Capítulo 08

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CAPÍTULO 08

Seus irmãos, colegas e todos ao seu redor diziam que Helionora ficaria para titia. Tudo isso era muito injusto pois ela era a filha mais nova de Simão e Ginevra e, provavelmente, teria sobrinhos antes de pensar em casamento — o que de fato aconteceu. Eram cinco: Simonetta, Samantha, Eden, Abel e Caim. Naquela época, a psicóloga fazia 30 anos e desejava nunca casar: adotar gatos, cachorros e ser conselheira dos sobrinhos. Além disso, o estereótipo "ficar para titia" passava a ideia de que, se isso acontecesse com uma mulher, seria o fim do mundo. Não era bem assim... Helionora tinha duas tias freiras, sem filhos, e elas não pareciam achar isso algo uma desgraça.

Não. Helionora não queria se tornar freira. Isso já fora um sonho de Maria Marta, não dela. Liô já tinha transado com vários homens, mas nenhum deles era digno de amor. Sexo casual era seu lema, desde que fosse devidamente protegido. Filhos, não. Com a sua idade seus irmãos mais velhos, Luís Cláudio e Maria Marta, já tinham a família completa e muitas dores de cabeça. Helionora agradeceu a Deus a oportunidade de ser livre. Não, Simão não teria a oportunidade de levar a outra filha ao altar.  Além disso, Helionora como filha mais nova — e a mais atingida pelo meteórico divórcio de Gina e Simão — não queria a história se repetisse com ela e uma provável família sua. Não queria, mas só o destino diria se isso não aconteceria de fato.

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Simão Garuzzo dera férias curtas para Gareth e Leônidas, mas isso não era tão bondade assim, pois eles teriam que trabalhar na maioria dos domingos — esta maravilhosa ideia fora de Leônidas. Gareth não sabia se ficaria um garçom charmoso, mas ele não estava lá para conquistar gatinhas — já que tinha a sua, que andava sumida — e sim trabalhar. Seria um trampo cansativo, mas Gareth ganharia 400 reais em apenas um dia e isto fez Gareth pensar em dar um belo chute na bunda do telemarketing. O problema é que nenhum outro patrão, senão Simão Garuzzo, aceitaria Gareth trabalhar com livros de cálculo e história da economia na mesa. "Força, Gareth. Um dia você poderá se chamar de rico", pensou o rapaz, preparando-se para sua nova jornada.

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Simonetta estava se divertindo com Stella. Não, não é a Stella que vocês estão pensando. A neta mais velha de Simão se dera o trabalho de ir até a fundação do pai de Mikhael e escolhera para ela uma gata de três cores, baixinha e arisca. Perfeito. "Bem que essa gata poderia arranhar aquele belo rosto sem escrúpulos do Mikhael toda vez que ele vier dar em cima de mim ", pensou.  Só bastaria Simonetta adestrá-la. Não, a gata não tinha nenhuma magia negra para fazer Simonetta apaixonar-se por aquele pedófilo mau-caráter. Apesar dos devaneios, Simona precisava, naquele instante, se arrumar e ir para a 30a Reunião dos Garuzzi Esquecidos.

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Leônidas quase não reconheceu a amiga feiticeira. Stella tinha pintado o cabelo de rosa e colorido o rosto com muita maquiagem. Além disso, estava usando uma roupa estilo garçonete. Era uma nova Stella, mas com a mesma essência.

– Preparado, Gareth?  – perguntou Stella, que sabia de muito mais coisas do que os amigos capixabas imaginavam.

– Para quê?

– Nada não. Só quero saber se você está ansioso para trabalhar na casa de seu patrão – disfarçou a moça.

– Que nome estranho é esse no seu crachá? Nome de guerra?  – quis saber Leônidas. No crachá de Stella estava simplesmente escrito Johana.

– Não, Johana é meu verdadeiro nome. Stella que é o nome de guerra, advindo de Stellium, nome do meio – respondeu a bruxa.

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Sol em VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora