62° Capítulo

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[06/09/18 — Quinta-feira — 10h20]

Carlos caminhava em direção ao jardim de seu colégio durante o intervalo que acabou de começar. Bebia de um refrigerante de lata que comprou na cantina, enquanto mantinha uma conversa com Amanda.

Durante o percurso eles avistaram Matias, que andava estava com seus amigos. Mas em seu rosto, ainda havia alguns curativos. Matias desviou o olhar rapidamente assim que viu Carlos.

— O que acha que aconteceu com ele? — Amanda questionou.

Carlos não respondeu naquele instante, pois bebia um pouco. Mas também não queria dizer o que supostamente sabia a respeito de Matias.

— Não sei. — Disse, depois de engolir o refrigerante. — Choque de noção, talvez. Pela cara, ele provavelmente deve ter brigado com quem não devia, sei lá. Tô pouco me fodendo.

Amanda riu, arqueando a cabeça pra trás enquanto andava. Depois levou seu braço pra debaixo do de Carlos, e assim seguiram até o jardim do colégio.

— É, Carlos... — Eles se sentaram no gramado fresco. — Falta basicamente apenas alguns meses para o fim das aulas. Já decidiu o que quer ser?

Carlos suspirou demoradamente. Essa pergunta ainda lhe consumia. Então bebeu um pouco mais do refrigerante pra ver se recebesse algum vislumbre do que responder.

— Sinceramente ainda não. — Disse. — Não tenho nada em mente.

Amanda lhe abraçou de lado, ainda sentados.

— Calma, querido, ainda dá tempo. — Consolou. — Pra ser mais exata você tem todo o tempo do mundo. Existem até idosos em ensino superiores.

— Sim, mas a maioria deles não tiveram oportunidades como está tendo hoje em dia. — Argumentou. — Fora que eles pelo menos sabem o que querem seguir.

Amanda riu.

— Verdade. Mas nesse meio tempo eles puderam pensar bastante. — Amanda enrolava algumas mechas de seu cabelo.

— Eu só espero não demorar muito. — Expressou, suspirando.

— Tenho certeza que não irá. — Garantiu ela, levando seu ombro para os de Carlos, empurrando-o levemente.

Houve uma pausa na conversa. E olhou para Amanda quando ela começou a rir baixinho, sozinha.

— Estou tendo um déjà vu. — Ela comentou, também o olhando.

— No que está pensando? — Sorriu, mas ainda estranhando.

Ela dobrou as pernas antes de dizer.

— Você se lembra, meses atrás, que estávamos aqui conversando sobre nosso futuro? — Perguntou.

Carlos levou seu olhar para a grama. Se recordava muito bem desse dia, e assentiu.

— Lembro de você dizer que queria seguir Ciências Políticas. — Ele comentou. — Ainda quer ser a nossa primeira presidente negra?

Ela riu, mas balançou a cabeça sem hesitar.

— Sério, é o que eu mais sonho. — Disse, com os olhos de mel brilhando. — Ser uma referência pra alguém é maravilhoso, e seria um avanço e tanto na história se fosse pela presidência. Sinto que consigo contribuir pra esse país. Estamos à beira de um colapso, Carlos. Muito perto, na verdade.

Carlos riu.

— Tenho certeza que você vai conseguir consertar esse país.

Awn, fofo. — Ela inclinou sua cabeça até o ombro de Carlos, por um instante. — Eu só espero não estragar mais ainda.

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