[22/09/18 — Sábado — 10h29]
Luke estava pacífico. A melodia do piano, profunda e romântica, ecoava pelos cantos de sua mansão quando seus dedos ágeis tocavam nas teclas profissionalmente. Ele não sabia ao certo, mas a vontade de tocar foi maior que seu orgulho em abandonar o instrumento. Pois, logo após seu banho e de ter vestido apenas uma calça de moletom, sua vontade foi de simplesmente se sentar no banco e criar música através de seus dedos.
Luke não gostava muito de tocar piano, pois ele trazia seu passado à tona. Algo que tentou enterrar desde quando se mudou definitivamente para o Brasil. Se perguntava no porquê que havia comprado um sempre que o via na sua sala de estar. Um objeto da madeira preta da maior qualidade entre toda o mobília cinzenta e branca, como se sua utilidade não fosse nada mais que apenas decoração. Por mais que soubesse seu sacrifício psicológico, Luke considerava mais a recompensa de tê-lo e sua sala. Pois, ao mesmo tempo em que lhe lembrava do passado sombrio, também o recordava dos bons momentos.
E, agora, ele estava ali. Parecendo não se importar com mais nada a não ser tocar e cantar uma clássica melodia francesa. Porque assim como o Ioga, a música do piano extraía seus pensamentos negativos e ascendia os positivos. Trazia o êxtase entre suas emoções, mostrando que nada era tão ruim quanto parecia. O piano também era sua terapia. Era esse o motivo de ainda tê-lo em sua sala.
Enquanto tocava, ele pudera ouvir passos de salto alto ecoando da escadaria de vidro. Mirou seu olhar para lá — sem cessar sua música — e viu sua irmã mais velha, Erika, descendo graciosamente. Desferiu um sorriso à ela, que devolveu outro. Porém, com uma pitada de encanto e curiosidade. Levando Luke a presumir o óbvio: O que o levou a tocar piano naquela manhã?
— Não te vejo tocar já fazem o que? Uns quinze anos atrás?
Luke sorriu.
— Por aí. — Respondeu, ainda tocando.
Erika se debruçou no largo piano, apreciando a melodia e o canto de Luke. Sentiu uma pontada de nostalgia. Se lembrava perfeitamente de como era bom escutar seu irmão tocando. Ouvindo sua voz casar perfeitamente com a música, sem se deixar desafinar. Observar a cordialidade e cuidado que ele tinha com as teclas, como se fosse um bebê a seus cuidados. Eram fatores que lhe faziam visitar o passado, quando Luke ainda estava consigo na mansão da família.
— Ela adoraria saber que você voltou a tocar. — Comentou, encarando os olhos de Luke. — E também por você ter abandonado sua lente.
Luke teclou mais um pouco, e depois parou. Suspirou antes de olhar nos olhos celestes de sua irmã.
— Tecnicamente, não foi por causa dela. — Fechou a tampa das teclas.
— Foi por quem?
— Por mim. — Respondeu, sincero. — Cansei de fingir.
Erika sorriu.
— Muito louvável de sua parte. — Ela disse, se mantendo ereta. — Acho que eu não teria essa coragem.
— As circunstâncias me deram a coragem. — Disse. — A mãe também ajudou, mas ela apenas me mostrou o caminho.
Erika acariciou o cabelo de seu irmão mais novo. Sentindo o quão macios eles ainda eram.
— Vai voltar pra França? — Questionou Luke, ao ver a mala que Erika segurava.
Erika olhou para a mala de rodinhas ao seu lado.
— Na verdade não. — Disse, olhando para Luke. — Estou saindo da sua casa. Comprei um duplex aqui por perto, passarei o restante das férias por lá.
VOCÊ ESTÁ LENDO
IMPÉRIO [✓]
AdventureCarlos achou que entrar numa multinacional cobiçada pelo ramo da tecnologia, seria a base para encontrar sua vocação que tanto almeja no auge dos seus 18 anos. O garoto, que esbanja uma inteligência impecável, ainda não descobriu o que quer ser da v...