85° Capítulo | Final Parte I

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[22/10/18 — Segunda-feira — 6h49]

Não fazia tanto tempo que Heather tinha estacionado seu Sedan preto numa parte específica daquela rua. Seus olhos sob os óculos escuros estavam completamente atentos nos poucos alunos que chegavam e entravam naquele colégio particular.

Ela estava séria, calculista. Seu dedo batia de leve no volante enquanto os olhos acompanhavam Carlos também adentrando os portões de ferro negro forjado. Ele estava com o headphone nos ouvidos, e as mãos firmes na alça da mochila. Distraído, mas atento o suficiente pra manter o ritmo de seus passos.

Só que Carlos não era seu alvo. Pelo menos, não diretamente. Ter visto a pessoa que estava procurando, lhe fez sair do veículo e ir até ela antes mesmo que pudesse chegar perto dos portões.

— Com licença. — Chamou pela atenção dele, ao estar próxima o suficiente.

Matias se virou no mesmo segundo, vendo a quem pertencia aquela voz feminina. O fato de Heather estar em trajes de couro preto e um óculos só contribuiu para arquear as sobrancelhas em dúvida. Mesmo que ela estivesse sorrindo a si.

— Você é o Matias, certo? — Heather checou.

— Quem é você? — E ele retrucou.

Heather sorriu mais.

— Alguém que pode te ajudar em troca de outra ajuda. — Disse, levando sua mão até o bolso de trás. — Tudo o que precisa fazer, é entregar um bilhete pra alguém lá dentro.

Matias levou seu olhar para a pequena folha de papel que Heather segurava entre os dedos.

— Por que eu te ajudaria? — Expressou estresse, e se preparou pra girar os calcanhares. — Eu nem te conheço.

— Sei do estado da sua mãe, Matias. — Heather mencionou. — Sua família não tem dinheiro suficiente pra pagar os medicamentos no tratamento da doença dela. E o tempo está correndo. Nós dois sabemos que a qualquer momento ela pode falecer.

Matias cerrou seus punhos com força quando os inseriu dentro do bolso do moletom. Além de ter apertado a mandíbula.

— Como você sabe dela...?

— Isso não importa agora, o que importa é que eu posso ajudar vocês. — O interrompeu. — Basta entregar isso para o Carlos.

Voltou estendeu sua mão para Matias, junto ao papel que segurava.

Mas Matias hesitou. Olhava para o fragmento de folha sulfite e via uma chance enorme de livrar sua mãe de um câncer. Mas, em compensação, ele temia por sua própria vida, por conta do alerta que recebeu em ficar bem longe do caminho de Carlos.

— É bem simples. — Heather sorriu, vendo ele indagar. — Apenas entregue, e meu pessoal irá cuidar da saúde de sua mãe.

Matias levou sua mão para o bilhete, mas se interrompeu.

— Que garantia eu terei que você cumprirá sua palavra? — Inquiriu, procurando pelos olhos dela sob os óculos. Mas a lente era escura demais pra isso.

Só que Heather levou eles para o topo da cabeça, enfim revelando seus olhos negros. Passando confiança pra ele tanto através de suas írises, quanto pelo sorriso.

— Assim que eu souber que você cumpriu a sua, você receberá uma ligação minha avisando sobre os cuidados à sua mãe. — Explicou ela, calmamente. — Tudo só depende de você.

Matias alternou em cada íris dela. Estava numa situação extremamente delicada e vital. Sabia do risco imenso que corria caso decidisse se aproximar de Carlos. Mas, por outro lado, temia que sua mãe continuasse sofrendo. Só tinha uma chance de fazer que achava o certo, e não desperdiçar a oportunidade.

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