Capítulo 46

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CAPÍTULO 46

A História fascinava Luís Cláudio e ela parecia a única coisa que lhe ajudava a compreender o mundo. Infelizmente, a sua história e a de sua família não ajudava em nada em sua compreensão (na verdade, ela só confundia as coisas). Desde pequeno, Luís aprendera que manter as boas relações entre grupos vizinhos e inimigos eram crucial para o desenvolvimento de um povo e da espécie humana. Como as mulheres já foram consideradas moedas de troca (não, Luís não era machista, apesar de Simonetta achar isso) elas eram usadas com esse fim entre os líderes do grupo e entregues em casamento. Era uma aliança de paz. E a evolução genética dos humanos agradecia. Assim, Luís Cláudio ao ouvir as palavras de sua mãe e somar A+B e chegar à fatídica conclusão que, nem sempre, a vida seguia o caminho mais fácil e óbvio, gritou as seguintes palavras:

– Maldição! Maldição! Isso aqui é um inferno mesmo. – Proferiu o senhor de 39 anos, quebrando de propósito os jarros da sala de Simão Garuzzo, decidindo agir como um animal irracional, já que essa parecia ser a escolha de todo o seu bando.

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Haviam três culpados naquele carro. Três cúmplices. E Stella era a mais comprometida deles. Ela estava fazendo um upload de tudo que havia passado em sua vida e entendendo por que ela era a responsável pela paixão amaldiçoada entre Gareth e Simonetta. Quando tinha cerca de quatro anos, Stella havia escutado uma conversa entre Maytê e Edwirgens, a Virgo, sua progenitora, sobre eliminar a traidora. E foi assim que Stella mandou um alerta para Asia, numa propriedade da família Setembrino. Gareth lhe explicara que no dia em que seus avós maternos morreram, e que ele e sua mãe deviam ter morrido juntos, o sítio da família pegou Asia. Asia, alarmada, correra e fez uma magia para cessar o incêndio. Quando voltou encontrou a casa da família em chamas e os pais mortos carbonizados. Já Simonetta fora sua colega de cativeiro quando foi sequestrada por Virgo e daí em diante começou a grande história de amizade entre as duas.

– Qual é o seu maior medo? – Perguntou Leônidas à Helionora, minutos depois de saber por Simonetta que o estado de Gareth era grave, mas estável.

– Não sei qual é o meu atual maior medo. Talvez seja que o meu pai ou minha mãe morram. Mas eu sei muito bem qual era meu maior medo de parte da infância e da adolescência: que Maytê tivesse um filho ou mais com o papai. Graças a Deus papai fez vasectomia. E para glória divina, Eden, Abel e Caim não herdaram o gene ruim de Maytê, com todo respeito à sua tia, Stella.

– Acho que me identifico apenas com a parte Marcelo da família. Sobre o gene ruim concordo: minha mãe herdou fortemente essa característica dos Darcanos.

– Qual seria a característica forte dos Garuzzi, Liô? – Perguntou Leônidas, mais ou menos consciente que o flerte não daria certo.

– A teimosia e o orgulho. Todos nós temos. É o grande diferencial hereditário. E parece que tem uma marca maluca de três pernas na bunda também. Foi identificada em todos nós!

– Ah, a marca... a espada e o tridente! Então o "Cuidado com as semelhanças" que a Virgo disse para mim e para o Gareth se referia à marca de nascença dos Garuzzi. – Lembrou Leônidas. – Estava tudo tão mais ou menos óbvio.

– O Gareth também tem uma marca de três pernas como a minha? – Perguntou Liô.

– Não, ele tem uma espada. A Simona, pelo o que o Gare me contou, tem um tridente. Não sei o porquê. – Respondeu o aquariano. – Se é genético deveriam ser iguais, não é?

– Papai também só tem uma marca de espada na bunda. – Revelou Helionora. – Semelhanças secretas e muito misteriosas.

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Sol em VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora