Capítulo 39

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CAPÍTULO 39

Helionora estava tendo uma reviravolta e tanto em sua vida. De psicóloga solteirona que ficou em todos os sentidos para titia para uma psicóloga solteirona que estava morrendo de vontade de estudar e de ser a melhor amiga dos sobrinhos. O auge de tudo foi quando Eden lhe confiou suas observações para ela: o diagnóstico de autismo do sobrinho lhe fizera rever seus desejos de fazer uma pós. E Simonetta? A única Garuzzo que sabia detalhes sobre a vida sexual da primogênita de Luís Cláudio era ela. Samantha mantinha-se distante, mas talvez a aproximação das duas acontecesse com o tempo.

E sobre Abel e Caim? Helionora tinha algumas coisas para falar para Maria Marta sobre esses dois e esperava que a irmã não surtasse: a desconfiança que os gêmeos também eram autistas, mas autistas severos. Os pensamentos de Liô foram interrompidos por batidas fortes na porta de seu consultório. Quem iria precisar de uma terapeuta em pleno 1o de janeiro? E quem iria trabalhar em pleno 1o de janeiro?

– Gareth, Leônidas! – Exclamou Helionora. – Eu estava pensando em você agora mesmo, Gare. Claro, toda vez que eu penso em Simonetta penso em você automaticamente. Como vocês me acharam?

–Isso também é claro, Liô. – Respondeu Leônidas. – Ele estava com a Simoninha ontem.

– Helionora, eu sei que ando abusando da sua paciência, principalmente em relação ao meu namoro com a Simonetta, mas eu queria que você salvasse o meu pescoço mais uma vez.

– Aquele seu amigo com quem você apareceu na sala do Marcelo. – Continuou Leônidas. – Ele era o diretor do nosso reformatório lá em Vitória.

– E a gente não quer que a família Garuzzo saiba do nosso passado, principalmente do meu, antes que Simonetta e eu assumamos nosso namoro. Se a sua família ficar sabendo do meu passado de qualquer forma, dificlmente eles concordarão com esse relacionamento. – Justificou Gareth.

– Concordo contigo, Garteh, mas o que mais me surpreende é saber que vocês dois conheceram Isaías naquele lugar... O mundo é mesmo pequeno. – Disse Helionora, reflexiva. – Então, no que eu posso ajudá-los?

– Nos passe o endereço dele depressa. – Ordenou Leônidas. – Antes que seu pai nos demita.

****

Gareth estava apreensivo para o seu reencontro de verdade com o delegado Isaías Costa. O capixaba dera um olé em Leônidas e afirmou para o amigo que esse era um assunto que interessava particularmente a ele, o ladrão de livros da sala do diretor do reformatório e ladrão de netas do patrão. Gareth podia ter invadido o endereço soteropolitano de seu ex-superior, mas ele prometera a si mesmo ser uma pessoa boa e isso incluía não ser preso por invasão. O delegado estava na sala de apartamento tendo uma conversa importante com a filha. Sim, Marina era o nome dela. Ele lembrava de tudo que Isaías lhe contara sobre ela.

– Boa tarde e feliz ano-novo. – Disse Gareth com uma coragem assustadora de olhar nos olhos do delegado. – Precisamos bater um papo. Pode me revistar, estou sem armas.

– Eu não esperava te ver aqui, Gareth. – Revelou Isaías. – Marina, pode nos deixar a sós.  – Pediu o senhor para a filha.

– Tudo bem, dr. Isaías. – Respondeu Marina, saindo da sala. – Sei que sou menos importante que a sua carreira.

– Desculpe a minha filha. – Disse Isaías. – Ela sempre fala coisas ácidas.

– Ela só falou o que achava. Ela é muito sincera. – Defendeu Gareth. – Ela é como o Eden, primo da minha namorada.

– Espere... você conhece o Eden? – Perguntou o delegado.

– Vi algumas vezes pessoalmente, mas não tive nenhuma conversa íntima com ele. A família dele não sabe que eu estou saindo com a Simonetta.

Sol em VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora