73° Capítulo

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[27/09/18 — Quinta-feira — 19h44]

Luke só precisou esperar alguns minutos dentro de seu carro estacionado na garagem interna de um shopping. O cara a quem aguardava finalmente abriu a porta de sua Bugatti assim que destrancou para ele.

— Aqui. — O homem, num traje esporte porém com um distintivo policial suspenso no cinto, entregou um pacote fechado com uma textura áspera e amarronzada a Luke. — Use com cuidado, beleza? Pode acabar acionando uma galera aí, e até mesmo a PM se você errar algum código.

— Já estou ciente disso. Sei o que fazer. — Luke disse, neutro, enquanto abria o porta-luvas e tirava dali um envelope branco e ligeiramente cheio. — Está tudo aí e mais um pouco. Se quiser contar, fique à vontade.

— Não precisa. O cara que te recomendou disse que você paga bem.  — Ele disse, sorrindo antes de abrir a porta. — Até a próxima.

Luke apenas assentiu em um gesto com a cabeça. Depois abriu o pacote fechado que recebeu, tirando o pendrive e o dispositivo UHF exclusivo para uso policial. Sorriu de canto, pois agora sabia que seu alcance e performance na invasão de sistemas ultrapassaria a eficácia. Fora a capacidade de agora poder quebrar a intensidade dos bloqueadores de sinais. Pouquíssimas coisas agora seriam capazes de lhe parar.

Guardou os itens dentro do pacote e o pusera no porta-luvas. Pensou em mandar uma mensagem a Carlos avisando que iria buscá-lo — já que ele havia aceitado o convite de passar mais uma noite consigo —, mas tinha algo melhor em mente. Tanto como forma de testar seu mais novo acessório, quanto ainda poder ficar junto do garoto. Então, deu ré com o veículo, e saiu da garagem interna do shopping.

Chegou no apartamento de Carlos mais cedo do que imaginou. O trânsito facilitou toda sua locomoção, e nem precisou passar nos semáforos vermelhos. Aproveitou esse tempo economizado para enfim adaptar seu smartphone com a nova função, assim que emergiu seu notebook da divisória entre os bancos. Tudo o que precisou foi conectar seu celular no objeto, e descriptografar os arquivos do pendrive e burlar a proteção do dispositivo UHF. Cinco minutos depois, seu smartphone passou a ser um um controle remoto de enorme escala.

Testá-lo foi mais fácil do que pensou. Não precisou nem de dez segundos pra invadir as câmeras da cabine do porteiro, e ver Juliano concentrado numa revista de venda de caminhões. Basicamente tão distraído que mal se importava no fato de alguém estar movendo a câmera na parede da cabine. Luke sorriu, pois sabia que poderia passar ali sem ser detectado.

E foi o que fez quando — com o próprio smartphone —, não só desativou a trava do portão do prédio, como também passou por ali com as mãos no bolso como se não tivesse nenhuma preocupação naquele mundo. E realmente não tinha. Principalmente ao estar a cinco metros da porta do apartamento de Carlos, ainda com um meio sorriso no rosto após sair do elevador.

Tocou a campainha, e aguardou os próximos segundos para ser recebido pelo garoto. Adorava surpreendê-lo. Ver o rosto de espanto dele era tão bom quanto vê-lo sorrir. E lá estava, quando Carlos abriu a porta e o viu com as mãos no bolso da calça jeans preta, sorrindo com seu clássico cinismo.

— Pelo amor de Deus, Luke, por que não avisou que estava vindo? — Carlos disse, assustado e o puxando para dentro do apartamento.

— Por isso que é uma surpresa. — Luke respondeu, vendo-o trancar a porta novamente. — Seus pais estão em casa?

— Não, só chegam mais tarde, mas...

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