Capítulo 48

119 45 113
                                    

CAPÍTULO 48

Asia sentiu o coração saltando do peito. Não, ela não podia se dar a audácia de reviver aquele amor. O passado e as consequências de seus atos já foram suficientemente dolorosos. Ela não podia permitir-se sofrer tanto novamente.

– É muito bom te rever, Simão. – Disfarçou Asia. – Mas eu acho que você usou palavras inapropriadas para se referir à minha pessoa.

– Desculpa, mil desculpas. – Pediu Simão Garuzzo, se aproximando da poderosa feiticeira. – Eu deveria ter encontrado outra solução.

– Nunca existiu solução perfeita para nada. – Afirmou Asia. – Tudo que é escondido um dia vem à tona e eu devo, igualmente a você, pagar pelos meus erros. Só não mete meu filho nisso!

– Eu jamais foi querer magoar o nosso filho. – Disse Simão. – Ele sofreu demais na vida e sei que um dos principais fatores foi a minha ausência! Eu quero tentar amenizar isso.

– Pois bem. Tente amenizar ficando o mais longe possível dele e de mim. Ele está sofrendo demais atualmente por saber parte do passado dele e conhecer todos os detalhes vai fazê-lo sofrer mais ainda. Vá com cuidado, porque ele pode 50% do teu DNA, mas ele sempre foi mais meu filho do que teu. Genes não determinam nada. Eu preciso me retirar. – Finalizou a bruxa, se afastando bruscamente do pai de Gareth, sem revelar ao certo se era por indiferença ou amor reprimido.

****

Eram 06h00 da manhã do dia 20 de fevereiro quando Virgo notou aquela luz vermelha iluminando o seu quarto. Quando finalmente direcionou seu olhar à aquela luz, o espírito de Virgo se encheu de emoção! Sua deusa protetora, o Eu feminino universal, a primeira injustiçada pelos malditos cristãos... Lilith tinha a pele negra, cabelos encaracolados e seios fartos, o que faziam a primeira mulher de Adão exalar cheiro de sexo e sedução. A mulher cobra, inimiga de todos os adúlteros, rainha de todos os demônios, riu sarcasticamente para Virgo e puxou conversa com sua velha amiga.

– Felicite-se Edwirgens! O menino amaldiçoado quebrou tua maldição! – Noticiou a primeira mulher, advinda do barro. – Agora poderás andar naturalmente debaixo do Sol. Espero que nosso acordo de trazer mais bruxas e demônios para mim ainda esteja de pé.

– Minha deusa protetora, minha rainha, lua negra! – Exclamou Virgo. – Sou tua maior devota e em ti hei de viver.

– Em breve entrarei em contato novamente. Prepare-se Edwirgens. – Anunciou Lilith, desaparecendo em sua própria luz vermelha.

****

"O incesto, se ambos são maiores e nenhum está sob ameaça ou violência, é permitido pela lei brasileira, ainda que seja um tabu moral e religioso. Mas, do ponto de vista jurídico, ele jamais gerará uma união estável, ainda que os indivíduos queiram tal união", leu Simonetta no site jurídico Para Entender Direito da UOL. Pronto! Agora Luís Cláudio poderia dizer que queria uma união estável e um casamento feliz para sua filha para justificar por que ele não queria que Simonetta e Gareth ficassem juntos. "E ele é um criminoso!", diria Luís Cláudio. O que Luís Cláudio não sabia e Simonetta sabia muito bem é que o casamento avuncular era permitido no Brasil, para isso bastaria termos dois maiores mentalmente saudáveis, sem nenhum tipo de ameaça e com uma possível prole.

Ufa! Embora Simonetta reconhecesse que ela e Gareth não fossem muito certos do juízo e só a forma de como começaram o romance era uma prova irrefutável disso, a universitária de 16 anos ficou bem mais calma. "Só não posso ir para os Estados Unidos", pensou a primogênita de Ruthy. "E lá em Nápoles tem incesto até em cima de pé de bananeira. Incesto e pedofilia. Deus me free! Lembrar do Mikhael agora não!", conteve-se a gestante.

Sol em VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora