[25/09/18 — Terça-feira — 22h43]
Luke estava em uma sala cinzenta, vazia e silenciosa. Semelhante a um espaço onde detetives e policiais costumam interrogar os suspeitos. Ele olhava para os lados, não compreendendo sua presença ali, e o pior: a iluminação, apesar de não ser forte, incomodava sua visão. Mas quando tentou levar uma mão sobre a testa na tentativa de impedir o reflexo, notou que seus pulsos estavam algemados e presos numa barra de ferro sobre a mesa.
Franziu o cenho enquanto inutilmente tentava se libertar puxando os braços com um pouco de força, e se perguntando o porquê de tudo isso. Mas logo se interrompeu e voltou sua atenção à porta de ferro blindada, que estava sendo aberta. E dela, saiu dois homens: um tanto com a farda, quanto os equipamentos completos de policial — além de portar um fuzil em mãos —, e outro com uma camisa social por baixo, mas vestindo uma jaqueta de couro marrom escura por cima. Luke deduziu que esse provavelmente era algum tipo de delegado.
Mas, um terceiro homem surgiu atrás deles. Esse Luke conhecia muito bem. Afinal, os cabelos levemente grisalhos e a barba negra e volumosa também repleta de fios brancos, lhe trazia tanto uma pontada de surpresa, quanto de desprezo. Marion o fitava com seus olhos de duas cores, analisando o filho mais novo sentado naquela cadeira, e com uma clara expressão desapontada na face parcialmente enrugada.
— Vou deixar vocês dois sozinhos. — O delegado disse, e então fechou a porta de ferro assim que o policial também se retirou.
Luke desviou o olhar de seu pai, se atentando em suas mãos algemadas. Não se dando ao luxo de perder a compostura diante da presença dele. Mas o ódio que sentia quase o levava a aprisionar sua sanidade.
Marion ainda estava calado, apenas observando enquanto mantinha uma mão sobre a cabeceira da cadeira de metal de frente a mesa e também de Luke. Estava estudando, analisando, e principalmente medindo como sempre fizera com seu filho mais novo. E Luke estava se segurando pra não surtar.
— Você nunca aprende, não é mesmo? — A voz grossa e irreverente de Marion, embora baixa, ecoou por toda a sala cinzenta. — Nunca sequer considerou os problemas que teria se continuasse a brincar de Deus com seus equipamentos eletrônicos. Achando que tudo se resolve na base de invasões, manipulação e chantagem. Mas olha só onde veio parar.
— Cala a boca. — Luke ordenou, baixo, e ainda sob controle.
Marion apenas abriu o paletó e tirou uma pasta amarela dali. E, depois de conferir seu conteúdo, ele a colocou sobre a mesa. Mas ainda fechada.
— Eu te avisei o que aconteceria se não parasse de ser tão teimoso. — Marion disse, sério, e com as mãos apoiadas na mesa. — E agora estou pagando um preço caro pra manter o nome dessa família intacta por conta da sua burrice.
Luke cerrou os punhos.
— E se você fosse esperto deixaria essa porra ser destruída de uma vez.
No mesmo segundo, Luke virou involuntariamente o rosto e sentiu a ardência do tapa que Marion lhe deu. Algo que produziu mais raiva ainda, chegando a esquentar seu peito.
— Você tem ideia do estrago que causou, Neville? — Marion disse, entredentes. Então forçou Luke a olhar em sua heterocromia quando segurou no queixo dele. — Você tem a mínima ideia do que isso vai causar à sua mãe? À imagem dela?
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IMPÉRIO [✓]
AdventureCarlos achou que entrar numa multinacional cobiçada pelo ramo da tecnologia, seria a base para encontrar sua vocação que tanto almeja no auge dos seus 18 anos. O garoto, que esbanja uma inteligência impecável, ainda não descobriu o que quer ser da v...