Capítulo 76

60 30 31
                                    

CAPÍTULO 76

Mesmo estando livre e tendo o direito de estar casado com Simonetta, Gareth se sentia criminoso de novo. Por sorte do destino hoje Gareth não era um assassino. Ele não conseguiria viver com tamanha culpa, principalmente agora, nessa altura do campeonato, onde tudo estava dando aparentemente certo.

Felizmente, João Muniz concordou que Gareth fizesse a maior parte de seu trabalho em casa. Menos mal. O patrão de Gareth tinha todos os motivos para pedir que ele comparecesse todo dia na Didática de Munique, agora que o capixaba estava formado. "Como seu trabalho é de catalogação e pesquisa, eu ordeno que você continue fazendo-o em casa, com seus amigos e família", havia dito João Muniz. "Eu não posso demitir Marcos Lins, ele é um ótimo empresário e o negócio com ele vai me fazer muito bem. E eu não posso demitir você também", se explicou o avô de Nathalia.

– Gare, things they change, my boyfriend. – Cantou Simonetta, parodiando a música Carrie, de Europe. – As coisas mudam, meu amor, e talvez tenhamos que fazer algo mais divertido, no qual só gente de nossa confiança trabalhe. Abrir uma livraria, talvez?

– Acho que não teremos dinheiro nem tempo para fazer isso. – Respondeu Gareth, acariciando a barriga da esposa. – Como a gente foi deixar isso acontecer de novo e tão rápido?

– Acho que a maior parte da culpa foi minha. – Brincou Simonetta. – Na época que você estava internado eu implorei para a Deusa para ter uma menina. Como ela não podia trocar o sexo do Gabriel, ela permitiu que eu engravidasse de novo cerca de um ano depois do pedido.

– Não acho que nem o Deus Cristão nem a Deusa Wicca foram justos com a gente atendendo o seu pedido. – Disse Gareth, entrando na brincadeira de Simonetta. – O que a Deusa disse para você?

– Que você iria sobreviver e que teríamos 144 filhos. Quase impossível não ter uma menina entre tantas crianças, né?

– Acho que a Deusa não mentiu. Só o Gabriel vale de uns 30 para 40. Esse valerá por quantos? – Disse Gareth, caindo em risadas.

****

Virgo precisava de recursos e de pessoas e de atos maldosos para permitir-se ser feliz. O golpe das ervas alucinógenas conseguira trazer muitos discípulos para Virgo e Lilith, mas nenhum deles se comparavam a Jonathan Muniz.

Jonathan e seu meio-irmão, Nicholas, eram bem diferentes entre si, apesar de serem filhos do mesmo pai e criminosos. Apesar de Nicholas ter o histórico pecaminoso desde jovem, Jonathan era o que podia ser considerado um espírito maligno encarnado. Talvez Nicholas tivesse redenção como seu pai, João Muniz, tivera.

Virgo tinha boas lembranças de João Muniz, principalmente da época que ele era um cara sem escrúpulos e praticava pedaladas fiscais e lavagem de dinheiro junto com Simão e Lúcio. Sim, Simão já jogou do lado negro da força. Levada pelas boas lembranças e informações secretas que tinha, Virgo decidira visitar João Muniz.

– Olá, você lembra de mim? – Disse a bruxa, que havia passado por despercebida entre os recepcionistas da Didática de Munique. – Eu quero fazer um trato contigo, my devil.

****

Talvez Eden estivesse a passo de se tornar Einstein. Não, isso não era superestimação do jovem de 14 anos. Alguns traços eles tinham em comum: eram autistas, amavam Física e foram menosprezados intelectualmente. "Parabéns, nota 2,00. Escreveu muito, mas nada faz sentido. Você devia tentar carreira na ficção científica", havia escrito o professor de História de Eden em sua prova. De fato, Eden não se dedicava mais como era antes às suas aulas comuns, vistos que Olimpíadas de Física, Tragédias Gregas e Alasca Adams eram hiperfocos bem mais divertidos. Agora Eden, naquele 19 de maio de 2016, tinha a oportunidade de se provar um prodígio. Infelizmente, no meio do caminho, Eden teve que aguentar Marcelo defendendo o estúpido se tio Mikhael.

Sol em VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora