Capítulo 32

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CAPÍTULO 32

Fora divertido para Simonetta libertar gatos e cachorros das mãos do intragável Mikhael, mas, ver a cara de tacho dele nas reuniões sem-sentido dos Garuzzi-Leão, não tinha preço.

Ao voltar para casa naquela madrugada de sábado, Simonetta teve uma grande surpresa: uma cachorra tinha aparecido "milagrosamente" na porta de sua casa. Claro que isso tinha o dedo de Ágatha... Falando em "Ágatha", Luís Cláudio estava animado com as aulas de Filosofia que Stella-Ágatha ministrava à Simonetta. Mal sabia Cláudio que um dos tópicos dessas aulas era Introdução à Bruxaria Stelliana e o outro era Delírios Filosóficos de sexo com Gareth. Simonetta gostava especialmente do segundo tópico e por causa dele pretendia fazer Ciências Sociais. Sim, queria entender e ajudar crianças "rebeldes" como Gareth fora um dia.

Agora, a única rebeldia que Simona permitia à Gareth era na cama. Ele podia rebelar-se contra ela e dizer: " Não, não é sua vez de dominar" ou "Para, meu pênis está doendo". Para melhorar a relação dos dois, Nathalia parecia satisfeita com a mesada que ganhava e Helionora dava dicas de "como esconder de meus pais que transo mais do que eles".  Tudo estava indo bem (até demais) e Simonetta se sentia feliz por está chegando cada vez mais perto da idade adulta.

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O pior dia do ano, para Simão Garuzzo, com certeza era 11 de setembro. Simão tinha seus motivos para odiar esse dia e um deles era ir para a missa de 19 anos de falecimento de Lúcio Leão. Parecia hipocrisia o empresário comparecer lá com a viúva do "amigo", sendo que casou com a víbora três meses depois. Simão fora punido da pior forma possível pelos seus pecados e crimes: casar com Maytê Darcano, serpente em forma de mulher. Ainda por cima vira seus filhos se distanciar e perdera sua maior paixão (sim, ele a amava mais do que trabalhar). Tudo isso em uma noite. Torcia para que o velho conhecido estivesse no Inferno, mas Simão temia assim desejar e encontrar o velho conhecido lá embaixo quando morresse. Assim, fingia rezar para que Lúcio estivesse no Céu, enquanto ele próprio vivia um inferno em vida.

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Se reaproximar de Gareth e receber diversas ligações semanais dele foi a maior dádiva que a Deusa podia dar para Asia. O namoro com a tão misteriosa garota baiana estava fazendo muito bem a Gareth e, de um certo modo, à Asia.

Asia sabia que o esoterismo não era muito bem-visto pelas pessoas e, em vez de manter o respeito pelo seu filho, usou seus dons para enganar as pessoas. Isso, junto aos cheques de seu finado patrão, desencadearam a revolta no rapaz, que acabou partindo para o mundo do crime e passando dois anos no reformatório.

Praga de Virgo? Justiça da Deusa Hécate, a quem Asia prometera manter-se virgem e consagrar suas crias? Ou seria mais uma manipulação de Lilith, a verdadeira chefe da Seita comandada por Virgo? De qualquer forma beirava os 20 anos que Asia não tinha relações sexuais, então ela era praticamente uma mulher virgem, exceto por alguns detalhes. Agora, Asia precisava se manter isolada e orar para que a Deusa protegesse seu filho das garras de Virgo.

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Já fazia mais de um ano que Gareth e Leônidas trabalhavam com Marcelo na S.V. Comunicações. Olhando para trás, mal acreditava que estava namorando a neta de Simão Garuzzo escondido há tanto tempo. Sua sorte era que Helionora apoiava a relação e dava dicas ao casal de como omiti-la.

– Que tipo de reclamação você está recebendo no SAC, Gaetanio? – Indagou Leônidas.

–"O que eu faço para evitar que meu filho veja sites de pornografia?" – Respondeu Gareth, lendo uma das reclamações de seus clientes especiais.

– Sério, Gaetanio? Aqui a moça me reclama do seguinte: "Não estou conseguindo esconder meu namoro da minha mãe. O que faço?" – Leu Leônidas. – Essa é para você responder, Gareth.

– Meninos, acho que vocês trabalharam demais. – Interrompeu Marcelo, entrando em sua sala. – Amanhã é feriado nacional e vocês precisam de descanso.

– Ufa. Obrigado! – Agradeceu Gareth.

– É, Gareth está aliviado. Ele tem um compromisso muito importante mais tarde. – Entregou Leônidas.

– Cale sua boca, Leo! – Gritou Gareth.

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Simonetta estava bastante feliz que a professora Ágatha, sua nova isca, tivesse salvado ela e o namorado das ameaças de Nathalia. Além disso, ela sempre fingia que ia dormir ou que estava com dor de cabeça, com o propósito de encontrar o amor de sua vida. Naquele exato momento, Simona estava vivendo em dois universos paralelos: em um ela estava na casa de sua querida professora de Filosofia e no outro, o universo real, ela estava prestes a transar com seu homem.

– Quer dizer que minha Mona Linda já está em casa? – Questionou Gareth ao ver a kitnet arrumada. – Qual foi a desculpa que você inventou dessa vez para o senhor Luís Cláudio e dona Ruthy?

– Último planejamento para a palestra de amanhã com a professora Ágatha. – Respondeu Simonetta, levantando-se da cama do namorado. – O ruim é que papai queria apresentar a professora para os amigos dele. Sei lá, ou ele se apaixonou pela Stella ou quer arranjar um emprego para ela na UFBA.

– O que será que o Luís Cláudio vai achar do tema? – Perguntou Gareth. – Será que ele realmente sabe do que você vai falar?

– Vai ser uma surpresa para o papai, meu amor. – Disse Simonetta sabendo, antecipadamente, que o pai não gostaria de sua palestra.

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Luís Cláudio estava ansioso pela palestra que Simonetta daria na UFBA no dia da Independência. Sua menininha estava crescendo e deixando de ser rebelde! Claro, que boa parte da maturidade de Simonetta se devia à boa influência da professora Ágatha. Ágatha. Poucos professores de Filosofia sabiam explicar tão bem o Mito da Caverna quanto aquela sábia e linda mulher. A única coisa que incomodava o historiador era achar o rosto da jovem bastante familiar, mas tudo aquilo devia ser uma besteira de um homem de quase 40 anos. "Ela deve ter o rosto de uma musa de alguma pintura clássica", pensou Luís Cláudio ao dormir, ignorando aquela que achara, um dia, ser o amor de sua vida.


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