pra deixar meu celular na mesinha perto da banheira.

Depois pega o meu copo e me entrega.

— É, mas não faz mal dar uma olhada em como as coisas estão indo.

— Esse é o problema. Começa conferindo os resultados. Daqui a pouco você está com o notebook aqui e numa videoconferência com o Rangel.

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