50° Capítulo

1.8K 179 43
                                    

[23/07/18 — Segunda-feira — 20h03]

Os dias seguintes foram difíceis para Carlos. Cada minuto era uma tortura para sua mente, que nada conseguia pensar além dos fatos acerca de Wesley. Se recusava a acreditar que tudo aquilo realmente estava acontecendo. Era loucura imaginar que tudo não passou de um jogo para aquele no qual Carlos mais confiou durante boa parte da sua vida.

E ele queria sentir raiva. Ódio pelo o que Wesley fizera consigo. Desprezo por cada sorriso que agora ele julgava ser falso quando Wesley desferia a si. Qualquer sentimento que substituísse o fato de ter sido tão manipulado durante todos aqueles anos. E ele sentia, mas tampouco era evidente quanto a tristeza que lhe habitava. Estava tão destruído que não tinha forças para sentir mais nada além disso.

Ele tentou se manter natural durante os momentos que tivera que ficar com seus pais. Seja durante o jantar ou um tempinho com eles durante o fim de semana. Mas ele era incapaz de fingir por muito tempo.

Seus pais obviamente perceberam tal afastamento e atuação que Carlos proferia a eles. Tentavam de todas as formas buscar respostas de seu comportamento, mas Carlos os afastavam, dizendo que estava tudo bem e que a tristeza não passava de uma fase. Porém aquilo já levara tempo demais.

Carlos impedia as indagações de seus pais, e menosprezava as ligações de Amanda, tanto em vídeo quanto por voz. Carlos não queria saber de nada além de sua melancolia em harmonia com as músicas que ouvia trancado em seu quarto. Precisava afundar todas as lembranças que tinha de Wesley, para sempre. Mas nunca será tão fácil, e ele sabe disso.

— Isso já está durando tempo demais, Alex. — Comentou Elena, enquanto lavava uma panela na cozinha. — Ele não está bem, a gente precisa fazer alguma coisa.

— Ele só precisa de um tempo sozinho. — Disse Alex, enquanto secava a louça que sua esposa lavava.

Elena suspirou, e esfregou a bucha amarela com mais rapidez enquanto comentava em aflição.

— Ele está assim desde quando voltou do trabalho na quinta. — Observou ela. — Ele não precisa de um tempo sozinho, alguma coisa está incomodando ele.

— Talvez ele só esteja cansado. — Alex supôs, enquanto guardava alguns potes na estante. — O trabalho dele deve estar um pouco apertado esses dias.

Elena suspirou forte, em frustração.

— Sem sombra de dúvida que deve estar. — Disparou ela. — Eu deixei bem claro o quão tóxico é esse trabalho dele.

Alex fechou os olhos quando pusera suas mãos sobre o balcão. Se arrependeu de tocar naquele assunto específico.

— Não foi nesse sentido que eu quis dizer.

— Você nem precisou. — Elena parou de esfregar a panela e encarou Alex, que ia à caminho de mais alguns potes. — Dá pra ver que nada voltou a ser o que era depois que ele decidiu trabalhar de novo. Ele precisa se recuperar do que houve. E você sabe que estou certa, só não quer admitir.  — Findou e voltou a esfregar a panela, lavando-a em seguida.

— Eu nunca disse que você estava errada, mas você sabe que está sendo injusta. — Disse ele, Elena parou de lavar e encarou Alex.

— Eu estou sendo injusta? — Ela levou sua mão para o peito. — Estou sendo cautelosa, e você sabe disso.

— Cautelosa, mesmo sabendo o quão arrasado ele ficaria se você o tirasse de lá? — Alex levou outra remessa de potes para a estante.

— Se isso fosse para mantê-lo seguro, então sim. — Respondeu, convicta, e voltando a lavar a panela.

IMPÉRIO [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora