CAPÍTULO 36
Helionora precisava falar seriamente com Maria Marta. Eden precisava ser diagnosticado oficialmente como autista por dois motivos: para entender que o filho não estava louco ao falar de Marina e para que Eden finalmente encontrasse uma explicação para as suas mais profundas indagações. Liô lembrou de uma palestra que assistira sobre sinais de características de autistas adultos. Eden não era adulto, mas já era bastante tarde para receber um diagnóstico assim.
Às vezes Eden falava asperamente e alto sem distinguir qual era o momento viável; Eden se irritava do nada se uma coisa não saísse conforme seu planejamento; além disso era obsessivo por regras e rotinas como ir com Liô para a UFBA; desviava o olhar sem ter necessidade de mentir ou medo e definitivamente era hiperfocado em Física, especificamente em Albert Einstein e Isaac Newton. Pensando em convencer a irmã que seu filho não era mentiroso nem retardado, Liô convidou Isaías, pai de Marina, para o maldito almoço de aniversário de casamento de Maytê e Simão. Estava toda a família reunida, incluindo o convidado. Simonetta estava com um vestido vermelho e com uma cara de "Não quero estar nessa reunião tediosa de uma família falsamente feliz e quero ir para onde tenha Sol". Helionora sabia muito bem onde estava o Sol que Simonetta falava.
— Filha, você está tão bem-arrumada para esse almoço! — Observou Luís Cláudio. — Pensei que não gostasse dessa data. Me dá gosto ver seu amadurecimento.
— Continuo odiando. Estou aqui única e exclusivamente por Eden, a pessoa mais sensata da família. — Respondera Simonetta, educadamente. — Vou me encontrar com a Ágatha para ouvir o resultado do vestibular pelo rádio. Ah, você esqueceu disso, não foi?
— Desculpa Simona, eu estive pensando em outras coisas. Desde que Eden botou fogo na igreja ficou difícil pensar em algo além das matérias tendenciosas sobre a nossa família. — Justificou-se Luís Cláudio olhando desesperadamente para Mikhael que, como sempre, estava atuando muito bem.
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Nathalia também esperava ansiosamente pelo resultado do vestibular. Claro que ela tiraria a maior nota da sala, pois seu pai tinha pagado vários cursinhos durante anos. Iria tornar-se médica e Simonetta, sua arquirrival de sangue italiano, teria que se conformar com uma faculdade medíocre. Jonathan abrira a porta e deu um abraço demorado na filha e um estranho beijo na bochecha.
— Eu espero que você saiba me agradecer por tudo que te fiz quando passar para Medicina. —Comentou Jonathan, primogênito de Muniz, velho amigo de Simão Garuzzo.
— Sim, papai! Vou estudar muito e tirar as melhores notas. — Respondeu encantada a garota que não se dava conta das segundas intenções que lhe rodeavam.
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Eden estava se sentido confortável com o pai de Marina sentado na mesa da família mais hipócrita do mundo. Só não estava confortável com a ausência de Marina, que era a segunda garota mais inteligente perdendo apenas para Simonetta, seu membro favorito da família Garuzzo. Falando nela, Eden notou que a prima não era a sua melhor amiga como sempre fora. Isso remetera ao tempo que Simona fora pegar o livro sobre sexo. Mudara totalmente a garota. Será que as pessoas se tornavam assim após a puberdade? Ou isto seria mais um delírio de Eden?
— Belo almoço. Belas pessoas sentadas na mesa. — Comentou Eden, tentando parecer simpático. — Eu estou sentindo falta da Marina. Não sei como o nosso convidado não percebeu a mente genial escondida atrás daqueles cabelos cacheados e olhos verdes.
– Marina é uma garota difícil. Ela seria bem capaz de escapar daqui como fazia nas clínicas de Vitória. – Justificou-se Isaías. – Você não saberia conviver com ela. Por isso internei-a aqui em Salvador. Família é algo complicado. Especialmente a minha.
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Sol em Virgem
Fiction généraleVirgo, uma misteriosa bruxa da capa preta, não se cansava de soltar maus agouros para cima de Gareth. Sua primeira profecia foi um "Cuidado com as semelhanças" lançada no dia em que Gareth chegara a Salvador com seu amigo de cárcere, Leônidas. Depoi...