[06/07/18 — Sexta-feira — 11h25]
Não levou tanto tempo para que chegassem até a YuTech. Embora, dentro daquela Bugatti, Carlos tenha sentido que se passaram décadas devido o silêncio que perdurava.
Cogitava em pensar se a quietude e expressão neutra de Luke, tivesse algo a ver não só com a situação da empresa, como também do que houvera naquela mansão. Carlos acreditava que Luke ainda absorvia a informação de ser gay.
Talvez não. Colocou em sua cabeça que Luke sequer daria bola para o que ele era, a determinar pelo fato dele ter dito que aquilo "explicava muita coisa".
Os dois atravessaram as grandes portas de vidro do prédio, e contemplaram o ambiente corporativo de grande porte. Havia um número comum de funcionários sob trajes sociais naquele horário. Seguiram para os elevadores após se identificarem com as digitais no painel, e se posicionaram assim que Luke convocou o transporte.
Talvez fosse por Luke adentrar o elevador que, muitos que aguardavam, evitaram de estar no mesmo espaço que ele. Carlos já sabia que grande parte da empresa mantinha distância dele.
Também houvera silêncio por ali. Carlos começava a se estressar pela falta de diálogo, e alucinava se Luke estava lhe evitando. Não tinha uma boa sensação daquilo, e resolveu conferir.
— Luke? — Olhou para ele. Luke estava encostado na parede do elevador, e mantinha suas mãos dentro do bolso da calça social, e suas pernas estavam cruzadas. Ainda vestia aquela camisa branca, mas os botões estavam conectados. A exceção era que ele não usava a gravata. Ainda assim, não obtivera a resposta dele ao chamar por sua atenção. — Luke?
— Estou ouvindo, Carlos. — Disse ele, ainda olhando para o painel dos andares atuais.
Carlos novamente sentiu um frio na barriga quando Luke lhe referira no primeiro nome. Acreditou que algo realmente estava acontecendo para ele ter que lhe chamar assim.
Respirou fundo antes de dizer o que pretendia.
— Antes... o quê você queria dizer com "isso explica muita coisa"? — Perguntou. — Quer dizer que você já sabia?
Luke o olhou, dessa vez. Seu semblante era neutro. Não transparecia nada além da normalidade que ele provavelmente queria passar.
— Isso importa? — Respondeu com uma questão.
Carlos deu de ombros. Não sabia muito bem o que dizer.
— Acho que não... — Olhou para seus tênis. — Mas eu realmente achei que você se importava.
— Só porque a Heather disse que eu me importava? — Averiguou. Carlos o olhou, vendo aqueles olhos azuis sinceros lhe encararem. — Foi como você falou antes: Ela disse aquelas coisas porque queria te provocar. Em quem você prefere acreditar? Na pessoa que quase te matou, ou na que você pode confiar?
Carlos desviou o olhar.
— Então eu posso, é?
— Sempre. — Respondeu ele, sem hesitar. — Você é meu amigo, eu já deixei isso claro. E não me importa quem você seja, saiba que eu não penso da maneira que ela tentou te convencer. Você ainda é o mesmo, e nada vai mudar isso.
Carlos arriscou em olhá-lo. Porém Luke encarava o painel dos andares, que estava próximo do destino de ambos. Desviou o olhar novamente, e sorriu. Se sentiu feliz em saber daquilo.
— Obrigado. — Agradeceu ele.
Carlos, de canto de olho, apenas viu Luke ir em direção às portas do elevador que estavam prestes a abrir.
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IMPÉRIO [✓]
AdventureCarlos achou que entrar numa multinacional cobiçada pelo ramo da tecnologia, seria a base para encontrar sua vocação que tanto almeja no auge dos seus 18 anos. O garoto, que esbanja uma inteligência impecável, ainda não descobriu o que quer ser da v...