55° Capítulo

1.3K 174 61
                                    

[24/08/18 — Sexta-feira — 11h27]

Carlos saía da aula mais cedo naquele dia, devido a ausência de um dos seus professores. Estava aliviado, pois não havia nada melhor do que chegar mais cedo em casa numa sexta-feira. Tinha vários planos pra fazer durante o dia. Mas o maior dele consistia em jogar videogame o dia inteiro.

Druante as aulas, Carlos estranhou o afastamento de Matias em si. Ele sequer lhe olhava nos olhos e, quando involuntariamente fazia, desviava rapidamente. Talvez tenha sido as marcas e curativos em seu rosto, que denunciasse a relação de seu deslocamento. Mas Carlos se perguntava se Wesley tinha algo a ver com isso. Não estaria surpreso se ele realmente fosse o responsável, mas também não se importava. O bom era que as coisas finalmente estavam nos trilhos agora.

Carlos caminhava até seu apartamento. Estava sem fones de ouvido, dessa vez. Estava apreensivo caso Matias ou qualquer coisa aparecesse repentinamente. O que lhe irritava ao ponto de sacrificar sua distração na música, em prol de sua segurança. Mas ele gostava de ouvir a calmaria do vento balançando as árvores, e a melodia dos pássaros. Lhe fez bem trocar os fones pela música natural. Tanto até que estava mais atento nas pessoas ao redor.

Embora algumas ainda eram capazes de lhe surpreender.

— Aí está você. — Luke, se posicionou ao lado de Carlos, assim que subiu na calçada.

E Carlos se assustou. Por um instante achara que fosse Matias ao seu lado.

— O quê faz aqui? — Apoiou a mão no muro de uma casa, se recuperando do susto.

— Está tão distraído assim? — Luke indagou, inserindo uma de suas mãos no bolso da calça social.

— Não se aparece desse jeito, do nada. — Repreendeu, olhando-o.

Mas Luke apenas sorriu. E depois desmanchou quando notou no curativo próximo da sobrancelha.

— Ainda está ruim? — Passou o dedo na região, sentindo a textura e o volume da ferida. — E ainda dói?

— Na verdade não, mas não toca, por favor. — Pediu, tirando a mão dele dali.

E Luke cumpriu, passando a colocar as duas mãos no bolso. Houve silêncio por poucos segundos. Ambos se encarando. Luke parecia avaliar seu estado quando os olhos de duas cores desviavam de suas íris e desciam pelo resto do corpo. Parecia procurar alguma coisa ou, até mesmo, apenas admirar. E Carlos aos poucos foi sentindo o desconforto lhe preencher.

— Bom, eu... vou pra casa agora. — Disse, se preparando pra sair dali. — Tchau.

Carlos se afastou. Luke não disse nada e muito menos se moveu, o que levou o garoto a desconfiar. A essa altura, esperava que Luke interceptasse sua ida, ou que a atrasasse. Mas, por outro lado, gostou de ter sido assim. Não via a hora de chegar em casa.

Caminhou até próximo do seu apartamento e, prestes a virar a esquina para sua rua, Carlos viu Luke encostado na parede. Com os braços e pernas cruzadas. O que o levou a se assustar novamente.

E Luke riu da reação dele.

— Por que tão distraído, Barone? — Desencostou da parede, ainda com os braços cruzados.

— Como... como você chegou aqui tão rápido? — Estava espantado.

Luke apontou para sua Bugatti na ponta da outra esquina. Estava estacionada ali.

— Você... precisa de alguma coisa? — Indagou, receoso, enquanto caminhava para seu prédio.

Luke, agora, o acompanhava.

IMPÉRIO [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora