Me encantou demais

Rael

Acordei no dia seguinte meio bolado pelo o que aconteceu ontem. Tomei meu banho, coloquei minha roupa e arrumei minha mochila com as coisas da faculdade. João estava atrasado como sempre e ele pegava mais tarde. Eu fui até a cozinha e senti aquele cheiro de café extra-forte que fazia meu estômago embrulhar junto com o cheiro do pão quentinho. Eram poucas coisas que me deixavam ter esse prazer pela manhã e uma delas era tomar um café que não fosse aguado da cafeteria da faculdade. Eu vi que era a Eduarda na cozinha, cheguei querendo não atrapalhar e acabei assustando a mina.

— Que puta susto! — ela virou rindo — Tá indo pra faculdade?

Eu concordei — Bom dia. Tô indo sim...

Eu me sentei na mesa e ela se sentou na minha frente. Eu peguei aquele café bem quentinho de manhã com aquele pão quentinho também e tomei um ótimo café da manhã. Enquanto eu tomava café eu mandei uma mensagem para a Maria Vitória.

— 📲 Mensagem (2)
Rael: Bom dia, estresse.
Rael: Vou passar aí pra te buscar, beleza?

Ela não respondeu e eu terminei de tomar meu café da manhã tranquilo. Eduarda levantou para pegar alguma coisa na geladeira e eu notei suas coxas. Eu não via pecado nenhum olhar porque eu também já a peguei olhando para mim algumas vezes. Eu que não quero essa encrenca pra minha vida. — Quer ajuda?

Eu olhei para a mesa e ela negou. — Não, eu tiro tudo. Precisa não.

Eu concordei com a cabeça e me despedi com um aceno. Peguei minha mochila e desci até a garagem, ajeitei meu cabelo no elevador. Cheguei na garagem, destravei o carro, entrei e joguei a mochila no banco de trás, dei ré e sai com o carro da garagem do prédio. Botei uma musica para descontrair até chegar no apartamento da Vitória. Liguei, mas nada. Mandei mensagem é nada. Fiquei uns dez minutos esperando ela. Ela não respondeu mensagem nenhuma e eu fiquei preocupado. Fui até a portaria do prédio e pedi para o porteiro ligar para o apartamento dos pais dela.

— Oi, Fátima. Vitória tá descendo? — Eu perguntei.

— Bom dia, Rael. Maria Vitória não dormiu na sua casa não? — Ela perguntou em tom preocupado.

— Não.

— Ela então dormiu na casa da Brenda. Ela disse que precisava sair.

Eu neguei com a cabeça — Tá bom, Fátima. Obrigado!

Eu entrei no carro e parti para a faculdade. Cheguei lá e encontrei a Vitória com cara de cu junto com a Brenda enquanto a Isabela estava com o Pedro e o Bernardo. Geral separado. Fiquei até receoso de falar alguma merda. Me aproximei da Maria Vitória.

— Maria Vitória, podemos levar um papo? — Eu segurei a alça da mochila e ela suspirou.

— Rael, você tem certeza? Olha, minha cabeça tá muito quente....

— Rael, você não tem moral — Brenda ia se metendo mas eu fui logo interrompendo.

— Estou falando com a Maria Vitória. — Fui ignorante mesmo. Odiava quem se metia no meio do papo que não era pra se meter. — Se tu quiser levar um papo sério comigo sem criancice me encontra depois da aula, falou?

Maria Vitória não respondeu nada e eu passei direto. Não estava com paciência para escutar ladainha se não fosse uma conversa madura. Ela tá agindo como se eu estivesse traindo ela fudendo com a Eduarda por tudo quanto era canto da casa quanto minhas conversas com a mina eram conversas de elevador. Básicas, curtas e só por educação. Eu joguei minha mochila na minha cadeira e me sentei na mesma. Estava bastante puto. Escutei aquela aula quase querendo matar a professora e por sorte eu só tinha dois tempos. Sai da sala e fui direto para o estacionamento já que a Maria Vitória nem sequer apareceu.

— 📲 Pedro (2)
Pedro: Rael, corre aqui mano.
Pedro: Isabela vai partir a cara da tua mina.
Rael: Que????! Que porra é essa?
Pedro: Se eu soubesse eu te falava, caralho.

Eu fui na direção que o Pedro tinha me dito que era na cantina e encontrei a Isabela quase dando na cara da Maria Vitória mesmo. Maria Vitória gritava coisas para ela que eu não estava entendendo nada enquanto o Bernardo segurava a Vita e o João segurava a Isabela.

— Você é maluca, Isabela. Tá falando merda — Vitória gritou em direção a Isabela.

— Você quer que eu conte do teu showzinho ontem ou prefere contar? — Ela foi irônica e eu me meti.

— Rael, vamos embora — Ela pegou na minha mão e saiu me puxando. Eu tirei minha mão e encarei a Isabela.

— Agora tu fala.... Tá engasgada desde ontem aí — encarei a mesma que me olhava com ódio. — Vai, caralho. O que tá te engasgando?

— Rael, eu vou ignorar sua provocação porque você realmente é o único idiota nessa história. Depois a gente conversa — Ela bufou e passou direto por mim feito uma bala. Ela encarou a Vitória — Eu era tua amiga, garota. Mas não suporto traição.

— Ih, caralho — gritei para a Isabela e a Maria Vitória veio me abraçar. Eu tirei ela de perto de mim — Vai me contar que porra tá acontecendo não?

— Vamos embora, Rael.

— Rael, vai embora — Bernardo comentou bufando — Vitória, toma teu rumo também.

— Caralho — bufei — Alguém me conta o que aconteceu?

Isabela escutou e veio na toda feito uma bala novamente. Maria Vitória tentou segurar ela, mas ela quase jogou a Vita da frente dela. Ela parou na minha frente e todo mundo já olhava. — Se você quiser saber o que aconteceu tu vem comigo. Eu não vou segurar mais minha língua.

Vitória riu — Você é muito engraçada, Isabela. Você sempre foi doida para sentar no Rael.

Isabela riu ironicamente — Se eu quisesse sentar no Rael eu já teria sentado há muito tempo, Maria Vitória. Quando vocês terminaram pela primeira vez.

— Que porra que eu tenho a ver com isso? — comentei bufando.

Isabela saiu me puxando e eu já queria soltar um largadão mas eu estava querendo saber dessa porra toda e com certeza a Maria Vitória iria me enrolar até a morte. Maria Vitória me segurou — Eu amo você.

Isabela deu uma risada irônica e me puxou para fora daquela confusão toda. — Onde podemos conversar?

— No meu carro — respondi e a Isabela concordou.

Eu fui até meu carro, destravei, ela entrou no banco de carona e eu fiquei no de motorista. Seja lá qual foi a merda que a Vitória tenha feito com ela ou com qualquer um eu já estava de cabeça quente. — Eu não vou prolongar, nem fazer cerimônia até porque eu não curto. Vitória tá sentando pro teu amigo.

"Vitória tá sentando pro teu amigo" eram palavras que eu não conseguia digerir direito. Eu estava tentando entender que porra era aquela. Vitória tava me traindo, isso eu consegui digerir mas o amigo ainda estava bombeando na cabeça. Eu apertei com força o volante — Com quem? — mal consegui pronunciar de tanto que eu apertava aquele volante.

— Bernardo.

Eu soquei o volante com força. Não era possível que esses dois filhos da puta tinham feito isso por trás das minhas costas. O pior, é que eu gostava dessa filha da puta. Meus olhos se encheram d'água. Eu quis ir lá e socar a cara do Bernardo o bastante pra deixar ele levar uns pontos. — Foi com ele que ela dormiu ontem, que ela vem satisfazendo os desejos sexuais dela quando vocês brigam. É com ele.

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