Capítulo 11

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CAPÍTULO 11

Depois de algumas semanas de trabalho árduo, Gareth finalmente havia conseguido um sábado de folga. Agora, ele poderia ficar de pernas para o ar, esquecer o incômodo nome de Lúcio Leão e parar de se iludir com Simonetta...  Simonetta. Como ele não tinha sido capaz de perceber que"Simonetta" era praticamente um anagrama de "neta de Simão"?  Era uma dica discreta do Universo, mas Gareth não deveria tê-la ignorado. Apesar disso, o sono das nove estava maravilhoso e Gareth precisava decidir qual sabor de miojo comeria no café... Enquanto pensava nisso tudo, a campainha tocou e tirou o rapaz de seu devaneio culinário.

– Leônidaaaaaaas, como se atreve a me acordar às 09h00 da madrugada?

Quando abriu a porta de sua pequena kitnet, Gareth não viu o rosto barbudo de Leônidas e nem sua cara de comediante. Sua visita tinha a pele como de uma pera,  a cabeça coberta de cabelos castanhos curtos e estava vestida com uma minissaia jeans e uma blusa rosa. Além disso, portava um buquê de girassóis na mão.

– O que você veio fazer aqui? Trouxe o juizado de menores contigo?  – Perguntou Gareth para a adolescente baixinha que estava na sua frente.

– Só vim lhe corrigir do pior erro de sua vida. Nos beijamos três vezes, não duas, e calculo que daqui um minuto esse número mudará para quatro ou cinco e assim sucessivamente, crescendo em progressão aritmética ou até exponencial. – Revelou a primogênita de Luís Cláudio.  – Olha eu sei que tudo isso é muito estranho, mas a gente tem a capacidade de fazer dar certo.

 – Foi a Stella quem me dedurou?

– Sim, e ela também me vendeu os girassóis. Considero-os lindos, mas bem menos do que você.  – Confessou a adolescente.

– Não sei se você tem noção, mas a sua família é uma das mais poderosas de Salvador e, se quiserem, eles mandam caçar minha cabeça. No fim, ainda vão exibi-la num museu.

– Eu não estou nem aí para minha família.  – Revelou Simonetta.  – Eles têm aquela estampa de família unida, mas, no fundo, querem se devorar.

– Mas eu estou. Eu estou muito aí para eles.  – Gritou Gareth, aborrecido.  – Você tem noção que o seu avô é meu patrão?

– Para mim todos eles são uns hipócritas. A única que se salva mais ou menos é a tia Helionora, você sabe, não sabe? Ela gosta de tirar os funcionários do vovô da depressão. E, claro, que eu sou a melhor disparada e, depois de nós duas, vem Eden. – Revelou a moça.

– Quer dizer que a sua família não se reuniu para me lascar, literalmente, né? A ideia veio toda de sua cabeça?  – Questionou o universitário.

– Sim, mas eu não quero te lascar. Eu quero te beijar.  – Confessou a menina.  – É impossível ficar olhando para sua boca e não querer senti-la.  – Declarou-se a adolescente.

– Simona, me desculpe por tudo. Eu também acho você muito linda, mas você é uma criança em comparação a mim. Eu tenho uma experiência de vida muito maior e mais perturbadora que a sua, então eu não sou o cara certo para você. Além do mais, você é herdeira de um império e eu herdeiro de uma maldição. Por favor, tem muitos outros caras...  – Comentou Gareth, lembrando de seu passado perturbador.

– Que maldição? A maldição da beleza?  – Questionou Simonetta.

– Simona, é um assunto muito pessoal...  – Dizia Gareth, revivendo todas as dores físicas e mentais só por lembrar.

– Gare, eu não ligo para quantos trilhões têm na empresa do meu avô, você vai me beijar, não vai beijar ele. Eu não suporto minha família e sua falsa felicidade e você é o cara que eu encontro que não liga para essa merda e é lindo e perfeito. Eu te amo. – Insistiu a moça.

– Você vai encontrar muitos caras que não liga para essa merda, mas eu não aconselho que seja o Leônidas. Ele tem o mesmo histórico que eu.  – Confessou, enigmaticamente, o enamorado.

– Que histórico?  – Indagou Mona, curiosa.

– São coisas muito pessoais. – Disse Gareth. – Pessoais e dolorosas para mim.

– Stella sabe?  – Indagou Simona. – Se ela sabe, por que não me contou?

– Não sei se ela sabe.  – Respondeu o filho de Asia.  – Se sabe, deve ter visto em alguma bola de cristal.

– Posso te beijar? Dizem que o amor cura.  – Ofereceu-se, novamente, a virginiana.

– Bem... Claro, que pode.  – Permitiu o capixaba.

– Quatro, cinco, seis...  – Contou Simonetta, beijando Gareth.

– Posso dar o sétimo? – Pediu Gareth.

Simonetta bem que queria dar o sétimo, oitavo, nono beijo em Gareth... Porém, existia algo mais importante no passado de seu amado que a virginiana tinha que entender. Por isso, usaria o desejo do amado como arma.

– Não, antes você vai me falar porque tem tanto medo de namorar uma menina que só é três anos mais nova que você.  – Ameaçou a rebelde.

– Sua família, já disse. Corro o risco de perder o meu emprego!  – Disfarçou o universitário.

– Você está mentindo. Você colocou o nome de Leônidas no meio.  – Observou a jovem.

– Eu não te mereço. – Confessou.  – Definitivamente não.

– Sou eu quem não te mereço. Me conta, por que esse medo todo do juizado de menores? Gareth, você não me engana...

– Eu posso contar em partes... Tipo, sua tia já sabe, ela me pegou chorando...

– Pode. Diga pelo menos uma frase.

– É que me prometi que não seria preso de novo.

Sol em VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora