Capítulo 51

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CAPÍTULO 51

Marcelo realmente amava Maria Marta apesar de suas personalidades serem quase opostas. A esposa de Marcelo tinha uma rixa histórica com Maytê e Marcelo suponha que o principal motivo para isso fosse o fato de sua mãe ter separado os pais de Marta em um dos momentos mais difíceis de sua vida: as internações constantes pelas infecções causadas pela leucemia e a perda acidental da virgindade. Bem, mas o roteiro verídico da história não parecia ser este já que Asia Adams, mãe do filho caçula de Simão, nunca tinha sido mencionada. E isso incomodava Marcelo, não pelo fato de seu cunhado ter transado com sua sobrinha, mas pela carnificina que ocorreria na família Garuzzo.

– Marta, a gente precisa conversar seriamente sobre Eden, Abel e Caim. – Lembrou Marcelo no sofá à esposa, que se encontrava rezando o terço ajoelhada. – Como três crianças deficientes vão lidar com esse terremoto causado por sua família? A gente precisa fazer um diagnóstico oficial de autismo nos gêmeos e colocar os três em um bom psicólogo.

– Provavelmente Abel e Caim não são autistas. – Respondeu Maria Marta. – E outra coisa: esse acompanhamento psicológico devia ter sido feito desde o nascimento deles, já que não é fácil ser parente do lado escuro da força, que no caso é a sua família.

– Eu vou fingir que não me importo com suas ofensas à família Leão. – Respondeu Marcelo, irritado. – Só te aviso que não vou aguardar sua permissão para eu procurar ajuda médica para os meninos. Em breve entrarei em contato com o Dr. Wanderson Magalhães e aí veremos quem está com a razão.

****

Mikhael conseguira reunir as três pessoas mais sacanas de Salvador nos últimos meses em um almoço comemorativo. Um deles claramente era ele próprio, que durante dias se perguntava como o diabo podia ser tão bom com ele. Estavam na mesa com ele Maytê Golpista ainda Garuzzo e Tarcísio, motorista de Luís Cláudio, de caráter duvidoso.

– Bem mamãe, como podemos ver o Tarcísio quer se livrar de qualquer acusação contra ele. – Dizia Mikhael, entusiasmado com seus planos. – Primeiro, eu o parabenizo pelo sucesso do plano. Segundo, te maldigo por não ter descoberto que o tal do Gareth é filho do Simão. No fim ele acaba sem a Simonetta, mas milionário. Garoto de sorte.

– Não julgue o moço mal. – Interferiu Maytê. – Eu mesma nem desconfiava que aquele garoto era filho da Asinha.

– Eu só quero ficar parcialmente fora disso. Se qualquer um dos Garuzzi descobrir eu vou ganhar uma multa ou até uma prisão. – Afirmou Tarcísio. – Eu preciso me demitir e vocês precisam me pagar muito bem por todo o sacrifício que estou fazendo.

– Calma, garoto. Eu e meu filhinho já combinamos que você há de ficar como nosso capanga, para algumas de nossas necessidades. – Revelou Maytê.

– Bem e como somos uma equipe, aqui vai algumas boas-novas: Luís Cláudio está disposto a fazer a Simoninha abortar o filhote de ET e, como todos nós sabemos, eu vou propor a Simona em casamento com a desculpa de salvar a moral dela e da família e reconhecer a criança. Depois eu faço ela abortar a assombração de alguma forma.

– E você precisa manchar ainda mais a imagem do Gareth para isso. Não é? – Concluiu Tarcísio.

– Óbvio. – Respondeu o malvado. – Eu vou insinuar que ele e a Helionora tinham alguma coisa. Assim é até perigoso o próprio Simão deserdar o filhote mais novo dele.

– E sobre o impacto na imprensa? – Perguntou Maytê. – Esse é um passo crucial para destruir os Garuzzi.

– Eu pensei em uma pessoa ideal que pode se infiltrar entre eles e obter informações privilegiadas: Mirella.

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Wanderson era psiquiatra há um bom tempo e nenhuma tragédia, por mais dura que fosse, era pior que a tragédia de sua vida. A vida de Gareth, meio-irmão da sua amiga de longa data, Helionora, talvez fosse classificada como uma tragédia, mas com possibilidade de final feliz. A sua história não teria final feliz de forma alguma. Ele teria que começar outra história, desvinculada daquela, para ter alternativas de um fim satisfatório.

Simão Virgínio Garuzzo estava conversando com Américo, tio de Gareth. Eles falavam algo sobre uma casa de 200 mil em Salvador, que seria paga em parcelas, quando Simão interrompeu a conversa para lhe dar as últimas sugestões.

– Por favor, ouça meu filho e lhe dê bons conselhos, mesmo que ele não pareça merecer. – Pediu o empresário italiano. – Ah, prepare-o com relação ao teste de paternidade.

– Tudo bem. – Respondera Wanderson. – Mas vai ser bem difícil ser imparcial.

Finalizadas as palavras ao pai de Helionora, Wanderson se encaminha para o quarto comum do hospital. Já era dia 02 de março de 2015 e Gareth havia passado onze dias internado. Agora o jovem tinha que enfrentar outra barra: tentar sair da depressão profunda e começar um tratamento psicológico e psiquiátrico.

– Boa tarde. – Cumprimentou o rapaz de 19 anos. – Pelo menos esse quarto é bem melhor que o outro.

– Como você já deve saber eu preciso ter uma conversa séria, quase íntima com você. – Revelou o psiquiatra.

– Sim, sobre os antidepressivos e outros remédios que preciso tomar para tentar ser um bom pai para o meu filho ou filha. – Confessou Gareth. – Sim. Eu estou supostamente preparado para isso.

– Simão quer fazer o teste de paternidade o mais breve possível. – Revelou Wanderson.

– Para isso eu sei que não estou preparado. – Dizia o estudante universitário, baixando o olhar para as partes íntimas.

– A gente precisa começar da parte mais difícil. – Observou o psiquiatra. – Conte-me sua história e o que te levou a tentar suicídio.

– Eu só queria ser uma boa pessoa...

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A presença de seus bons amigos em Vitória, diante o cenário trágico que se apossara de sua vida romântica, era a única razão de manter Simonetta e seu bebê ainda de pé. Eles tinham ao seu lado uma das maiores bruxas boas do Brasil: Stella.

– Eu achei bacana a ideia da Alasca virar uma bruxa oficialmente. – Dizia Simonetta à Stella. – Claro que eu não tenho coragem de fazer isso por motivos de Lilith.

– Eu soube pela Asia que ele fez 17 anos no dia 28. – Contou Stella. – A gente podia preparar um presente bem esotérico para ela e entregar quem sabe amanhã ou depois.

Distraídas, nem Simonetta e nem Stella notaram a chegada de Luís Cláudio, o inimigo dos amores impossíveis.

– Desculpe-me interromper a conversa das senhoritas, mas se você, Johana, quiser dar algum presente para essa moça aí, a filha do Américo, deve fazer isso sozinha. – Ordenou o historiador.

– Eu vou ter que quebrar esse gelo, eu sei que vou... – Rebelou-se Simonetta. – Você, Luís Cláudio, não vai se intrometer nas minhas boas e verdadeiras amizades.

– Estou te dizendo que você, minha cara filha, não vai poder acompanhar essa feiticeira à toca das bruxas. Sabe por quê? – Brigou o primogênito de Simão. – Porque você vai voltar para Salvador o mais rápido possível comigo.

Sol em VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora