47° Capítulo

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[19/07/18 — Quinta-feira — 9h32]

Carlos descia as escadas do seu apartamento com uma certa pressa se quisesse ir à cozinha antes da partida online começar. Suas meias brancas abafavam o volume dos seus passos pouco ligeiros. Além dessa peça, ele estava com um short que chegava perto dos joelhos, e uma blusa de moletom cinza. Blusa ao qual na verdade não pertencia exatamente a si, e sim a Wesley, pois o ex havia esquecido ela em seu apartamento. Carlos acreditava que vesti-la, espantaria os pensamentos ruins e melancólicos que lhe cercavam depois de ter fracassado em revelar seus sentimentos a Luke.

Depois de pegar um iogurte grego e uma pequena colher na gaveta da pia, Carlos voltou apressadamente para seu quarto. Abriu o item no processo, e logo degustou do delicioso sabor.

— Merda. — Murmurou quando chegou em seu quarto e vira que a partida já havia começado.

Imediatamente se sentou na cama após deixar o iogurte ao seu lado, e começou a jogar.

Nesses poucos dias, Carlos tentava se distrair com o que podia. Seja músicas, seus jogos, filmes... qualquer coisa que pudesse impedir sua mente de trabalhar em sua autocondenação. Funcionava, mas ele ainda sentia o peso do arrependimento. E, quando um pensamento iminente lhe fazia indagar no quê estaria acontecendo agora caso tivesse se declarado a Luke e, possivelmente, se o sentimento fosse recíproco.

Mas ele não passava de apenas isso, pois rapidamente se forçava a pensar em outra coisa. O que passou, passou.

Carlos olhou para trás quando ouviu uma melodia ecoar do seu notebook. Alguém estava requisitando uma chamada em vídeo. Por sorte, ele estava em um jogo diferente, o que dera a oportunidade de pausar e conferir quem era.

Sorriu assim que leu o nome de sua amiga, e a bela foto de perfil dela.

— Amanda! — Dobrou suas pernas, e deixara o notebook sobre elas ao inserir um travesseiro por baixo primeiro. — Como você tá?

Amanda usava seu celular para falar, dando a oportunidade para que Carlos visse o esplêndido lugar onde ela estava. Algo que parecia ser a área da piscina do hotel de luxo onde estava hospedada. Ela estava com óculos escuros, pois o sol ali era forte. Além disso, vestia um biquíni preto e, do que Carlos conseguia ver, ela estava com uma saia transparente por cima.

— Eu tô ótima, Carlinhos, e você? — Ela dizia, indo em direção à uma espreguiçadeira.

— Eu também tô ótimo. — Respondeu, ainda sorrindo. — E a vida aí em Miami? Aproveitando bastante?

— Sim, nossa. Tudo maravilhoso por aqui. — Ela disse, assim que se sentou. Ajeitava seus cabelos lisos enquanto olhava para o reflexo no próprio celular. — E desculpa não ter te ligado assim que saí do voo. Estava exausta.

— Sem problemas. Pelo menos você respondeu a mensagem que eu te enviei.

— Sim, é. — Disse. — Mas não importa, quero saber de você. Por que recusou meu convite pra vir pra cá, hein? Você vai passar as férias onde, por acaso?

Carlos sorriu, desviando o olhar do monitor.

— Em casa mesmo. — Respondia, olhando para os dedos. — Mas estarei ocupado trabalhando.

— Quê? — Abaixou os óculos escuros para que Carlos visse seus olhos de mel incrédulos. — Você tá brincando, né?

— Não tô, não. — Sorriu em afronte. — Decidi voltar a trabalhar.

— Mas e os trinta dias de repouso que te deram, garoto?

— Eu não quis mais.

Ela riu ainda descrente.

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