Capítulo 78

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CAPÍTULO 78

Há alguns anos, se uma vidente parasse Luís Cláudio na rua e falasse que ele encontraria o amor de sua vida, ele a trataria com menosprezo. Primeiro: ele odiava tudo relacionado ao esoterismo desde que Virgo sequestrara Simonetta. Segundo: Luís achava que vivia um casamento perfeito com Ruthy, o que não era verdade. Se realmente existissem almas gêmeas Stella era a de Luís Cláudio.

O quão impactado Luís Cláudio não ficou ao ver a mulher de sua vida inerte diante do pai recém-descoberto? Educadamente, o historiador pediu para João Muniz se retirar. Ele tinha noção da dor que a noiva sentira. Ele também odiara o fato do seu pai esconder um filho em potencial de toda a família (sabemos todos os motivos para Luís odiar isso). Imagina ser a filha escondida?

– Meu amor, se sente bem? Está tudo bem com a nossa Ágatha? – Questionou Luís Cláudio.

– Sim, Lully, estamos bem. Eu só entrei em um transe. – Respondeu a gestante.

Passado o medo e visto que Stella estava em condições de casar-se sem sustos sequentes, o leonino não resistira à curiosidade que naquele instante lhe batia.

– Você está casando com um homem 15 anos mais velhos, cheio de problema na família e com pensamentos e opiniões quase totalmente opostas as suas. – Observou. – Diga, Johana, o que você viu em mim?

– Eu vi um dos homens mais bondosos que já conheci atrás de uma armadura de orgulho. Eu te amo, Luís Cláudio. – Respondeu Stella, dando as mãos para o futuro marido.

****

Algumas coisas não faziam mais sentido para Simonetta. Não, não fazia sentido manter-se afastada de Luís Cláudio mesmo que ele não concordasse com seu casamento com Gareth. Ele era seu pai e 90% do mundo não concordava com seu casamento com Gareth. Dezembro estava chegando com o Natal e antes dele Olívia, logo depois Ágatha. Não fazia sentido. Gabriel estava vivo e era isso o que importava. Ele e Olívia precisavam do avô e Simonetta precisava do pai.

Papà... – Chamou Simonetta. – Eu estou muito feliz por vocês. Acho que a Stella sempre foi a mulher certa para você, só que a gente ainda não sabia.

– Simona, fico feliz por você ter vindo. Eu sei que já faz mais de um ano e as coisas ficaram um pouco melhores entre nós, mas eu te devo um pedido de desculpas oficial. Eu não devia ter feito àquele escândalo no seu casamento. – Confessou. – Eu não concordo com quem você casou e você sabe muito bem o porquê. Ficaria extremamente feliz se você fosse apenas amiga do pai dos seus filhos. Mesmo assim: me perdoa.

– Eu acho que nós dois devemos pedir perdão um pro outro. Eu fui muito dura com o senhor por não entender sua preocupação de pai. Hoje entendo. – Confessou Simonetta. – Obrigada por disponibilizar o dinheiro para a gente abrir o nosso negócio. O senhor não sabe como isso é importante para mim, pro meus filhos, pra Sam.

– Não fiz nada mais do que minha obrigação de pai. Aliás eu devia ter te levado até o altar. Era minha obrigação.

– Sua obrigação agora é amar incondicionalmente a Stella e minha irmãzinha. Eu te amo, pai. – Concluiu Simonetta, dando um abraço curador em seu pai.

****

A cabeça de Donatello estava em chamas. Algumas coisas eram difíceis de entender, até mesmo para um padre. Principalmente para um padre. A Igreja Católica Apostólica Romana condenava um segundo casamento enquanto o primeiro cônjuge ainda estava vivo. Condenava também o casamento entre um católico e não católico pelos perigos da divisão da fé da prole. Condenava, também, a feitiçaria, práticas esotéricas. Já Donatello condenava seu coração.

Sol em VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora