5° Capítulo Extra: Brilhantismo

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[ CARLOS ]

Tive que lidar com as mensagens de Luke me chamando pra conhecer seu apartamento novo durante a semana toda. Ele anda todo animadinho alegando que finalmente conseguiu um acessível o bastante pro caminho até sua empresa e, claro, próximo a vários lugares bacanas pra uma saída à noite. Ficou acordado quase a madrugada toda conversando comigo pelo FaceTime sobre a quantidade de coisas legais que tem só naquela avenida.

Ele parecia até uma criança visitando um parque de diversões pela primeira vez, incapaz de tirar o sorriso do rosto enquanto me contava tudo.

Mas só agora no sábado que consegui arranjar um tempo pra visitar sua nova casa. Não, nossa casa. Luke deixou isso bem claro quando, não bastando por conversa de vídeo, digitou a palavra em caixa alta e até em negrito. Sem contar que deixou uma cópia da chave comigo depois de me levar até a casa dos meus pais. Tínhamos acabado de voltar do restaurante na quarta — mesmo dia em que terminou de assinar todos os documentos de posse. Basicamente oficializando nosso novo lar.

Não é como se eu estivesse reclamando, claro. Muito pelo contrário. Metade das minhas coisas já foram pra lá ontem e eu não poderia estar mais feliz. Parte de mim está encantada por isso estar acontecendo e a outra está meio que pirando. Afinal, é a primeira vez que tomo uma decisão tão importante como essa. Levei quase um mês inteiro pra finalmente escolher o que meu coração mandou.

Espero que ele esteja certo.

Luke foi muito paciente. Ele entende o que me fez ficar o tempo todo com um pé atrás. Gosto do fato de não ter me pressionado ou citado qualquer coisa que me fizesse enlouquecer por estar trilhando um caminho errado caso eu recusasse. Ele respeitou meus limites e esperou até que eu enfim aceitasse de vez.

Mas não impediu que criasse diariamente uma lista das incontáveis vantagens de morar contigo. Porque, além de nem ele ser de ferro, sei que mal via a hora de colocar todos aqueles itens em prática quando o dia chegasse.

E chegou. Por isso que, agora, estou num elevador espaçoso vendo meu reflexo no espelho enquanto seguro uma mala com o restante das minhas roupas. Se o interior do apartamento seguir o mesmo padrão de minimalismo luxuoso que vi desde o hall gigante, não vou ficar surpreso. Não sei porque esperei menos de alguém como Luke.

Pelo menos agora entendo o porquê que se recusou a me mandar uma foto sequer. Ver ao vivo é bem melhor.

O corredor também é bem largo. É meio curioso que Luke tenha abandonado toda aquela antipatia que tinha por apartamentos ao ponto de se mudar pra um. Ainda não captei essa parte. Talvez seja o fato de ultimamente estar viajando bastante ou que também precise estar mais próximo da empresa para alguns assuntos urgentes.

Ou então tenha a ver com o caso judicial que o envolveu algumas semanas atrás. Luke não quis detalhar o que era — insistiu para que nos concentrássemos apenas no agora. Mas tenho a impressão de que envolvia sua antiga casa naquele condomínio.

De qualquer forma, todas as minhas preocupações somem quando abro a porta. Tons de preto, branco, cinza e um toque de marrom escuro cobrem meu campo de visão. Provavelmente estou na sala de estar, já que os sofás e poltronas cinzentas e toda a vibe de lazer com estantes de livros modernas e uma TV enorme na parede sugerem isso.

Pelo visto tudo já está mobiliado e no seu devido lugar. Reconheci uns dois ou três quadros na parede e outros em mesinhas de canto, enquanto vinha admirar a vista das janelas que vão do chão ao teto. Sei que Luke está aqui só há 3 dias, mas já deve ter se adaptado com essa paisagem maravilhosa da cidade. Estamos em um dos últimos andares, o que faz ser mais incrível ainda. Até deixo um sorriso escapar.

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