[20/08/18 — Segunda-feira — 17h11]
Quase um mês se passou após o acidente da SUV. Havia sido notícia em todas as redes jornalísticas do país e do mundo, durante vários dias. Afinal, a influência da família francesa é sentida por grande parte do mundo que usufrui de suas tecnologias. E Rita, era um nome de enorme estima entre os Yusses.
Mesmo que vários investigadores estivessem em ação desde o dia do acidente, nenhum conseguiu encontrar uma pista relevante. A explosão — por mais indecisa que fosse a causa — havia sido em escala potente, o que certamente dificultou toda a operação. Mas os oficiais continuam otimistas, e tendem a descobrir tudo o quanto antes.
Poucos dias após o incidente, Carlos continuou trabalhando na YuTech. O garoto havia sido um dos primeiros a ter conhecimento do que realmente aconteceu quando viu lágrimas saindo do rosto de seu amigo. Depois de ter retornado à sua casa e ligado a televisão, ele viu o inevitável. Conseguiu sentir o peso da notícia, mas não era nada comparado a como Luke estava se sentindo. Carlos sabia o quão importante Rita era para ele. Não precisava ser um amigo íntimo para notar o poder afetivo que aqueles dois tinham. O amor e exclusividade que pairava sobre eles eram sentidos por toda a empresa.
Depois de repetir várias vezes em sua cabeça que aquilo não estava acontecendo, Carlos parou de pensar em si e se concentrou na verdadeira consequência: Luke. Precisava saber como seu amigo estava. Por isso — por mais que soubesse que seria inútil —, tentou de todas as formas se comunicar com ele. Mandou mensagem, ligou e até mesmo tentou visitá-lo na mansão. Mas sem Luke para permitir sua entrada, nada adiantaria. Tudo o que soube antes de sair do condomínio, foi que o francês pagou um táxi para levá-lo, aparentemente, até o aeroporto a se julgar pela bagagem que ele posicionou no porta malas.
Já era informação o suficiente pra saber que Luke passaria o resto dos dias longe de todos.
Em consequência disso, Carlos se demitiu da YuTech. Mesmo após Misha e Eric implorarem para ele ficar. Mas a questão era que, antes mesmo do acidente, Carlos já vinha pensando em trilhar um caminho que o ajudasse a se encontrar. Ter o vislumbre do que ser na vida e garantir seu espaço no mundo. E saber que seu único amigo naquela empresa não estava presente, tanto ajudou, quanto lhe entristeceu em ter que sair de lá. Só esperava que tudo estivesse bem com ele, quando enfim atravessou as enormes portas de vidro do prédio e olhou para trás uma última vez.
Após semanas de reflexão, Carlos conseguiu convencer seus pais a deixá-lo trabalhar com eles. Por mais que eles tivessem orientado o filho seguir outro caminho, Carlos recusou. Estava decidido em fazer parte do ramo fotográfico ao qual eles ganhavam a vida. E seus pais cederam. Não desperdiçaram o potencial que o filho tinha na edição de vídeos e fotos, que certamente traria apenas benefícios.
E agora, Carlos se encontrava no shopping após mais um dia de trabalho na empresa de seus pais. Acabara de sair de uma lanchonete onde ia todos os dias depois do expediente para lanchar. Os salgados daquele estabelecimento eram impressionantes. Seus passos eram calmos, pois ele gostava de apreciar as lojas pelos corredores. Mesmo sabendo que nenhuma deles despertaria seu interesse no momento.
Mas dessa vez foi diferente quando uma loja de jogos apresentava um jogo recém lançado na vitrine externa. Seu olhar sequer desviou daquela capa deslumbrante desde o momento em que deu meia volta e se aproximou da parede de vidro ao lado da porta da loja. Aquele jogo de ação era seu maior anseio no momento. Mas seus olhos também navegavam tanto nos acessórios para jogadores quanto nas decorações temáticas. Aquela loja era nova, pois ele sempre passava por ali todos os dias e nunca a vira antes. E isso certamente lhe alegrou.
— Não quer entrar e comprar? — Questionou a voz de um homem, vinda de trás de Carlos.
E o garoto se virou no mesmo instante. Surpresa e espanto definiriam seu estado agora, quando viu quem estava ali. Tanto até que sua respiração vacilou e seu coração começou a bater mais forte.
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IMPÉRIO [✓]
AdventureCarlos achou que entrar numa multinacional cobiçada pelo ramo da tecnologia, seria a base para encontrar sua vocação que tanto almeja no auge dos seus 18 anos. O garoto, que esbanja uma inteligência impecável, ainda não descobriu o que quer ser da v...