25º Capítulo

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[17/06/18 — Domingo — 4h02 em Londres]

Luke deixava apenas que a pressão pouco potente da água cobrisse seu corpo, além de colidir contra sua face levemente erguida. A temperatura da água, embora fosse morna, trazia uma certa calmaria para a mente do francês que não estava conseguindo dormir naquela noite.

Estava dentro daquele box extenso, feito de mármore branco. A água do chuveiro era capaz de cobrir todo o seu corpo definido, permitindo que as gotas d'água escorressem sobre seus músculos.

Tivera um pesadelo recentemente. Fragmentos envoltos entre as sombras de seu passado, viera à tona sem mais, nem menos. Como se num impulso tal fenômeno quisesse lembrá-lo do terror que passara. Não haviam explicações, e ele tampouco queria entendê-las. Ansiava apenas afastá-las através das gotas daquele chuveiro caríssimo.

Mas, como se não bastasse, a primeira pessoa que aparecera em sua mente assim que despertara de tal sonho sombrio, fora Carlos. Não só isso, como também, se indagava em como o rapaz deveria estar agora.

Luke abaixou a cabeça, permitindo que a pressão massageasse sua nuca. Sentia de fato a calmaria lhe preenchendo, mas não o suficiente para fazê-lo afugentar de vez seus pensamentos duvidosos. Temia o quão longe essa tortura de sua mente, fosse. Estava detestando se ver pensando em Carlos o tempo todo.

Desligou o chuveiro e apanhou a toalha sobre o suporte próximo dali. Enxugara seu corpo, e findou nos cabelos loiros.

Olhara para seu reflexo no grande espelho, quando saíra do box com a toalha envolta na cintura. Encarava seus olhos azuis celestes com atenção. Buscava em suas próprias íris, algo que pudesse guiá-lo à uma rota segura, e livre desses pensamentos ridículos. Estava se detestando por conta disso, e se recusava a acreditar que possa ter ido longe demais na decisão que fizera.

Mas seu orgulho ainda tinha evidência em seus caprichos. Estava determinado que tal escolha jamais deveria ser questionada. Lidaria com as consequências, fossem elas boas, ou ruins.

Saíra da suíte, vestira apenas uma cueca boxer amarela e fora em direção à sala de estar daquele hotel luxuoso.

O local estava em completo silêncio. Luke sabia que Lara e Eric estavam dormindo. Afinal, já se passavam das 4 da manhã.

Luke se jogou no sofá, e emitira um longo suspiro. Tentara descarregar um peso invisível e incompreensível de si. Mas tampouco se sentira melhor. Apenas dúvidas e mais dúvidas.

Entretanto, ao olhar para o lado, ele vira uma bolinha sobre a mesa de centro. Esticara o braço, e a apanhou.

Visualizava seus detalhes verdes, com algumas listras brancas em um zig-zag. Usou dela como uma forma de distraí-lo de seus pensamentos até sentir sono novamente. Encontrou uma trajetória entre a posição em que estava deitado, e a parede pouco mais afrente. Calculou bem a rota e a força que deveria ser usada na bolinha, e arremessara na parede fazendo com que ela precisamente retornasse à sua mão.

E assim, ele prosseguiu rumo à liberdade do tédio e a busca pelo sono.

Escutava somente os rítmicos sons da bolinha colidir na parede, e quicar no chão para assim retornar à sua mão, e reiniciar tal ciclo. Entre esses momentos, Luke contava em sua mente, as voltas que a bolinha efetuava. Acreditou que isso o livraria de pensar em outras coisas, e se concentrar apenas na vinda do sono.

Seu semblante era sério. De fato estava concentrado. Estava para alcançar a centésima volta da bolinha, e nada do sono vir. E isso, estava enfurencendo-o ao invés de tranquilizá-lo. Algo que o fizera alterar a força do arremesso da bolinha, resultando em uma trajetória diferente àquela que deveria pousar em sua mão. Devido a isso, ela quicou até parar no outro canto da sala.

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