Capítulo 63

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CAPÍTULO 63

Como uma boa virginiana, Simonetta, lembrava de cada detalhe dos mitos do Signo de Virgem. Embora adorasse a lenda em relação à Deusa Astreia, exilada em uma constelação após muito sofrer com os desencantos da Terra e de seus seres humanos, a neta mais velha de Simão preferia a versão que falava de Perséfone e Hades.

Sim, em partes essa era sua versão predileta do mito, por causa de tudo o que estava acontecendo com ela. Em seus devaneios, a gestante  já imaginara sua mãe trajada de Deméter, deusa da agricultura, e seu pai como o autoritário Zeus ( nome do seu misterioso bisavô, pai de Simão Garuzzo). Porém, em boa análise, o papel de  Deméter e Zeus combinava mais com os pais de Gareth, Asia e Simão. Seu avô sim é quem tinha o estilo de mulherengo e traidor, diferente de Luís Cláudio que, para Simonetta, tinha escolhido um novo amor perfeito (ignore o fato da feiticeira ser melhor amiga de Simonetta).

– Mona... – Falou Gareth baixinho, para evitar que Seu Raimundo, o motorista do carro em que estavam, tomasse nota da conversa completa do casal. – Antes da gente consumar de novo o nosso relacionamento eu gostaria que algumas coisas ficassem claras para mim.  Você sente pressão para ficar comigo de alguma forma? Eu pareço ter uma autoridade inquestionável sobre ti? Me diga, meu amor, porque eu não quero que você se sinta intimada a ficar comigo ou que eu sou uma parte superior na relação, porque eu não sou. Somos iguais, querida, uma só carne como dizem os românticos.

– Na verdade, Gare, a única pressão que sinto é para não ficar contigo. – Afirmou Simonetta. – De resto, eu não consigo te ver de uma forma distinta: você é o amor da minha vida e só esse detalhe importa!

– Simona, eu tenho duas outras questões importantes para debater com você e é necessário que elas sejam debatidas aqui mesmo. Vou te dar um spoiler: depois que descermos desse carro, até o inferno tremerá com nós dois. – Comentou o estudante de Economia. – A gente tem que saber o momento certo de contar para os nossos filhos, e digo nossos porque não quero só esse... Bem, retomando meu pensamento: a gente precisa contar para os nossos filhos o fato que eles não vêm de uma relação comum e a confusão toda da Árvore Genealógica e, por mais que isso não importe para a gente vai importar bastante para eles. Eu acho crucial que saibamos prepará-los para receber essa notícia.

– Isso é uma questão que me preocupa também, mas tenha fé. Tudo vai se arrumar e vamos saber superar esses desafios. – Respondeu Simonetta. – Se essa que eu julgava ser a questão mais importante foi a primeira que você disse, acredito que a segunda deva ser pior e mais pessoal para você. Estou certa, meu Hades?

– Vou te confessar: eu não queria que você se sentisse pressionada a manter nada comigo, mesmo me amando, pois eu te amo tanto que não desejo, em hipótese alguma, que você passe pelo que eu passei. Sabe por que de eu me considerar bissexual, Simona? É que eu me apaixonei pelo meu estuprador, Mona, eu me apaixonei pelo Cássio.

****

Depois de desabafar com aquela que seria a rainha do seu mundo e do seu submundo, Gareth agradeceu a Seu Raimundo, e ordenou que ele parasse da praia perto da sua nova residência.

– Vamos começar nossa lua de mel aqui. – Propôs o filho único de Asia. – Bem perto da lua e do mar, os quatro perdidos de amor, para começar o nosso ritual de reconciliação.

Quando Gareth forçou a memória para lembrar como fazer Simonetta gozar diversas vezes em seguida, até chegar a um ponto de xingar Gareth e dizer que ela era um imbecil por ter se apaixonado por ele, a mesma, cheia de sorrisinhos no rosto, conteve-o:

– Não, você não vai fazer nada disso do que está pensando sem meus vereditos e antes de cumprir minhas ordens. Li que durante a gestação tem umas posições mais prazerosas e ali, exatamente ali tem um barzinho fechado com umas cadeiras na frente. – Revelou a futura cientista social, apontando para o local desejado.

Sol em VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora