CAPÍTULO 67
Gareth precisava ter muita calma naquela hora com o seu meio-irmão. Por Simonetta e Gabriel, apenas por eles.
– Não, eu não desejo o inferno pra ninguém. Nem pro meu pior inimigo. – Defendeu-se Gareth. – Eu já passei por um inferno, então não quero isso pra ninguém que tenha a mínima ligação comigo, eu gostando ou não.
– Pai, por favor. – Interveio Simonetta. – Não faça esse vexame no meio das pessoas. Nossas desavenças a gente resolve em outro lugar.
– Cega... você está cega, filha. – Gritou Luís Cláudio. – Esse garoto fez as nossas tias santas queimaram Levítico 18. Você sabe, não sabe, Simona, você sabe das nuances que diferenciam um ser humano de um animal selvagem?
– Luís... – Chamou Helionora. – Meu irmão, se acalma, vamos voltar pra casa da Marta, vamos?
– Minha irmã, ele também te cegou? – Indagou o primogênito de Simão.
– Luís Cláudio, vamos pra casa. Só nós três. – Pediu Maria Marta, para obediência do irmão mais velho.
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Maria Marta deveria ser considerada a maior antagonista de tragédia grega de todos os tempos. E só ela sabia o porquê.
– Ei, você esqueceu o que faz de nós três irmãos? Além do fato de sermos filhos do mesmo pai e da mesma mãe? – Lembrou Helionora a Luís Cláudio.
– O meu ciúme doentio quando via vocês duas de saia curta e os olhares depravados dos moleques? A minha mania de superproteção? – Relembrou Luís Cláudio. – Deus foi tão justo que me deu duas filhas para eu saber na prática a lidar com essas coisas. Acabei errando feio, errando rude. Estava despreparado.
– Luís Cláudio... – Chamou Maria Marta, finalmente decidindo intervir. – Você não errou feio, não errou rude. Algumas coisas na vida não dá pra prever. Apesar de você ser orgulhoso, e eu não te desmereço por isso, você foi o melhor irmão mais velho que eu podia ter. Você segurou todas as pontas quando nós duas aqui precisamos. É natural que nas casas dos 40 você já esteja estressado, impaciente, nervoso. Você fez o papel de pai quando as coisas saíram do controle: um irmão mais velho de 18, 19 anos tendo que fazer papel de forte pra irmã pré-adolescente e pra uma irmã com leucemia, que só pensava em encontrar com Nossa Senhora. Você merece uma chance, você merece se perdoar. – Concluiu Maria Marta, para ironia própria.
– Acho que eu nunca superei a separação do papai e da mamãe e quis me fazer de neutro, do cara moderno que entende que existe a possibilidade de qualquer casal se separar. – Confessou o historiador. – Mas, os últimos acontecimentos me obrigaram a enfrentar tudo isso de cara, sabe? E o que eu odiei acontecer com os meus pais e sempre tentei disfarçar, porque eu era praticamente adulto, aconteceu comigo e com a Ruthy: nos separamos de uma das piores formas possíveis. É injusto e louco. O mundo é injusto e louco.
– Ei, e você não acha que a Simonetta não tá fazendo isso também? Se fingindo de forte? – Questionou Helionora. – Ela te ama, eu sei disso, ela não consegue disfarçar.
– Vamos pôr esse moleque pra dormir? – Sugeriu Maria Marta. Assim, pela primeira vez, Helionora e Maria Marta deixaram de ser cuidadas por Luís Cláudio para serem as cuidadoras dele.
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Nas lavouras de uva de Zeus e Gaetana, inevitavelmente, Gina se apaixonou por Simão. Gina tinha vivido até os 12 anos no convento esperando uma súbita melhora de Augusta, sua mãe. Depois disso passou a trabalhar como ajudante na mansão da poderosa, carinhosa e sempre amiga, Gaetana Garuzzo. Foi mais uma trama muito bem planejada do destino, ah se foi. Ela tem certeza disso hoje ao olhar Gareth e Simonetta e ver neles o Simone e a Ginevra adolescentes. Foi inevitável.
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Sol em Virgem
Ficción GeneralVirgo, uma misteriosa bruxa da capa preta, não se cansava de soltar maus agouros para cima de Gareth. Sua primeira profecia foi um "Cuidado com as semelhanças" lançada no dia em que Gareth chegara a Salvador com seu amigo de cárcere, Leônidas. Depoi...